Imagino o amor

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Busquei nos poemas e até no dicionário

O que seria o amor.

Mas não encontrei resposta

Nem mesmo uma pista.


Então imaginei que o amor fosse

O que sente a mãe por seu filho.

Amor violento, quase obsessão,

que nos cega, nos faz perder a noção.

Amor maior que o coração!


Mas há ainda o que sentem os amantes,

Que transforma casais em um só ser.

Amor de transposição, quase egoísta,

Que ao ver o outro traz a vontade de ter.


E o que falar do amor-próprio?

Que nos salva e nos protege,

Que cria razões para viver

E nos empurra para crescer.


Quantos são os amores?

De quantas formas se pode amar?

Qual a medida do amor?


O amor é um oceano,

Mas pode também ser fogo.

Amor é o nosso ar,

Mas pode ser também terremoto.

Amor cura e fere,

Prende e solta.

Traz vida e faz morrer.

Tem que saber sentir o amor

Para sobreviver.


O amor traz motivos para ficar

Ou razões para retornar.

O amor mantém memórias,

Dá força para as histórias

E faz acreditar.


O que é o amor senão reação química

associada a psiquê elevada?

Que se desequilibrada

Gera dor e despedaça.

O que é o amor senão biologia

Do ser humano encantando,

Que em desarmonia

Pode virar patologia?


Quantas são as formas de amar?

Quantos se pode amar?

O amor é sentimento restrito,

limitado?

Cheio de normas, regrado?


O amor não condena,

Mas é condenado.

Sempre que incompreendido

vira um calvário.

Transforma vidas em farrapos.


Mas quem precisa entender o amor?

Quem precisa respeitar o amor?

Quem ama ou quem é amado?

Quem aceita ou quem é recalcado?

Quem julga ou quem é julgado?


Percorri livros e a medicina

Para ter respostas sobre esse sentimento.

Não obtive nem acalento,

Abandonaram-me à minha própria sina.


Quem sabe o amor não é uma resposta.

Não é algo para se observar pelo observador.

Quem sabe não é sequer um sentimento ou dor,

Mas apenas um estado de espírito.

Quem sabe o amor possui todos os lados?

Seja mutante, largado.

Algo sem sorte ou até a morte.


Não se descreve o amor, não se entende.

Então quando encontrado, não se compreende,

Pois não se sabe que o encontrou.

E continuamos buscando algo idealizado,

Que pensamos ser palpável!

Alguns fazem até contrato!

Mesmo sendo o amor apenas um substantivo abstrato.


Não Quero Ser Álvaro de CamposWhere stories live. Discover now