~•A noite caiu, a chuva de meteóros começou. Lindas linhas que apareciam e desapareciam no céu brilhavam no olhar de Amanda enquanto a mesma fechava sua Bíblia; estava deitada em sua cama enquanto olhava a chuva até cair no sono.
"- Onde estou? "
Um...
Aconteceu mais uma batalha ontem. Ontem foi mais complicado. Levantei da cama e fui para a cozinha fazer meu café com o máximo de silêncio possível.
" Não posso acordar ele. Se ele acordar vai ser difícil sair de casa... "
Peguei o leite na geladeira. Sim, eu tomava café com leite, mas esse não é o assunto! Olhei para a janela. Vocês devem estar curiosos sobre minha história... Enquanto fujo dessa casa temporariamente, eu vou contar para vocês sobre...
Nós éramos uma família feliz, mas quando completei 6 anos minha mãe abandonou meu pai falando que : " Não sou obrigada a cuidar de vocês ou dessa criança. Ela me impede de viver a vida. " , foi aí que meu pai começou a se afundar nas bebidas. Ele me bateu só uma única vez, e foi quando descobriu que eu pintava. Ele dizia que isso me tornava menos " macho ", irônico não? Eu não vejo mais sentido na vida, estou sozinho não? Era o que eu pensava, até aquele vídeo ( Vídeo do Capítulo anterior). Mas mesmo assim... Ainda sinto o sentimento de solidão, de abandono, de vazio... Alguns meses atrás, minha mãe voltou, eu fiquei tão feliz! Um sentimento de esperança! Mas quando eu fui falar com ela... Você acha que ela se lembrava de mim? E quando lembrou, riu de mim e disse um monte de coisas que não quero nem citar...
Ah! Cheguei ao ateliê! Para resumir, o sentimento de abandono ficou mais forte e eu adquiri depressão leve... Eu tento lutar contra esse desejo de não viver, me apoiando em Deus... Mas ultimamente anda muito difícil, já que minha mãe vive exibindo sua nova família.
~
- Terminei! Finalmente pude capturar a beleza dessa paisagem antes que suma! - Eu disse sorrindo.
Uma notificação chegou no meu celular.
- O que querem comigo? Porque vocês tem que me pertubar justo agora? - Eu falei pegando meu celular. - Lucas? Primeira vez que ele me manda uma mensagem...
- Só o que me faltava... - Olhei para o quadro novamente. - Bom, não tá perfeito quanto o original... Mas....
Sorri vendo meu bom trabalho. O chão estava sujo de tintas, como eu também, mas a felicidade de um trabalho bem feito era mais importante do que aquela sujeira. Pelo menos, aquilo me fazia bem.
- Agora eu preciso ir pra academia e depois fazer as encomendas. - Eu disse tirando o avental.
~
Estava escurendo novamente, o que significativa uma nova batalha. Algo me dizia que hoje ia ser desagradável para mim, e é óbvio que eu ignorei isso. Cheguei em casa, meu pai estava bebendo como sempre e assistindo um jogo de Futebol. Eu dei um suspiro e fui para a cozinha.
- Garoto. - Meu pai disse. - Pega mais cerveja para mim.
- Você pode muito bem andar e pegar você mesmo. Não sou seu empregado. - Eu disse pegando um copo de água.
- COMO É QUE É? - Meu pai gritou se levantando. - ISSO NÃO É MAIS QUE SUA OBRIGAÇÃO! EU QUE TE SUSTENTO! SE NÃO FOSSE POR MIM VOCÊ IA TÁ NA RUA AGORA MOLEQUE!
Meu pai se aproximou de mim com raiva estampada em seu rosto. Eu fechei os punhos e olhei em seus olhos.
- VAI-PEGAR-A-MINHA-BEBIDA! - Meu pai gritou apontando para o congelador.
- NÃO-QUERO! - Eu joguei o copo de água nele e me afastei indo para o meu quarto.
Meu pai começou a gritar e eu tranquei a porta do quarto. Peguei meu travesseiro e comecei a bater nele com todas as minhas forças.
- MORRE LOGO GAROTO! SUMA LOGO! NINGUÉM VAI SENTIR SUA FALTA! ERA NEM PARA VOCÊ TER NASCIDO! SE MATA! - Ouvi meu pai gritando.
Meu olhos começaram a lacrimejar, me joguei já cama e comecei a gritar com o travesseiro abafando meu grito. Eu estava sozinho.
~
Dormi ali, logo acordando naquele lugar em que nos reunimos.
- Levi, o que houve? - Ellie se aproximou de mim.
- Nada!.... Só quando eu estava correndo suor entrou nos meus olhos. Ficou ardendo. Apenas isso. - Eu disse cruzando os braços.
- Sério que foi só isso? - Lucas perguntou.
- Porque eu devo explicações a vocês? - Eu falei indo até a porta de nuvem.
- Quando quiser desabafar estamos aqui. - Amanda disse indo até a porta também.
- Certo... - Eu disse abrindo a porta.
~
Tomei um susto. Quem estava na gaiola era o meu meio-irmão.
- Nicolas? - Eu disse me aproximando das grades.
- Você o conhece? - Amanda perguntou. - Ótimo, então você vai cuidar dele hoje.
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