Capítulo 1 - Máquina Chegando e Ativada

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Brasil, maio de 2030

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Brasil, maio de 2030.

Dois homens encapuzados correm por entre os escombros de uma cidade destruída. Quando vão cruzar duas paralelas que um dia formaram uma esquina, os homens param subitamente. E esperam. Uma patrulha cruza o céu, iluminando o chão, procurando por rebeldes. Após a patrulha se afastar, os homens encapuzados continuam sua corrida por entre as sombras, chegando até um prédio destruído. Um dos homens se aproxima de uma porta de vidro quebrada e pressiona um botão vermelho em sua lateral. A porta se abre. A porta de uma agência do Bradesco. Os homens adentram no espaço destruído e sorriem. A destruição da agência os agrada. No futuro, não há mais agências do Bradesco. Após se regozijarem brevemente, caminham entre os destroços e a escuridão, chegando à uma pesada porta de ferro. Um dos homens bate três vezes.

 - Quem é? - pergunta uma voz fraca por detrás da porta.
 - Somos nós - um dos homens responde - abra!
 - Qual a senha?
 - FRENTE AMPLA.

A porta se abre lentamente. Uma criatura, nem homem e nem mulher, nem adulto e nem criança, com cabelos dourados abundantes e cacheados, aparece rosnando e fica encarando os dois homens, que se recolhem assustados. Logo em seguida, uma mulher com cerca de cinquenta anos, loira e ainda bela, apesar de cansada e abatida, também surge.

- Está tudo bem, David Luiz da Deep Web, está tudo bem - a mulher fala para a criatura, que entra assustada e se esconde embaixo de uma mesa - Entrem rápido! Não foram seguidos? 
- Não. Encontramos a Patrulha de Nióbio no caminho, mas ninguém nos viu.

Os homens entram na sala, que destoa do resto do prédio. Está mais limpa, apesar de escura, sendo iluminada apenas por uma vela. A pequena luz ilumina os restos de um jantar adormecido. Uma sopa de bolacha Passatempo com linguiça. Não há recursos para algo mais elaborado, eles sabem. Não há mais recursos para ninguém. Há um desenho de um castelo rosa já muito descascado na parede. A mulher acende um cigarro e olha melancólica para os dois homens.

 - E então? - a mulher pergunta. Sua voz é sexy.
 - Onde está ele? - um dos homens responde, sério.
 - Não, eu já disse que não! - a mulher grita- vocês não irão usá-lo! 
 - Você sabe que é o único jeito.
 - Ele não aguenta mais lutar!
 - Fadinha, é o único jeito! - o homem grita e a mulher chora - perdão, Fadinha...mas você sabe que é  único jeito. Nosso Plano A falhou.
 - O que aconteceu?
 - O FHC biônico falhou. Achamos que ele iria cumprir sua missão, mas se limitou a ficar dando entrevistas pra Veja e tentando privatizar um parquinho.
 - Mas se nem um Fernando Henrique Cardoso biônico resolveu...por quê vocês acham que...ELE....conseguiria?
 - Ele é a nossa última esperança. Você sabe que apenas máquinas conseguem passar pelo CT.
 - CT?
 - Sim, o Cuzinho do Tempo. Apenas máquinas passam pelo Cuzinho do Tempo.
 - Por que esse nome?
 - Porque o negócio parece um cu.
 - Randolfe...isso não irá dar certo...

Randolfe Rodrigues tira o capuz da cabeça. Ajeita seu tapa-olho, cofia a barba e tosse. Seu rosto está cansado e suas cicatrizes ardem. Uma explosão faz o prédio estremecer. 

 - Átila, verifique o perímetro!

Átila Iamarino retira seu capuz, ativa a visão infravermelha de seu olho postiço e vai até um pequeno buraco usado como janela. Olha para fora e suspira.

 - São os Nióbio Troopers. Eles estão na área - Átila fala, desanimado.
 - Fadinha, é agora! Leve-nos a ele!
 - Randolfe, por favor...depois de tudo que ele passou....ele não aguenta mais lutar! (*)
 - Fadinha, ele é só uma máquina! - o ex-biólogo Átila vai até a Fadinha do Brasil e grita, nervoso - eu troquei a Biologia pela Física Nuclear não foi por gosto, não, mas por necessidade! Eu abri mão de minha VOCAÇÃO, porra! Pelo bem da humanidade! E você não quer ceder o seu Tamagochi particular?
 - Ele é meu amigo! MEU AMIGO!

