Coração Tocável (EM BREVE)

PRÓLOGO

Tudo acontecera como a fada havia determinado. O príncipe Eric encontrara a garota em seu baile de dezoito anos e ali eles se apaixonaram. Era inevitável, pois mesmo que a profecia não houvesse sido por uma fada redigida, o destino já cruzara as linhas de suas almas e eles se encontrariam.

A partir de então, a escuridão que consumia o seu coração fora detida pela luz que emanava daquela menina. Assim, a maldição havia sido quebrada e, agora, o coração em que antes habitava o silêncio, entoava sentimentos quando a via.

Com dois corações em completa sintonia e a magia contida nos dois colares, a última parte da profecia haveria de se realizar. A bruxa de Garden teria o seu fim, provando, assim, que não era invencível. Uma fada especial tem o poder de trazer, uma única vez, alguém de volta a vida, assim como lançar uma profecia e confundir um destino pré-estabelecido. Por isso, o que ali aconteceu, sequer o destino previu.

Naquele vasto campo, em meio a espadas, sangue e criaturas demoníacas, o coração, que tanto lutou para reviver, outra vez foi atingido. E diferente de quando fora apenas um bebê, seria irreversível. O príncipe Eric morreria, e sua amada, não acreditando no que via e sem encontrar outra saída, selou ali o ato.

Anelise deu seu suspiro pelo dele, e essa prova de amor foi mais forte que a bruxa que protagonizara todo o terror e má sorte.

De longe, ele observava o príncipe suplicar pela vida de sua amada, caída em seus braços. Tamanho era o sentimento de incredulidade que o tomava, afinal, ele não mais sabia o desfecho daquela história até o assistir. Sim, ele estava surpreso. E admirado. De tal forma que não se conteve e desceu do alto monte onde, antes, observava a guerra e o sangue de muitos sendo derramado, para então contemplar de perto aquela cena.

Próximo ao casal um vento forte soprou, com ele se levantou a poeira do chão e misturou-se junto com folhas que ali flutuaram, criando um pequeno redemoinho. Ao cessar, uma figura masculina surgiu. Extremamente alto, de pele escura e uma beleza que arrebataria a todos ali, acaso pudessem vê-lo. A forma que escolhera quando descia a terra, mesmo na ocasião tendo optado por que não o enxergassem. Ninguém imaginava ou imaginaria que o próprio destino estava ali a admirar aquele ato final.

Ele estava fascinado com a atitude daquela garota, maravilhado por tamanho sentimento que a envolvia a ponto de levá-la a tomar tal decisão. Assim como também se compadecia do jovem príncipe que, após ter encontrado a felicidade em meio a tanto sofrimento, perderia sua garota nesse plano físico.

Ele não podia mudar tal desfecho, não fora arquitetado por ele. Mas podia escrever um novo roteiro. E antes que desse as boas vindas no segundo plano àquela alma que por outra e por conta própria havia a ele se entregado, decidiu que os faria viver sua história de amor em vida outra vez.