37 | Refén

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No saguão de entrada havia uns poucos retardatários, todos saindo do Salão Principal depois do café em direção às portas duplas de carvalho da entrada, para ir assistir à segunda tarefa. Ficaram olhando Harry passar correndo e mandar Colin e Dênis Creevey pelo ar ao saltar os degraus de acesso aos jardins ensolarados e frios.

Enquanto corria pelos gramados, viu que as arquibancadas que tinham rodeado o picadeiro dos dragões em novembro agora estavam dispostas ao longo da margem oposta do lago, quase explodindo de tão lotadas, e que se refletiam nas águas embaixo; a algazarra excitada dos
espectadores ecoava estranhamente pela superfície das águas enquanto Harry corria pela outra margem do lago em direção aos juízes, sentados a uma mesa coberta com tecido dourado.

Cedrico, Fleur e Krum estavam parados ao lado da mesa, observando Harry se aproximar correndo.

- Estou... aqui... - ofegou Harry, derrapando na lama ao parar e, acidentalmente, sujando as
vestes de Fleur fazendo-a resmungar.

No meio de toda aquela algazarra e animação, Draco Malfoy estava em pé com suas vestes pretas e elegantes, o binóculo trêmulo em sua mão confessava que ele estava preocupado com a companheira que havia desaparecido logo após ser deixada pelo mesmo da porta de sua Comunal. Na cabeça paranoica do loiro havia duas opções que explicavam o sumido da ruiva, resolveu as ignorar.

- Não achamos. - Murmurou Goyle ofegante. - Perguntamos a todos da Grifinória.....

- Indiretamente é claro. - Disse Blasie Zabine comendo algodão doce.

- Ninguém viu ela. - Terminou Grabble.

- Maldição. - Disse Draco voltando a olhar o binóculo.

O lago estava tão frio que Harry sentiu a pele das pernas arder como se estivesse no fogo e não na água, à medida que ele foi se aprofundando no lago; agora a água lhe batia pelos
joelhos, e seus pés, que rapidamente perdiam a sensibilidade, escorregavam pelo lodo e pelas pedras chatas e limosas. Harry mastigou o guelricho com mais força e pressa que pôde; era
borrachudo e viscoso como tentáculos de polvo. Com a água gélida pela cintura ele parou, engoliu a erva e esperou que alguma coisa acontecesse. Ouviu os espectadores rirem e concluiu que devia estar com cara de idiota, entrando no lago sem dar sinal algum de poder mágico. A parte do seu corpo ainda seca se encheu de arrepios; semi-imerso na água gelada, uma brisa impiedosa levantando seus cabelos, Harry Potter começou a tremer violentamente. Evitou olhar para as arquibancadas; as risadas estavam mais altas e ele ouvia assobios e vaias.

Então, inesperadamente, Harry teve a sensação de que uma almofada invisível estava cobrindo sua boca e seu nariz. Ele tentou respirar, mas isto fez sua cabeça girar; seus pulmões
se esvaziaram e ele sentiu uma dor súbita e lancinante dos dois lados do pescoço... Harry levou as mãos à garganta e sentiu duas grandes aberturas abaixo das orelhas
abanando no ar frio... ganhara guelras. Sem parar para pensar, ele fez a única coisa que lhe pareceu ajuizada - se atirou no lago.

O silêncio pesou em seus ouvidos ao nadar por uma paisagem estranha, escura e enevoada.

Só conseguia ver três metros ao redor, por isso à medida que se deslocava novos cenários pareciam surgir repentinamente da escuridão à sua frente; florestas ondulantes de plantas
emaranhadas e escuras, extensões de lodo coalhadas de pedras lisas e brilhantes. Ele nadava cada vez mais para o fundo e para o centro do lago, os olhos abertos, espiando, através da misteriosa claridade cinzenta que iluminava as águas, rumando para as sombras além, em que as águas se tornavam opacas. Pequenos peixes passavam velozes por ele como flechas prateadas.

Diário de uma Weasley Onde as histórias ganham vida. Descobre agora