BLUE

brutal

Eu não sei por onde começar tudo isso, mas eu decidi falar de tudo. É como se fosse um segredo. Eu nem estou afim de sair divulgando isso, mas já escrevi ali e aqui e senti a real necessidade de apenas escrever tudo que realmente aconteceu. Sempre lembrando que este é um lado da história e que em um relacionamento as duas pessoas falam e se defendem da forma que acreditam. Prometo não mentir. Apenas isso.

Tudo começa muito antes de eu ter lhe conhecido, eu havia deixado minha casa por ameaças de morte de pessoas que eu acredita poder chamar de família mas que no primeiro momento que puderam pegaram a faca e enfiaram em mim da pior forma possível.
Nessa "mudança" eu fui morar com uma amiga, cheio de problemas e com uma cabeça totalmente perturbada. 

Eu sabia que as coisas iriam se resolver e que logo logo eu estaria de volta em casa. Mas foram 3 meses morando lá e muita coisa aconteceu. Eu não fazia nenhum tipo de tratamento, eu apenas vivia minha vida acreditando que um dia tudo aquilo iria apenas desaparecer.
Mas de toda maneira é super importante dizer que caso você se sinta deprimido a ponto de todo o dia só pensar em tirar sua vida busque ajuda. 

Meus amigos naquele momento me ajudaram muito, mas não eram a ajuda que eu precisa, agradeço muito todas as conversas, conselhos e todo companheirismo mostrado diante aquela situação e agradeço também toda paciência e tentativas de me tirar de casa para me animar. 
Mas naquele momento eram apenas músicas tristes, cigarros um atrás do outro, um pouco de álcool para manter a vida e quem sabe as vezes não aparece uma beckzinho para manter tudo em pé.

Meu cabelo cresceu, estava enorme e até que bem cuidado. Porém eu me olhava no espelho e mesmo sorrindo eu não via o Raphael ali. Ele não existia mais, e parecia tudo muito bem planejado pois quando eu estava com a cabeça nas nuvens pensando apenas um monte de besteiras chegava algum amigo para passar o dia comigo, normalmente era sempre o mesmo já que minha amiga trabalhava e não chegava tão cedo em casa, mas parecia que eu estava sendo sempre vigiado pra não fazer uma merda. 
E embora eu não estivesse sendo vigiado, sempre tinha alguém perto nos meus piores momentos.

Eu ajudava na casa, não tinha dinheiro mas lavava uma louça, ajudava a limpar a casa e os dias iam passando. 

Até que um dia normal eu curti as suas fotos no Facebook e comentei um storie qualquer apenas para tentar puxar assunto. E puxei. Mas você é hétero, então de certa forma eu poderia ter apenas amizade contigo. E tivemos. 

Nessa época eu acompanhava um time de Handball de algumas amigas e eu te chamei para ir comigo em um dos treinos e você muito solicito foi, muito amigo. Bom, foi de carro, Junho de 2018, em meio a greve dos caminhoneiros. Você trabalhava ali pelo Brás e estava indo trabalhar de ônibus por guardar a gasolina apenas para algumas ocasiões. Uma delas foi ir me conhecer.

Ficamos o treino todo conversando e chegamos a conclusão de que iríamos atrás de um posto para colocar gasolina. Eu disse que tudo bem, minha amiga foi junto e nos divertimos. Ouvimos música, conversamos, era tudo muito normal na minha cabeça. Mas eu precisava de uma atenção e ali estava tendo, de alguém totalmente fora do meu meio de amigos.

Demoramos, íamos aos postos, parávamos, um ia e perguntava se tinha gasolina e vários mandava embora por não conseguir atender nem as filas com o limite de R$ 100,00 que era o máximo que poderia colocar. Estava uma catástrofe mas continuamos a andar por aí, nem que a sua gasolina acabasse e voltássemos pra casa.

Encontramos um lugar, no meio da Avenida Braz Leme onde o cara disse que dava sim pra abastecer pois eles tinham ainda pra encher caso acabasse pois tinha um caminhão lá. E você tinha R$ 50,00 e eu propus a dar mais R$ 50,00 pois eu tinha o cartão da minha mãe para emergências e sabia que seria uma emergência precisar te ver novamente.