05: Um tapa vale mais que mil palavras

Depuis le début
                                    

No entanto, algo não mudou: Zoro nunca ia atrás de ninguém.

Seu último lance casual foi com Monet e também foi o que mais durou. Nenhum deles estava à procura de algo sério, gostavam de beber e eram compatíveis na cama. Ela tinha um humor mordaz que o divertia e nenhum dos dois faziam perguntas inconvenientes demais que pudesse acabar com o bom clima da conversa. Com o passar do tempo, mesmo os encontros não sendo tão frequentes, Zoro começou a estudar a possibilidade de eles terem algo mais permanente.

Mas de repente Monet começou a se comportar estranha sempre que Zoro fazia referência a pequenas histórias do seu dia-a-dia, principalmente se Sanji estivesse envolvido no relato em questão. As vezes era um franzir nos lábios ou uma batucada insistente de suas unhas longas contra a mesa. O estopim foi Monet pedir que Zoro escolhesse entre ela e Sanji. Nunca houve oportunidade para Monet e Sanji se conhecerem pessoalmente, apenas sabiam da existência um do outro por meio de fotos que Zoro forneceu, mas ainda assim ela apresentou uma peculiar animosidade em relação a Sanji.

Apesar da ligeira pretensão de namorá-la, escolher foi mais fácil do que Zoro imaginou. Logo após isso Zoro entrou em mais um período de não sair com ninguém, casual ou não. E, bom, não era tão ruim ficar solteiro. Sanji era solteiro há mais tempo do que se lembrava e não parecia sofrer, nem parecia se sentir menos humano por causa disso. Os dois poderiam ser solteiros juntos e aproveitar a companhia um do outro no tempo livre quando seus outros amigos estivessem ocupados com suas vidas de casados. Ou, no caso de Luffy e Usopp, em suas vidas de jogadores profissionais de e-Sports.

E Zoro permaneceu firme em sua decisão até que ganhou uma infeliz perseguidora.

*

A academia de ginástica Wano não teve um único período de escassez de clientes desde sua inauguração a dois anos atrás. Zoro não trabalhava lá integralmente, já que seu trabalho principal era ser o instrutor físico do time de basquete regional e por isso precisava ter alguma liberdade para reorganizar sua agenda quando as viagens com o time eram marcadas. Mas sempre que estava na cidade, após sair dos treinos ou em seus dias livres, aparecia para auxiliar do jeito que precisassem dele lá. Era um privilégio obtido por Zoro ser amigo de Yamato, o dono da academia, desde a época que começaram o curso de Educação Física. E apesar de não falar com todas as letras, Zoro gostava de trabalhar na Wano.

Havia algumas eventuais dificuldades, entretanto. A academia logo se tornou conhecida e isso trazia diariamente uma quantidade considerável de interessados. Zoro não via problema em estar responsável por supervisionar quatro ou mais clientes, mas isso também significava uma maior possibilidade de aparecer alguém interessado nele. Não que Zoro se achasse irresistível, ele nem ao menos entendia o porquê de ter tanta gente atraída assim por sua pessoa. De seu ponto de vista, ele era apenas um homem desinteressante com uma expressão facial de ex-detento que herdou de seu avô paterno. Certamente não era pelo seu corpo, afinal na academia mesmo tinha diversas pessoas mais fortes que ele ou que possuíam uma personalidade mais cativante, como o próprio Yamato.

Enfim, tendo ou não justificativa para isso, o fato era que surgiam pretendentes vez ou outra. Para seu alívio, entretanto, naquelas últimas semanas tinha aparecido bem poucos que arriscaram uma abordagem direta e Zoro dispensou a todos com um tom de agradecimento que julgou ser suficientemente cordial. Ou pelo menos usou o mesmo tom de quando treinou com Sanji para aperfeiçoar o modo como rejeitava, pois sua antiga forma de falar resultava em muitos socos das pessoas que se declaravam, e as mais irritadas tentavam chutar suas partes sensíveis. Não era um bom cenário.

Zoro grunhiu quando uma voz aveludada chamou seu nome. Era a voz que vinha lhe atormentando há dias, sem demonstrar sinais de cansaço. Zoro gesticulou para a próxima máquina que o senhor que estava vistoriando deveria ir quando acabasse as dez repetições de crucifixo e só então se virou para dar atenção a mulher que se exercitava ali perto. A longa trança loira repousava sobre o ombro e ela vestia um conjunto de poliamida vermelho que combinava com a cor dos tênis.

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