Capítulo 31

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- O céu está caindo! - Afirmo sem tirar meus olhos do celular, o som do trovão e da torrencial contra as janelas soavam um tanto quanto assustadores. 

- O céu já caiu. - Murmura Patrick. 

Ele estava jogado na cama parecendo uma múmia. Olivia pegou resfriado e como ela era egoísta e desnecessária em tudo que fazia, conseguiu passar para Tony e Patrick. Por algum motivo maior eu não peguei. Mas acho que eu tinha uma proteção extra contra qualquer energia que vinha daquela garota, ou criei anticorpos depois que nos beijamos. 

- Você está se sentindo bem ? Quer alguma coisa ? Acho que sobrou aquela sopa de vaso que Tony comprou. 

Mesmo em situação de doente e um tanto pálido, Patrick sorrindo combateria vários desastres naturais. 

- Você é tão gentil. O que faria sem a sua zero habilidade em cuidar de alguém ? - Sua ironia me impulsionou a chegar mais perto de seu corpo-casulo. - Não chega tão perto Lucca, você pode pegar. 

- Olivia já é um vírus, eu corro risco todo dia. - Afasto a coberta, evitando sua falha tentativa de me bloquear. - Além do mais, vocês ficaram doentes porque tem compaixão por ela. 

- Será que vocês dois são destinados um ao outro ? Porque não é possível... 

- Pare de falar besteiras! Está tão mal assim ? A fase das alucinações chegou ? - Patrick tinha força o suficiente para revirar os olhos para mim. Aproveito sua distração e pego seu batom labial, as rachaduras de seus lábios vinham abrindo por conta do ressecamento do tempo. Faço meu papel de cuidador oficial dele, mas uso de minha artimanha para poder tirar proveito, afinal, eu deveria ganhar alguma coisa. 

Passo o batom com cheiro notável de cacau e incolor na aparência nos meus próprios lábios, sinto seus olhos em mim. 

- Me dá. - Patrick tenta pega-lo de minha mão assim que finalizo, mas o afasto rapidamente. Ultimamente ele vinha se cansando rápido, o que facilitava as minhas ações. Sem demoras encosto minha boca na sua, proativamente roçando nossos lábios para que conseguisse compartilhar uma adequada camada de batom com ele e senti-lo. No entanto, cedo demais Patrick vira o rosto. 

- Para com isso Lucca. - Não perco o leve sorrisinho que prostrava no canto de sua boca. 

- De nada. - Os olhos escuros mantinham algo que possivelmente ele falaria mas a campainha nos interrompe. - São onze horas da noite...

Olho para Patrick que correspondeu meu estranho e instantâneo pânico. Desço as escadas mentalizando que ninguém de minha família ou de qualquer um dos membros dessa casa estejam bem. Odiava receber notícias ruins, eu não sabia lidar com elas. Sinto minhas mãos instáveis enquanto tento abrir a porta, mesmo sem saber rezar, faço o máximo que consegui aprender na igreja para que do outro lado da porta não seja minha irmã. 

Mas ao abrir a divida que nos impedia de presenciar o tempo fechado lá fora, me surpreendo ao dobro ao ver Katy completamente encharcada, tremendo e carregando um cachorro pequeno que tremia tanto quanto ela. 

°°°°

Katy ainda tremia ocasionalmente, mas estava melhor após um banho quente. Já o pequeno cachorro Patrick, mesmo se arrastando, optou por secá-lo com o secador que pediu emprestado a Olivia, e talvez  hoje fosse um dia de trégua, pois Olivia me deu seu outro secador sem reclamar. 

Fazia um longo período em que não nos víamos, considerando que esses meses foi o maior intervalo de tempo desde nosso relacionamento que não estávamos em contato. Katy parecia cansada, as manchas escuras debaixo dos olhos verdes não diminuíram sua beleza, mas abafaram seu brilho. Ela parecia a mesma, um pouco mais inchada talvez ? Seus cabelos também apresentavam uma tonalidade mais clara que antes, imagino que secos e do jeito que ela ama penteá-los, a nova cor a valorizaria.

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora