Pontos e linhas

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O salão principal agora parecia cheio, mas não algo como uma inundação de pessoas, mas sim de cores. Alguns desenhos como raízes que ligavam todo o tronco exposto de uma pessoa ou outra, enquanto que outras eram vestidas por flores ofuscantes, pontos e linhas abstratas.

Uma tentativa inovadora de misturar bebida com mais bebida para que o quente e o frio coubessem juntos despejados dentro de um único shot. Surpreendente, mas atrativo o suficiente para levá-lo a ser ingerido consecutivamente entre um suspiro e outro. Ou talvez entre um beijo e outro.

 Todos nós podemos concorda8r que a coisa só melhora quando incendeia e não ironicamente, se alguém voltasse daquela festa inteiramente sã, limpo, definitivamente não teria aproveitado o que aquele espaço tinha para oferecer. Qual é.. quem é que apostaria baixo numa oportunidade tão boa como essa? O que você não faria entre quatro paredes que você não pudesse fazer num ambiente escuro e fervo?

- Você cai bem assim! - Simon fala sorrindo enquanto dançava frente a frente de Wilhelm, ambos rodeados de corpos seminus, soados e ofuscantes. O loiro sorri um pouco mais do que já estava.

- Sem camisa no meio da multidão? Você gosta? - Ele dá um passo para frente, ficando mais próximo ainda de Simon, que agora tinha seus braços ao redor de Wilhelm, enquanto ambos sorriam bobos mais uma vez.

- Você é péssimo! - Ele grita contra o som alto.

 Era mais uma vez aquela maldita eletricidade e aquele maldito sorriso que eles trocavam, só para eles. E era inevitável que aquilo ocorresse sem que os atraíssem até o fim, até a menor distância que poderiam manter entre um lábio e o outro, levando-os a finalmente se encontrarem da maneira mais perfeita estabelecida no encaixe que tinham.
 O beijo começou a se intensificar, tornando um simples trocar de carícias em uma enorme bola de neve. Agora eles não poderiam mais parar, não até que aquilo fosse resolvido e que fosse ali mesmo ou entre quatros paredes. Seria caso eles não dessem uma fuga rápida até o banheiro que ficava no final do corredor.

 As mãos anteriormente entrelaçadas, evitando que um deles se perdesse no caminho enquanto corriam entre as pessoas como se disputassem uma corrida boba, agora exploravam cada mínima curva encontrada no corpo um do outro. Talvez eles estivessem certos e estivessem correndo contra o tempo, ou contra eles mesmos e agora nem sequer importava isso, ou também a tinta amarela que brilhava pontos e linhas desajeitadas no peito Wilhelm. Simon fez questão de analisar cada um daqueles malditos pontos e linhas antes de espalhá-los inquietamente.

- Tome cuidado com esses desenhos. - Ele fala em suspiros desesperados.

- Poderíamos ter conversado sobre eles antes. - Simon sorri, fazendo um caminho de beijos de volta aos lábios molhados de Wilhelm.

 O loiro sorria entre o beijo, estava prestes a perder o pingo de controle sobre si mesmo, então seu coração começou a apertar. De um jeito ruim.

- Que foi? E se eu quiser ter um relacionamento com ele? Não ter que falar nada, levar uma vida normal.

- Você é o príncipe herdeiro.

Então seu coração apertou mais uma vez.

- Desde quando você sabe?

- Soube há poucos dias.

- Como...

- Wilhelm...

- Se você já tava sabendo, por que não me contou nada?

- Porque eu já sabia qual seria a sua reação. Não ganhamos nada levando isso a público. Já dissemos que não é você no vídeo e vamos manter isso!

- Ele não devia ser punido? Ele destruiu a porra da minha vida! Eu não entendo o porquê você tá protegendo ele...

- Eu estou protegendo você! Protegendo nossa família, protegendo a família real e o nosso legado!... Essa é a única coisa que pode dar sentido a morte do Erik...

E ele lembrou de cada mísera palavra proferida, cada uma delas que atingiu naquele mesmo peito que agora ela dominado por Simon.

- Você é o único que pode assumir o trono depois do Erik, você compreende isso? 

Ele suspirou. Simon percebeu, mas não era pela sua cabeça que aquelas palavras estavam vindo à tona.

- Você é jovem, quando nós somos jovens, o amor parece ser a coisa mais importante no mundo.

Ele poderia ter tentado dessa vez. Ele poderia e ele não tentou.

- Você deve se perguntar "será que vale a pena?"... - Ela supôs e ele se deixou ser levado.

Será que vale a pena?

- Mesmo que ache que a atenção que recebeu até agora é inaceitável, ela não é nada comparada ao que você terá que suportar pelo resto da sua vida.

 Então ele enfraqueceu. Ele correu, tropeçou, despedaçou. Mesmo que tudo estivera indo bem, porque realmente estava, a parte que a rainha ainda fazia parte de seus problemas era inevitável. E ele só queria poder evitar aquilo por um segundo, porque um segundo era tudo que ele queria de paz ao lado de Simon. E Simon, mais uma vez, percebeu isso.

 Ele não tinha um lugar para ir, nem uma pessoa para acolhe-lo, nem um tempo para pousar e, apesar dessas circunstâncias, ele correu. Ele procurou entre os carros movimentados na estrada, as árvores estranhamente agitadas e na sombra que o segurou ali mesmo, quando ele estremeceu.
 Talvez essa fossa mais uma vez em que ele poderia tentar, porque ele realmente poderia. Mas não tentou.


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Mais tarde será postado mais um capitulo, que é um complemento/bônus.
Estamos na reta final, haverá uma surpresa assim que eu publicar o último capítulo e concluir a história de fato. Estão gostando?
Vejo vocês por aí!

𝐖𝐨𝐮𝐥𝐝𝐧'𝐭 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐛𝐚𝐜𝐤|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora