Capítulo 1 - Órion

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- Não se vá, ainda é cedo, precisamos conversar, por favor.

- Não temos nada para conversar, eu nem te conheço e nem tenho idéia de que seja ou se realmente é real.

- Como pode dizer que eu sou um desconhecido? Sendo que vem até à essa floresta frequentemente para me observar? Sempre estive aqui, mas me parece que você não percebia. -questionou ele inconformado.

- Eu não entendo o que você está dizendo, quem é você realmente?

- Eu sou Órion. Umas das estrelas mais brilhantes do céu.

- Estrela!? Você só pode ser maluco, isso não faz nenhum sentido, eu não acredito em você.

- Eu estou dizendo a verdade, você não precisa acreditar, se quiser, mas entenda que nessa vida nem tudo precisa ter sentido. -insistiu o garoto em sua defesa.

- Eu... eu preciso ir embora, eu estou muito confusa, não sei o que dizer diante de tudo isso, nunca vi algo tão misterioso e tão estranho durante toda a minha vida.

A garota tentou se retirar, mas o jovem Órion a deteve, puxando-a para mais perto.

- Não se vá, por favor, ainda é cedo.

- Me solte, eu preciso mesmo ir. -a jovem tornou a repetir.

- Você só poderá ir embora depois que eu lhe der algo, daqui a pouco terei que retornar para o meu lar. -declarou Órion.

- Tudo bem, se você fizer o que deve ser feito, me deixará partir? -perguntou ela se sentindo insegura.

-Sim, mas antes preciso saber se você está preparada. -respondeu ele.

- Não sei do que está falando,mas acho que estou.

- Então feche os olhos. -pediu Órion.

Clarice obedeceu, temendo de que algo inesperado pudesse acontecer a qualquer momento, mas de repente se lembrou de que havia visto ele antes, em seus sonhos. Foi então que sentiu Órion se aproximar de seu rosto, tão perto que ela conseguia sentir sua respiração lenta. No momento em que os lábios deles se encontraram foi uma sensação maravilhosa para ambos, um arrepio percorreu todo o corpo da moça. Sentiam um calor agradável apesar do frio da noite, Órion passou suavemente a mão pelos cabelos dela e a puxou para mais perto, Clarice sentia que a qualquer momento poderia explodir como uma estrela.
De repente Órion colocou um colar em volta do pescoço dela, no meio havia uma pedra violeta radiante, brilhava intensamente. Clarice sentiu uma grande felicidade, mesmo não entendendo o motivo do presente, ou se era real, agradeceu.

- Muito obrigada.

- Não precisa me agradecer, recebi esse beijo como agradecimento.

- Me lembrei de você, sempre me visitava em meus sonhos.

- Agora eu preciso ir, chegou a minha hora de retornar para a minha casa. Eu sentirei saudades. Você tocou o meu coração.

- Você irá me deixar? -perguntou Clarice emocionada.

- Eu não irei te deixar, quando olhar para este colar que eu te dei se lembrará de mim, e parte de mim estará com você.

- Ainda nos veremos em meus sonhos?

- Infelizamente não. -respondeu ele triste.

- Eu não compreendo, por quê tem que partir?

- Eu não posso evitar, tenho que partir mesmo que eu não queira.

- Qual é o sentido? Ter e depois perder?

- Acho que o sentido é perder para ganhar, algum dia creio que nos encontraremos do outro lado. Eu te amo, Clarice...

- Eu também te amo... -disse ela enquanto o abraçava.

Órion foi desaparecendo lentamente de baixo para cima, e última coisa que sentiu foi o calor do corpo dele antes de desaparecer. Ela olhou para o céu e viu a estrela novamente em seu lugar, ficou em dúvida se tudo aquilo realmente havia sido real ou se era um sonho, mas passou a mão em volta do pescoço e se deu conta de que o colar estava lá. Clarice sorriu e percebeu que já estava quase amanhecendo, lembrou-se então da promessa que havia feito para sua mãe. Olhou mais uma vez para o céu e começou a correr. Correu tão rápido, que ao chegar em casa já estava exausta, caiu e sua cama e descansou. De repente sua mãe apareceu.

- Clarice, você demorou muito!

A garota suspirou, demonstrando cansaço e respondeu:

- Eu confesso que demorei, mas voltei antes do amanhecer como havia prometido.

- Vou preparar um chá para você, parece estar muito cansada.

Clarice se sentiu bem e muito melhor após beber o chá. Sua mãe estava sentada ao seu lado, a observando com o olhar curioso é ao mesmo tempo encantado enquanto segurava uma vela acesa.

- Filha, quem te deu este colar?

Clarice hesitou, encarando a chama da vela que parecia dançar.

- Foi um moço, ele embora para longe, mas me deixou esse colar.

- Filha, sinto muito. É triste perder alguém que amamos.

- Sim mãe, mas eu não o perdi. Ele ainda está aqui, na minha memória e no meu coração. -disse ela e terminou de beber o chá.

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