12. Shoto

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A escola estava um caos. Murmúrios enchiam a sala como um enxame inquieto, e ninguém conseguia se concentrar. O professor acabara de anunciar que o Festival de Esportes da U.A aconteceria mesmo após o ataque à escola. Era como jogar gasolina no incêndio emocional que já estava consumindo metade dos alunos
O Festival de Esportes da U.A não era apenas um evento escolar. Havia se tornado um símbolo nacional, uma tradição tão importante que substituía as antigas Olimpíadas do Japão. Depois que superpoderes surgiram no mundo, os jogos olímpicos comuns perderam relevância - como competir força humana quando existe alguém capaz de levantar caminhões ou correr mais rápido que o som?

Assim, o governo e as grandes agências de heróis transformaram o Festival em um espetáculo oficial, transmitido ao vivo para o país inteiro. Crianças sonhadoras assistiam para escolher seus ídolos; civis assistiam para torcer por novos talentos; e as agências - ah, essas assistiam com os olhos brilhando, buscando recrutar os futuros profissionais.

Ser destaque no Festival significava emprego garantido, fama, patrocínio e portas abertas para qualquer carreira heroica. Mas, para quem não queria a luz dos holofotes... era uma tortura.

Suspirei, cansada até a alma. Parecia que todo o tumulto da sala tinha grudado em mim como poeira. Eu realmente não queria participar. Sabia que, para muitos, aquilo era o primeiro passo rumo a uma carreira brilhante como herói; era o momento de provar valor, de se mostrar ao mundo... Mas, sinceramente? Isso nunca foi o que eu buscava.

Ser popular, ganhar dinheiro, ser reconhecida... nada disso me importava. Tudo o que eu sempre quis era paz.
E sim, eu entendia a contradição: estudar para ser heroína não era exatamente um caminho tranquilo. Mas havia algo dentro de mim - um peso, uma dívida silenciosa - que me puxava para essa vida. Eu devia algo a Hawks, e por isso eu estava ali, na U.A. Era medíocre? Sim. Talvez até patético.

Tantas pessoas fariam qualquer coisa para estar no meu lugar, e mesmo assim... aqui estou eu, querendo fugir.

Enquanto me perdia nesses pensamentos, percebi a Uraraka gesticulando animada na frente da sala. Ela falava sobre treinar duro, sobre se esforçar até o limite, mas fazia umas caretas tão engraçadas que por um momento até esqueci meus problemas.

Será que ela estava bem da cabeça?

- Ei! - Uma voz explosiva cortou meus devaneios. Levantei o olhar e encontrei Bakugou, já irritado como sempre. - Tô falando com você!

- O quê? - pisquei rápido, surpreendida. - Eu estava distraída.

- Claro que estava - ele sorriu daquele jeito travesso que prometia confusão. - Tá com ciúmes da cara redonda? Ela tá toda animadinha falando com o Deku.

- E o Iida - acrescentei, cruzando os braços, já irritada. - O que você quer, Kacchan?

- Eu tô animado com o Festival! - declarou com um sorriso feroz que parecia uma ameaça. - Vou explodir todo mundo! Inclusive você. Então não pensa que eu vou pegar leve.

- Tenho certeza que você vai ficar em primeiro - respondi com sinceridade. Ele franziu a testa, desconfiado. Então completei: - Porque eu não vou participar.

- QUE!? - o grito dele fez metade da sala virar o pescoço. - Como assim você não vai participar!?

- COMO ASSIM!? - alguns colegas repetiram em coro.

Senti o rosto esquentar.
- Eu só... - cocei a nuca, sem jeito. - Eu só não quero.

Uraraka se aproximou com aquela expressão ainda meio estranha que ela estava fazendo hoje.
- Mas Takami, é uma oportunidade incrível! Vamos nos destacar! Ganhar propostas de agência! Esse evento é basicamente o substituto das olimpíadas!

Asas Para AmarDonde viven las historias. Descúbrelo ahora