12 dias até minha morte

Dia 5 ou algo assim

E todos erramos.

Depositar toda a felicidade dele em uma garota que ele conhece há alguns meses, sendo que ela sequer sabe tudo que ele está passando, esse seu pensamento constante de que pode "morrer" a qualquer segundo (Por mais que todas as escritas sobre isso sejam extremamente sérias, eu ainda não acredito. Não é possível que alguém saiba a data de sua morte.).

Se apaixonar é incrível. Eu sei bem, já passei pela mesma coisa. Porém, se apaixonar não quer dizer depositar todas as suas forças em uma pessoa, mas sim dividi-las.

Você, que está lendo, seja o Lucas ou alguém aleatório, sempre se lembre disso: amar nunca é sobre se fortalecer para outra pessoa, é sobre se fortalecer com esta pessoa.

Ao depender 100% de um ser, você acaba se machucando, achando que este alguém vai te salvar da sua dor ou sofrimento. Mas o único que pode fazer isto por completo é você mesmo, outras pessoas podem até te ajudar, mas sempre termina em você. Só você.

Uau, eu realmente me abri aqui né? Ai Deus, quando eu devolver este bendito caderno para o Lucas, já até imagino o que vou escutar: "Nossa, você é tão perfeita, que conselho incrível, quer me beijar não?".

Brincadeira, mas se ele quiser eu quero.

Tô bem saidinha né, vou me fazer de difícil, fuck Lucas.

Enfim, voltando a contar sobre meu dia:

Eu já passei algumas horas escrevendo nisso aqui, fazendo observações em outras partes do livro, lendo e relendo as coisas, imaginando cenários, enfim.

Agora já é praticamente hora do almoço, e como hoje é sábado, é meu dia de cozinhar!

Sabe, dividir as tarefas de casa com meu pai facilita muito minha vida. Passear com a Chubica, nossa pinscher, é muito mais simples quando eu vou dia sim, dia não. Aliás, queria defender a raça pinscher: ELES SÃO MUITO FOFINHOS E NÃO SÃO TÃO BRAVOS QUANTO VOCÊ PENSA! A Chubica nunca morderia alguém, ela não consegue morder nem uma mosca! Quer dizer, ela talvez pareça um diabo encarnado às vezes, mas nada preocupante.

Enfim, o quê você acha melhor para um almoço de sábado, macarrão com molho de tomate ou frango à parmegiana? Como você, leitor, não pode votar, vou fazer um bife à milanesa, já que eu faço o quê eu quero.

Aliás, essa coisa de falar com quem quer que esteja lendo isso é muito esquisita, o Lucas acabou me passando umas manias estranhas. Sei lá.

Vou fazer o almoço, esperar meu pai voltar e dançar samba. Já volto, diário que não é meu.

Olá de novo amiguinho! Foi uma ótima tarde, eu diria.

Ah, e o "já volto" foi bem longo viu, já são quase 23 horas e eu estou caindo de sono.

Eu realmente estou curiosa para saber como o Luquitas escreve andando (sim, ele escreve no diário enquanto anda pela escola), porque não pode ser só eu que sou incapacitada de fazer duas coisas ao mesmo tempo. Eu já surto quando tenho que sair correndo e passo a camiseta enquanto escovo os dentes, imagina escrever tudo que faço em tempo real?

Um resumo do meu dia: O almoço ficou ótimo, obrigada por escolherem o bife à milanesa de forma totalmente democrática!

Meu pai, ou melhor, Joaquim (é mais fácil chamá-lo assim às vezes para não ficar repetindo "meu pai", "meu pai". Viu Lucas, eu também escrevo bem haha), chegou do trabalho cheio de fofocas. Disse que a esposa do amigo iria ter um filho, o primo do tio do chefe dele estava com diarreia e algo relacionado a um incêndio na ala alimentar do escritório.

Queria comentar especialmente sobre esse incêndio, porque foi relativamente bizarro. Aliás, pelo que o Seu Joaquim (meu pai, lembrando), me contou, várias coisas estranhas estavam acontecendo hoje.