I see forever in your eyes

Capítulo único

A luz só sol entrando pela janela e iluminando cada canto da casa de madeira não incomodou nem um pouco os olhos escuros do Lan mais velho. Sorrindo como um idiota, ele encarava o rostinho adormecido em seus braços com um sorriso apaixonado desenhado em sua boca.

O bico raivoso e de certa forma, manhoso, estava marcado por mordidas fortes e marcas vermelhas nos lábios rosados e inchados. Os ombros e pescoço fortes não estavam diferentes, com várias marcas de amor roxas e vermelhas. Mordidas como as de um animal no cio marcando território de seu abdômen para cima além de algumas outras marcas em suas pernas. Ele riu ao constatar que levaria uma bela bronca pela bagunça feita no corpo menor que o seu.

Mas ele não temia o outro, sabendo que um "eu te amo" o acalmaria na hora.

Os dedos deslizaram pelos fios negros como a noite com cuidado, agora sem nenhum coque o prendendo, bagunçados e suados pela "brincadeira" iniciada na noite anterior. Ele adorava tocar os cabelos macios, sempre inventando desculpas para soltar o cabelo preto ou dizendo que queria pentea-lo. O cheiro de lótus ainda estava impregnado em cada fio, acelerando o coração do mais velho.

Jiang Cheng se mexeu um pouco, resmungando algo como "cala a boca" com um sorriso ladino nos lábios. Outras palavras como "baobei" e "Lan Huan" eram proferidas com afeto em seu timbre, aquecendo o coração apaixonado do Lan. Não era incomum ele resmungar seu nome durante o sono, mas ainda sim, era mágico saber que seus melhores sonhos o envolviam.

Os dígitos longos tocaram as marcas profundas de dentes na pele macia, afundando em cada pequena marquinha e então descendo para a cicatriz no peito forte, a carícia era tão leve que mal podia ser sentida pela pele quente do líder de seita. O extremo cuidado de Lan Xichen era exagerado na maioria das vezes, mas isso por que ele amava seu parceiro e tia machuca-lo com sua força.

Quando tocou a ponta da cicatriz sua mão foi segurada, ele sorriu quando olhou para o rosto do amado, dando de cara com as íris roxas que tanto amava. Os dedos das mãos se entrelaçaram com carinho.

"Acordei você?" O Lan questionou acariciando um de seus dedos com o polegar. Jiang negou com a cabeça, sorrindo bobo.

"Não, não acordou. Mas preciso voltar para casa" Avisou, os olhos se fixando nos de Huan.

Casa, essa era uma palavra estranha para se referir a sua seita. Aos poucos seu incômodo diminuiu quando ele fez as pazes com o irmão mais velho, mas ainda sim, faltava algo lá. Faltava alguém, faltava Lan Huan.

"Fique aqui" O Lan pediu manhoso, esfregando sua testa na de Cheng. O homem riu com o jeito mimado do amante e pensou se não era culpa dele o homem ser assim. O tão frio e irritado Jiang Cheng podia ser muito paciente e carinhoso com a pessoa que amava.

"Tenho responsabilidades, Lan Huan" Ele sorriu, apertando o nariz gordinho do amado e acariciando sua bochecha com afeto "Não posso ficar aqui transando com você todos os dias."

Ele engoliu em seco com o sorriso malicioso que se desenhou nos lábios de Lan Huan. Certo, já deveria ter se acostumado, mas ainda era surpreendente que ele fosse tão lascivo.

"Então, acho que não tem problema aproveitarmos um pouco antes de você ir embora."

Uma das coisas que Jiang Cheng havia descoberto após começar a se envolver com o amante era: de santo ele não tinha nada. Quase ria quando se referiam ao amado como uma pessoa pura, não imaginando o quão pervertido ele era, que gostava tanto de ser dominado quando dominar. Um verdadeiro devasso entre quatro paredes.

E Cheng nunca reclamou.

Entre os dois havia uma certa "competição" de quem era mais pervertido ou sem vergonha e por enquanto, Lan Xichen ganhava avidamente de Jiang Cheng. Foi ele que o beijou na boca quando o homem finalmente teve coragem de se declarar, foi ele que disse o primeiro "eu te amo". Foi ele que o abraçou suas noites solitárias e foi ele que o incendiou de paixão e prazer durante uma noite de tempestade. Ele sentia-se sortudo por ser o único a ver esse lado.