[1] Entre traições, cartas e laços.

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No ano anterior terminou o ensino médio aos trancos e barrancos, trabalhou no quiosque dos pais desde os 15 e agora com 19 anos estava prestes a arrumar um emprego de forma independente e se tudo saísse como o planejado, logo logo entraria na faculdade de ciências sociais.

No fim daquela tarde ㅡ quase noite ㅡ o garoto deu mais um mergulho, aproveitado das ondas altas para surfar e esfriar a cabeça, precisava acordar bem para que sua tão esperada entrevista de emprego desse certo.

"Céus, eu estou tão animado que não consigo me conter, é como se fosse explodir de felicidade. Pequenas coisas me deixam feliz e isso com certeza fez meu dia. Não quero soar egocêntrico mas tenho certeza de que sou a pessoa mais contente dessa cidade" pensou consigo mesmo antes de dormir. "Sou tão grato a tudo, talvez seja meio precipitado, mas realmente sinto que agora as coisas na minha vida vão andar, nem que seja para trás."

E talvez você julgue essa narração como algo corrido e desesperado, mas eu, assim com González gosto de imediatismo, os detalhes são importantes, claro, mas dispenso enrolação; como por exemplo citando sua cara inchada ao acordar ou a forma como naquela manhã seus cabelos ondulados estavam perfeitamente alinhados e bonito; não, eu prefiro lhe contar logo sobre a forma como contou animado aos familiares que iria a uma entrevista de emprego, a forma como seu irmão Deku, sorriu orgulhoso dizendo ter "o melhor irmão de todos". Detalhes são gostosos e recheiam a experiência da leitura, mas eu particularmente gosto de tirar o que não convém.

No outro canto da cidade mesmo, Taehyung corria contra o tempo para ir do Vidigal, onde morava, até São Conrado para realizar suas sessões de tarô. Normalmente buscava manter a agenda fechada no mesmo dia em cada bairro, para não precisar ficar correndo de um canto para outro, assim como também trabalhava em um barzinho em Ipanema. De toda forma lutava por um dinheiro a mais no fim do mês, a vida não estava sendo fácil e nem sempre é, a menos que você seja sustentado pelos pais, aí sim, sua dívida bancária é descontada em doses ácidas de saúde mental.

ㅡ Qualé Bê, fala sério, não vou me submeter a ser seu cerimonialista, já é seu segundo relacionamento, e daqui uns dias posso me candidatar a vaga de casamenteiro de tanto celebrar essas coisas. ㅡ Felipe reclamou gesticulando, jogando a mão direita para direita e com a esquerda colocou os fios de sua franja atrás da orelha. De certa forma, a linguagem corporal era seu forte, se expressava melhor se movendo.

ㅡ Você vai sim. ㅡ A garota insistiu mais uma vez, mostrando que o garoto não tinha escolhas. Seu semblante foi de relaxado a ranzinza, franzindo as sobrancelhas e lhe lançando um olhar autoritário. — Se não, te jogo pra dormir na casinha do cachorro.

ㅡ Se manca garota, eu quem aluguei esse duplex, sua encostada.

A relação deles se resumia dessa forma. Em suma era muito boa, mas do jeito deles, sem melosidade ou papas na língua, se irritavam o dia todo e no final do dia ainda eram os mesmos bobões de sempre, mesmo se insultando ou discutindo. Felipe no caso, estava arredio, não queria que Belinda se mudasse tão cedo, estava tão adepto a irmã mais velha que se sentia trocado, mesmo entendendo que agora seu relacionamento com Celine havia tomado um rumo mais sério. Estavam prestes a oficializarem a união estável em uma cerimônia ㅡ pouco ㅡ formal, no jardim da casa dos pais de Celine, com direito a Taehyung como cerimonialista, Kim de padrinho, Blanca, amiga de Satore, como madrinha e só faltava uma parte importante, quem entraria com as flores. Essa parte ainda estava sendo disputada entre Benjamin e Solária, um jovem de 19 anos que se portava como uma criança e uma criança de 11 anos que se portava ainda pior, ambos birrentos e bem decididos.

Romantizo. [taekook]Where stories live. Discover now