Prólogo

8.1K 460 33
                                    

Estou quase terminando de pegar umas frutas verdes das árvores, eu estava com fome e minha vozinha também estava.

As árvores estavam quase sem nenhuma fruta, e as que tinham estavam quase amadurecendo, mas ainda estavam verdes, não tinha como esperar amadurecer.

- Samanta, Samanta, Samanta!!!! - Escuto me chamarem.

Quando olho vejo que é Jujuba.

Mas porque ele está correndo dessa Maneira? Será que aconteceu alguma coisa?

- Oi Jujuba, fala - Disse me desesperando.

- Lupita está muito mal. Ela chama por você o tempo todo e está com febre.

- Ai papai do céu. - Sai correndo, levando as frutas que havia pego.

Quando cheguei vi minha avó suada e se contorcendo muito na cama.

- Calma Vovó, ainda temos Gengibre, para baixar sua febre - Fui abrindo a sacola que estava pendurada na parede.

Fervi a água e coloquei em cima de duas colheres de chá de gengibre, 1 colher de chá de flores de sabugueiro secas e uma colher de chá de hortelã numa xícara, deixando tampada por uns dez minutos.

Tentei levanta-lá e coloquei aos pouquinhos o chá na boca dela.
Ela tremia tanto, não entendia muito bem o que estava acontecendo com ela.
Só sei que ela estava com febre, então gengibre é ótimo para isso.

Durante o dia ela tomou várias vezes o remédio. Pois só uma vez não adianta.

Ela dormiu, graças a Deus.

Sai e me sentei em um tronco de árvore.

- Como sua avó está? - Perguntou Jujuba preocupado.

- Está bem Jujuba - Agradeci passando a mão no cabelo dele - Como você sabia que ela estava assim? Pois aqui as casas são muito longe uma das outras.

- É porque eu vim te ver.

- Me ver? Pra que?

- Para te trazer essa flor - Falou sem graça me mostrando uma flor linda.

- Que Linda Jujuba. - Peguei a flor e cheirei. - E cheirosa também.

- Sabe como é o nome dela?

- Não, como?

- Plumeria.

- Obrigada - Agradeci o abraçando. - Essa flor é linda, nunca vi ela com essa cor alaranjada, mas já vi das brancas.

- Consegui uma, perto do Rio vizinho.

- Nossa, é muito longe.

- Fui lá com minha mãe, pois ela queria lavar umas roupas e o Rio daqui está quase secando, então fui a acompanhando para não deixar ela ir só.

- Caramba, mais essa, o Rio secando. - Falei me desanimando.

- Mas quando chover ele enche novamente. Não se preocupe.

Jujuba é meu único amigo em Realengo, ele mora um pouco longe de mim, mas nunca deixa de me visitar, é como se fosse um irmão que eu nunca tive.

- Sam, Sam, Sam!!!

Escutei minha avó me chamando com uma voz fraquinha.

- Jujuba, tenho que entrar Dona Lupita está me chamando.

- Oi Vovó - Respondi - Como a senhora está? - perguntei me ajoelhando perto dela.

- Sam, cof cof cof

- Calma Vovó, a senhora não está em condições de falar. Vá dormir novamente.

- Sam, preciso falar - Parou por um momento e continuou - Não posso morrer sem dizer uma coisa para você.

- Vozinha, não fale em morrer, eu não quero te perder. - Falei desesperadamente a abraçando e chorando muito - Eu não quero ficar sozinha nesse mundo.

- Sam, você tem uma mãe.

O que? Uma mãe? Como assim? Sempre quis ter uma, mas até onde eu sei ela tinha morrido.

Acho que minha avó está delirando meu Deus, o caso está mais sério do que eu pensava.

Toquei na cabeça dela e me certifiquei se ainda havia febre, mas não, a Febre já tinha ido embora.

- Como Assim Vozinha? Ela não tinha morrido?

- Sam, me escute com atenção. - Ela olhou para mim - Sua mãe era uma mulher que só pensava em sair e se divertir, chegava com vários homens em casa, quando ela casou eu pensei que ela fosse melhorar, mas ela não melhorou, continuou saindo, farrando, então ela engravidou e se desesperou pois um bebê era algo que ela não esperava. Mas ela sempre sonhou em ser mãe, mas jamais eu deixaria você minha filha nas mãos dela --- e começou a chorar. --- Então, o parto foi difícil, quando o bebê saiu ela desmaiou, então peguei você e escondi.

- Mas vovó, e quando ela acordou? - Falei me entristecendo.

- Quando ela acordou, disse que você havia morrido. Ela pediu para ver a criança eu simplesmente falei que já havia te enterrado. Fiz um enterro de mentira para ela pensar que você estava lá embaixo. Depois ela entrou na faculdade e foi embora com o esposo dela e nunca mais a vi. Vim morar aqui em Realengo, pois aqui é o único lugar que ela nunca te encontraria. Espero que você me perdoe minha filha.

- Vovó, não se preocupe com isso agora, a senhora tem que cuidar da sua saúde, essas emoções não fazem bem.

- Sam, preciso do seu perdão. Não tenho muito tempo.

- Claro que tem tempo Vozinha, mas se é pra lhe deixar mais tranquila então está perdoada. Não se preocupe.

Eu tinha tantas dúvidas, tantas perguntas, mas não poderia fazê-las agora, ela não estava bem, em uma outra hora eu faço.

- Uma mãe, eu tenho uma mãe - Falei ao passarinho.

- EU NÃO ESTOU SÓ. - E sorri feliz

Um sentimento diferente (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora