Mi persona favorita

Um passado amargo

{Vanessa point of view}

Sinto minha cabeça latejando, massageio minhas têmporas e encosto minhas costas na cadeira aconchegante que havia em minha mesa.

Suspiro e volto a encarar o grande computador,entregando vários relatórios de compras e vendas da minha loja, a Morgan gallery.

Ouço dois toques na porta, termino os relatórios e vejo minha melhor amiga e secretária, Lili entrar.

- Fala aí moreninha!

Faço uma cara não muito boa para ela ,que pega o pote de balas que há encima da minha mesa e abre.

- Não sei porquê ainda insisto em encher esse pote semanalmente

Falo me referindo as balas, Lili e Taylor são as únicas que se enchem desses pedaços de açúcar e corante.

- Recebi uma ligação da Iglesias ,tá fodendo com ela né?

Ela diz dando uma risada e eu desligo o computador, olhando para ela e negando com a cabeça.

- Ela quer me pedir um favor ,mas não fique pensando besteiras.

Digo levantando, pegando minha bolsa e colocando em meu ombro esquerdo.

- Eu sei, mas ó, se for fazer algo , me chame hein.

Faço careta imaginado a possibilidade disso,e rio logo em seguida.

Aperto o botão do elevado ,e entro quando abre, logo a caixa de metal me leva até o estacionamento e vou até meu carro.

Ligo o mesmo, indo direto para minha casa

Chegando lá vejo o carro de Veronica parado lá, respiro fundo e estaciono o meu, saindo do mesmo e entrando em casa.

Vou até a sala e vejo Veronica.

- Oi Van,cheguei faz uns 7 minutos , como você está?

Sento ao lado de Veronica, cumprimento ela.

- Estou bem ,o quê tanto você quer falar comigo?

Digo indo logo ao assunto, odeio enrolações.

- Então Van ,quero te apresentar a uma pessoinha.

Olho para o outro sofá, vejo uma menininha pequena, de uns 6/7 anos, sentada no sofá, na televisão vejo passar um desenho ,li em sua abertura
"Lilo e stitch"

A garota estava olhando para seus próprios pés, ela vestia um shorts maior que ela ,uma blusa que cabia duas dela, e um tênis

- Essa é a Madelaine Van, ela está comigo há uns 9 dias ,ela foi diagnosticada com infantilismo , a mãe dela morreu quando ela completou 2 anos de idade e a partir dali ela ficou sob cuidado de seu pai.

Verônica começa a falar, seus olhos se enchem d'água, suas palavras traziam sentimento e tristeza.

- Os vizinhos relatavam que constantemente, via o pai dela chegando de madrugada bêbado , ouvia barulho de coisas quebrando, gritos e choro.

Fico observando a garota ,seu olhar era triste ,em suas finas pernas dava para ver cicatrizes, marcas que consequentemente, nunca serão apagadas.

- Aos 4 anos, ela foi movida pelo Conselho tutelar para um orfanato , lá ela sofria bullying das crianças maiores e era descuidada pelas cuidadores de lá.

Fico pensando o quão difícil deve ter sido para a pequena

- Aos 6 anos ,ela já tinha passado por 8 casas, todas rejeitadas , ninguém queria uma criança que não falava e nem interagia, ano passado ,quando ela completou 7 anos , ela veio para o orfanato que eu sou a principal assistente social , e quando eu vi ela...

Ouço Veronica suspirar e volto a olhar pra ela, lágrimas grossas escorriam em seu rosto.

- Ela foi o meu alvo, eu levei ela para psicólogo, a um médico , e o médico disse que ela tem um enorme trauma, ela já foi molestada por seu pai segundo exames e tem depressão e até crises de ansiedades, imagine Vanessa, ela só tem 7 anos e já passou por tanta coisa!

Ouço uma súplica de sua parte.

- Eu quero que você Vanessa, adote ela ,mesmo que seja por um curto tempo, eu preciso ir a uma expedição na África e ela não pode voltar para o orfanato em que eu trabalho, eu confio muito em você, e te peço isso.

Ela pega minhas mãos e me olha, então num ato impensável, em êxtase daquela história , eu assinto com a cabeça.

- Sim Veronica.

Que merda que eu fiz ? Porra Vanessa!