28| Eu não sou mais sozinha

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—  Você fala sério? Tipo, você está disposta a deixar a mulher que quase te matou, sim, porque eu pensei em fazer isso diversas vezes enquanto te via dormir, e quase te fez ser presa? Além de que, eu tava conseguindo fazer você acreditar que era você…

—  Eu estou disposta a ter a minha irmã ao meu lado, e dar a chance a ela de poder ser feliz, de verdade.

Não tenho certeza se foi o que eu disse, mas seus olhos se inundam de lágrimas.

—  Você fala sério? —  pergunta, incrédula.

—  Sim. —  falo. —  Eu tenho um plano… Provavelmente o Axel não mostrou nenhuma das provas ao meu chefe ainda, ou seja, significa que ainda há a possibilidade de nós duas se safarmos de tudo, mas para isso, eu preciso que você me prometa que vai parar… E antes que você fale algo, só assim nós iremos poder fechar o caso… Depois de um tempo, caso o assassino não ataque mais, o Estado vai arquivar o caso, entende?

—  Mas eu não posso… Eu preciso ajudar essas crianças, eu preciso fazer algo por elas… —  ela sussurra, olhando para o outro lado da sala.

—  Você pode continuar as ajudando… Que tal você continuar pesquisando as vítimas e me entregar as provas, ai eu os prendo. Você continuará ajudando todos, mas sem sangue nas mãos…

Ela se levanta do sofá, indo até a janela ver a noite lá fora. Aparentemente parece estar pensativa sobre a minha proposta.

—  Eu nunca achei que essa história fosse acabar assim… Ainda bem que eu tive vontade de vir aqui plantar mais provas, caso contrário, provavelmente você já estaria presa e eu ia continuar vagando pelo mundo sem saber da verdade… Sem saber que você é como eu. —  ela se vira na minha direção, com os olhos brilhando. — Obrigada por me dar uma chance… Ninguém quer ficar perto de mim depois que descobrem tudo que eu fiz…

Sinto na tonalização da sua voz que aparentemente ela tem uma história por trás para ter esse pensamento. Mas prefiro não perguntar nada, nesse momento, preciso apenas mostrar a ela que em mim ela pode confiar.

—  Eu quero ter você por perto, você é minha irmã, nós somos quebradas, mas juntas, vamos nos reconstruir e sermos felizes.

Seus braços circulam a minha cintura, e eu retribuo sentindo que finalmente eu tenho uma família. Alguém que não me abandonará.

(...)

Ela parece nunca ter comido um hambúrguer na vida, porque eu pedi uns quatro e ela comeu três sozinha.

— Não me olha assim, ok? Eu realmente estava com fome… —  diz, limpando a boca com o guardanapo. —  Você já chamou o seu detetive para conversar? — pergunta, com um sorrisinho de lado.

—  Já, e ele não é nada meu…

—  Qual é, ele realmente gosta de você, caso contrário, teria entregado as imagens que mostram eu matando aquela sem sal para a polícia, e aliás, você deveria me agradecer, ela queria ele. —  balanço a cabeça pensando em como ela não liga para nada, isso é até um pouco assustador, mas resolvo não focar nisso.

—  Você não deveria ter matado pessoas inocentes, na verdade, não deveria ter matado ninguém… Ok, o Max sim, mas o resto, trazia para a polícia que nós iríamos resolver. —  me levanto, indo colocar os copos na pia —  E sobre o Axel, se ele se importasse um pouco comigo, ele teria vindo até a mim, me perguntado, talvez as coisas não tomassem o rumo que iam tomar…

—  É… Desculpa, a porta estava aberta. —  escuto a voz dele, e me assusto, o que faz eu quase derrubar o copo dentro da pia.  

Me viro na sua direção, vendo Amber olhar para ele com um sorriso pervertido no rosto. Ainda tenho que me acostumar com esse jeito dela.

IM(PERCEPTÍVEL) | ✓Where stories live. Discover now