Eu não queria que ela me visse naquele estado. Eu já estava me sentindo mal
por ser tão irresponsável e não me controlar nem um pouco para não
prejudicar o bebê. Tinha um pouco de sangue na minha calcinha, o que me deixou ainda mais apavorada. Eu sabia que aquilo podia ser um problema, já que eu estava sentindo dores, mas já estavam passando, então resolvi não dizer nada sobre aquilo.

- Pelo amor de Deus filho, fica quietinho aí. Não assusta a mamãe não. - Falei, alisando minha barriga e sorri quando o senti mexer. Ele parecia bem. Eu queria acreditar que estava. Abri a porta do banheiro e Sabina olhou para minha barriga como uma maníaca.

- Você tá bem? Vomitou? Tá sentindo alguma dor? - Ela perguntou meio
desesperada me alisando e eu sorri.

- To bem. Só estava enjoada. - Falei e ela respirou aliviada.

- Tem certeza? - Perguntou receosa.- Se quiser nós vamos ao médico.

- Não. Tá tudo bem. - Falei e ela me abraçou beijando minha testa.

- Tá mais calma? Vamos pra minha casa. Não tem mais clima pra ficar aqui. – Ela disse e concordei. Nos despedimos das pessoas e saímos dali com Isabela, minha mãe e Nour. Izzie já tinha ido embora e agradeci mentalmente por não ter visto seu rosto sínico de novo.

...

- Oi amor - Sabina falou animada passando pela porta cheia de bolsas.

- Oi o cassete. Onde você tava? - Perguntei e ela franziu a testa.

- Tá de mau humor, é? - Selou nossos lábios rapidamente e sentou na cama. - Fui comprar umas coisas.

- Por que não me levou? - Falei, já nervosa. - Eu fico presa aqui. To me sentindo um passarinho na gaiola. To enjoada. Cansada dessa vida de dor.

- Ué, você quer esconder a gravidez. Se sair na rua vão ver sua barriga. - Ela disse alisando minha coxa.

- As pessoas já sabem que tem algo acontecendo. Não me importo mais.

- Então tá. Mas isso vai ficar confuso para as pessoas. Alex falou que quando a gente resolvesse falar sobre isso era pra ser em uma entrevista juntas. Mas falamos disso depois... - Ela pegou a bolsa e jogou tudo em cima da cama. - Eu estava no shopping e vi isso na vitrine de uma loja de bebês. - Ela disse estendendo um macacão minúsculo de Panda. - Eu estou ansiosa demais pra
vê-lo usando isso.

- Que lindinho! - Falei cheirando a roupinha. - Você devia ter me chamado.
Queria comprar roupinhas também. - Falei olhando as outras roupinhas.- Esse vestido é pra Isa?

- Sim. - Sabina se levantou e foi até a porta gritar por Isabela. - Ah, meu Deus! - Sabina falou olhando para Isabela entrando no quarto só de calcinha e com o meu salto nos pés. - Mas tá uma modelo linda.

- Olha o que a mamãe comprou.. - Falei e Isa pegou o vestido da minha mão o analisando.

- Gostou, meu amor? – Sabina perguntou beijando o rostinho de Isabela e cheirando seus cabelos.

- Sim. – Isa respondeu jogando o vestido na cama. - Que isso? É meu? - Ela perguntou pegando nas roupas do bebê.

- Não. É do seu irmãozinho.. - Sabina falou tirando a roupa da mão da menina. Isa ficou olhando séria para Sabina, mas ela pareceu nem perceber.

- Vem cá, amor. - Falei para Isa, mas ela não deu a miníma e se sentou no chão.

Ela agia assim ultimamente. Tinha dias que simplesmente se recusava a falar comigo, o que estava desenvolvendo em mim um sentimento de rejeição. Ela estava ainda mais apegada a Sabina. Tinha voltado a fazer suas birras, e eu sabia que isso era resultado da minha gravidez. Sabina dava mais atenção a mim e o bebê, e Isa estava se sentindo esquecida.

Sabina ficou brincando com minha barriga por tempo, pois o bebê parecia estar bem agitado. Aquilo me deixava um pouco com falta de ar, mas adorava ver Sabina toda animada quando ele se mexia lá dentro.

