Onde as Estrelas Habitam: Celestial [PT/BR]

UM

 Essa sou eu tentando, já faz algum tempo que meus passos se tornaram pesados, piso como se em algum momento e sem que eu sequer percebesse eu afundasse em um poço sem fim. Estou cercada pela minha própria tristeza.

Eu sei que é impossível retornar ao passado e o arrependimento é a única coisa que nos mantém presos nele, não é físico, mas é tão real quanto possível. Eu fugi como uma covarde, mas nunca fui capaz de deixá-los. De um jeito ou de outro eu sempre soube onde estavam, o que faziam e como estavam. Hora minha melhor amiga me mandava notícias, sendo ela a única a saber onde estou ou eu simplesmente olhava suas redes sociais.

Alfonso, meu verdadeiro e único amor, sempre foi o tipo discreto. Distante de grandes multidões, avesso às redes sociais, sempre com uma opinião forte e formada. Não odiava totalmente as redes sociais, mas acreditava que precisava evitar certos conteúdos extremamente tóxicos, porém, o mais importante era que não gostava de mostrar tudo da sua vida em um vídeo. Quando Luna era apenas um bebê e ainda não possuía autonomia para tirar suas próprias fotos era ele quem tirava, sempre colocando um desenho em seu rosto ou simplesmente ela estava de costas.

No entanto, agora eu conseguia ver o quão bela minha filha é. Seus cabelos e olhos são negros, se ela olha para a luz um fundo verde aparece em seu olhar, quase como uma grama molhada. Seu rosto é muito bem desenhado, marcante, memorável. Ela parece ser gentil, meiga. Uma das coisas mais lindas desse mundo, preciosa como uma joia rara. Tudo me lembra ele, mas essa sou eu, estou tentando retornar a vida que deixei dezesseis anos atrás. Essa sou eu tentando.