A Fadinha do Brasil começa a chorar ajoelhada no chão.

 - Fadinha, por favor. Ele é a nossa última esperança - Randolfe fala, botando a mão no ombro da mulher - eu prometo que tudo irá ficar bem.

A Fadinha do Brasil não diz nada. Se levanta, pega um controle guardado entre seus peitos e aperta um botão vermelho. Uma porta de aço se abre, e revela algo que um dia foi um cofre. Há um pedaço de sucata no chão.

 - Ative-o - fala Randolfe.

A Fadinha aperta outro botão. Uma luz se acende dentro da sucata, que começa a se retorcer e a fazer barulhos de conexão de internet discada dos anos 2000, até que por fim o pedaço velho de ferro assume a forma de um animador aposentado de loja de 1,99. Seu capacete, aos moldes do capacete de um motoboy, reluz na escuridão. Seu corpo é prateado. Há dois compartimentos que se assemelham à dois estabilizadores de computador em seu ombro. Há distintivos não específicos e genéricos de polícia em seus braços. 

 - Máquina chegando e ativada - a sucata fala, com uma voz mecânica e desafinada. 
 - Máquina, fale seu nome - Randolfe diz.
 - Robotroncious F 3000, CODINOME ROBOTRON.
 - O que fazer para mudar?
 - Não sei.
 - Missão?
 - Voltar ao passado com GIF's  de  baixa  resolução. Deixar o futuro do planeta nas mãos de crianças em idade pré-escolar. Traumatiza-las em um barracão velho da Rede Tv! Alertar crianças acerca da EXTINÇÃO HUMANA em um programa infantil. Animar festas. Fazer rap.
 - Acho que teremos que corrigir isso...Átila, por favor - Randolfe fala - insira a nova configuração.

Átila vai até Robotron e insere um disquete no compartimento propício à isso, localizado no ânus do robô, que começa a dançar break. A máquina faz alguns passos e fica estática.

 - Missão? - Randolfe pergunta.
 - Voltar ao passado e salvar o Brasil.
 - Ótimo! Átila, prepare o Cuzinho!

Átila tira de sua pochete um dispositivo que se assemelha muito à um disco do Kid Abelha. Bota o dispositivo no chão e se afasta correndo. Um vórtex roxo surge no ar, para a surpresa da Fadinha e de David Luiz da Deep Web, que rosna para a luz. 

 - Essa bosta é segura? - a Fadinha pergunta, preocupada.
 - Para as máquinas sim. Não é a viagem que nos preocupa. É o passado - Átila responde - mas vamos rápido, mande o latão entrar! Eu não consigo estabilizar o Cuzinho por muito tempo!
 - Acho que é agora, Fadinha...despeça-se dele - Randolfe fala - seja rápida!

A Fadinha vai até Robotron e acaricia o rosto prateado da máquina, que continua impassível. A mulher chora. Robotron parece não saber o que está acontecendo.

 - Por favor, meu amigo...se cuide...meu velho e querido amigo...
 - Adeus. Fadinha. 

Robotron se encaminha em direção ao vórtex. Átila corre em sua direção.

 - Falta o último toque - o ex-biólogo diz, jogando um líquido viscoso no corpo do robô - é vaselina...só se pode penetrar no Cuzinho com vaselina. 

Completamente besuntado em vaselina, Robotron pula no vórtex, adentrando o Cuzinho do Tempo. Um flash intenso de luz ilumina não apenas a sala, como o quarteirão inteiro. Quando a escuridão volta, Robotron não está mais ali, assim como o vórtex. 

 - Você tem certeza que isso vai dar certo? - a Fadinha do Brasil pergunta para Randolfe Rodrigues.
 - Se vai dar certo eu não sei - Randolfe responde - mas eu sei de uma coisa: se isso não resolver, nada mais irá.
 - Para que data vocês o mandaram?
 - Janeiro de 1999. Quando tudo começou.


(*) conferir as sagas A CPMI DA VIAGEM ESPACIAL e OS VINGADORES BRASILEIROS, em breve nas bancas. 

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⏰ Last updated: Jul 29, 2021 ⏰

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