Isabela continuou sentada no chão brincando com seus brinquedos e as vezes podia perceber seus olhares estranhos que até pareciam tristes.

- Ahhh não meu amor, não dorme! Volta aqui! – Sabina reclamou tentando
chacoalhar minha barriga quando o bebê pareceu ter se cansado de ficar mexendo pra ela.

- Já falei pra não mexer minha barriga assim que me da enjoo. - Falei e Sabina riu.

- Desculpa. - Ela disse me dando um selinho e voltando sua atenção a minha barriga. - Coloca a mão aqui, Isa. Ele gosta mais da suas mãozinhas.

- Não. - Isa disse sem olhar para Sabina.

- Para com isso Isa. Vem cá - Sabina chamou de novo, e Isaba parecia fingir não ouvir. Ela simplesmente se levantou e saiu dali. Sem nem nos olhar. - Isa tá com essa birra de novo.

- Vai falar com ela. - Falei e Sabina franziu a testa.

- Falar o que?

- Falar com ela, Sabina. Conversar. - Falei e Sabina parecia mais confusa que nunca. - Isabela está com ciúmes do bebê. Você sabe que ela tá, só se faz de desentendida porque não tem muito o que fazer.

- Exato. Ela é criança.

- Ela é. Mas você precisa falar com ela. Vai - Falei, empurrando Sabina pra fora da cama.

- O que vou falar pra uma criança de três anos? Ela não vai entender.

- Se ela entendeu que tem um bebê na minha barriga e que uma hora ele vai
sair daqui e pode ser que tenha mais atenção, ela também pode entender que não precisa ficar assim porque não vai ser trocada. Você é mãe dela. Tem que começar a ter conversinhas com ela já cedo. - Falei e Sabina revirou os olhos se levantando da cama.

- Agora eu sou a mãe dela, não é? Você também é.

- Se você não percebeu, Isabela não está nem falando comigo. Até chorei ontem.

- Não fica assim, vai. Ela é um bebê ainda e tá mais manhosa agora que sabe que tá vindo outro. Tá fazendo manha demais. - Sabina disse e eu ri. Já havia percebido que Isabela estava mais manhosa mesmo, já que nos últimos meses estava fazendo Sabina até segurar a mamadeira pra ela.
Todos os dias queria dormir no meio de nós duas e Sabima só a colocava na cama dela depois que estivesse dormindo mesmo.

- Ela precisa conhecer pessoas. Precisa de amiguinhos. - Falei e Sabina franziu a testa. - Tem um parquinho muito bem arrumado no final do condomínio. Podíamos leva-la lá. Tem uns menininhos da idade dela pra ela brincar

- Não, obrigada. Não quero ela com "menininho" nenhum. - Sabina disse séria e eu ri.

- Para, Sabina. São só crianças.

- Não me interessa. Ela não tem idade pra brincar com menino nenhum. - Sabina disse emburrada e eu estava achando graça de seu ciúmes com a filha.

- Ok. Arrumamos garotinhas, então.

- Vou pensar. Se ela for boazinha comigo nós vamos lá. - Sabina falou e selou nossos lábios rapidamente. - Já volto. - Sabina disse saindo do quarto.

Fiquei ali no quarto arrumando aquela bagunça de roupas de crianças e brinquedos da Isa, mas logo voltei pra a cama pois estava sentindo cólicas fortes e muito dor nas costas. Talvez já tivesse passado da hora de contar a Sabina sobre essas dores horríveis que eu estava tendo, ou talvez já devesse ter ido no médico, pois poderia ser algo perigoso que estivesse
pondo em risco a vida do meu filho. Eu não queria deixar Sabina preocupada, pois estava dando muito trabalho a ela e isso fazia com que eu me sentisse mal. Ela estava sendo muito paciente. Tinha total paciência comigo e agia com a maior tranquilidade quando eu estava tendo algum ataque.

Me assustei quando vi uma pequena mancha de sangue no lençol branco na
cama, dessa vez mais do que pra mim parecia normal.

Marketing || SabianyWhere stories live. Discover now