prólogo

833 66 5
                                    

- garota imbecil! Se não é capaz de fazer nada direito, sequer deveria estar nessa casa!

- perdão milady, eu juro que tentei de tudo, a mancha simplesmente não sai.

- sua criadinha burra! Se eu não fosse tão caridosa, sequer olharia pra essa sua cara de criança imunda, deveria lhe deixar sem comida outra vez, mas parece que você precisa de mais força nesses braços inúteis pra conseguir lavar uma Roupa direito.

Os olhos de Lunna estavam rasos d'água, lady Timberland a humilhava frequentemente, sempre prometia a si mesma que manteria a dignidade e não choraria, mas a mulher terrível a sua frente, não parecia ficar realmente satisfeita até lhe causar dor de verdade, de forma física ou sentimental.

Lunna fora levada a propriedade dos Timberland aos onze anos de idade, aproximadamente a um ano atrás. seu pai havia contraído uma febre e perecera, sua mãe não dava conta de sustentar a ela e aos irmãos apenas com o emprego de limpadeira, foi então, que uma tia soube que a lady Timberland procurava uma garota para lhe ajudar com o bebê que tivera recentemente e a levou até lá.

O bebê praticamente não a deixava dormir nos primeiros meses, e Lunna tinha que acordar várias vezes durante a noite para nina-lo em seus braços finos de criança, enquanto a mãe, dormia do outro lado da casa, para se manter longe do barulho. Durante o dia, quando conseguia faze-lo adormecer, ainda tinha que lavar as roupinhas, cuidar do seu quarto e qualquer outra tarefa relacionada ao pequeno Ton, também era sua responsabilidade.

Com o passar do tempo, pensou que ficaria mais fácil cuidar do bebê, ele agora chorava bem menos e já dormia melhor a noite. Acontece que a lady Timberland pareceu perceber este fato e foi lhe ocupando com cada vez mais tarefas, que não estavam relacionadas a ele, e também a tratava com mais hostilidade a cada dia. A primeira vez que tomou um tapa no rosto, foi por não ter limpado as janelas como deveria, depois disso, tudo era motivo para agressões e humilhação.

- saia da minha frente, sua rata rabugenta, e agradeça ao meu bom humor, por não levar uma bela surra. Sua mãe virá esta tarde receber o seu dinheiro e saberá o quanto estou insatisfeita!

A mãe de Lunna sabia pelo comportamento mudado da filha que algo não corria bem naquela casa, mas a garota nunca contou para ela o que de fato acontecia lá. As condições da família já não eram boas e ela não queria ser mais uma preocupação para sua mãe, por isso saiu correndo da presença da lady Timberland e retomou os seus afazeres, antes que qualquer valor pudesse ser descontado devido a sua preguiça e irresponsabilidade, como a sua senhora costumava falar.

No final daquela tarde, Cristina chegou a propriedade onde a filha trabalhava a um ano. Mesmo antes disso, Lunna já a ajudava em casa ou em algumas faxinas menores, mas aquela era a primeira vez que ficava longe da filha, e nos últimos meses o seu coração de mãe lhe dizia que algo estranho estava acontecendo naquela casa, apesar dela sempre negar quando era questionada. Por sorte, ela levava uma novidade que mudaria a vida da sua garotinha magrela.

- mamãe!- sua menina tinha o pequeno Ton nos braços, quando correu ao seu encontro, também parecia cansada e ainda mais magra e isso lhe apertou o coração.

- olá meu bem, eu senti tanta saudade! Como você está? Aconteceu alguma coisa esta semana?

- não, está tudo bem. - a resposta era sempre a mesma.- lady Timberland já virá recebê-la.

- eu tenho uma novidade pra você, meu amor. Você gostaria de deixar essa casa de vez?

A garota arregalou ainda mais seus grandes olhos azuis.

- não! Mamãe, precisamos desse dinheiro.

- não iremos mais precisar dele. Eu consegui um trabalho melhor, na casa de um conde de verdade. E a condessa é muito caridosa, teremos uma casinha nos arredores da propriedade, e você poderá me ajudar por lá.

O coração da garota disparou em seu peito e sua vontade de chorar agora era de Puro alívio e alegria. Voltaria a ver os irmãos e estaria próximo a mãe, talvez não tivesse mais que ouvir as humilhações que os criados naquela casa, ela especialmente, ouviram todos os dias, e principalmente, nunca mais teria o cinto de lady Timberland marcando a sua pele por não fazer algo como deveria.

- a senhora tem certeza que poderá me levar?

- Cristina, lady Timberland já está aguardando. - informou outra criada da casa.- Lunna, deve levar Tom para se banhar e dar sua comida agora, são ordens da lady também.

Lunna subiu imediatamente, tão ansiosa que chegava a tremer, em sua mente rezava uma prece repetitiva, pedindo apenas que tudo fosse verdade, e que aquele fosse o seu último banho no pequeno Ton, que não tinha culpa em seu sofrimento diário, mas que também lhe dava muito mais trabalho do que uma garota de doze anos deveria ter.

Dois andares abaixo sua mãe recebia o pagamento como se nada fosse mudar e ouvia as infindáveis reclamações da senhora que parecia sempre insatisfeita com o trabalho de Lunna. Somente após guardar todo dinheiro nos seios, Cristina lhe informou sobre as novidades.

- já que se encontra completamente insatisfeita com o trabalho da minha menina, lady Timberland, eu vou leva-la em bora hoje mesmo.

- ah, mas não é pra tanto, sabe que eu sou uma pessoa caridosa, não quero que não tenham o que comer sem esse emprego.

- eu também fui uma mulher muito caridosa milady, permiti que a menina fizesse muito mais do que foi contratada para fazer nessa casa, em troca de alguns trocados que não compensam os calos que eu já notei nas mãos dela, e seu olhar assustado sempre que venho visita-la. E pode se despreocupar que não passaremos fome.

- ora, como ousa? Deveria me recompensar por tira-la de uma hora pra outra! Quem colocará o Tom pra dormir esta noite? Só ela consegue fazer com que ele cale a boca. Deve me devolver a metade do dinheiro, será suficiente pelo inconveniente.

- o dinheiro está aqui, dentro do meu vestido, no meu seio esquerdo pra ser mais precisa. Se a senhora ousar pegar, será seu. Mas vou logo avisando que os meus braços fortes, de criada, não servem apenas pra limpeza pesada não.

- está me ameaçando?- lady Timberland estava completamente chocada, nunca antes fora destratada daquela forma, seu rosto estava vermelho e suas mãos tremiam, mas, sua raiva não era o suficiente para lhe dar tamanha coragem.

- LUNNA! Venha cá, vamos em bora daqui.

Ouvindo o grito da mãe, ela pegou o garoto ainda sem roupa depois do banho e correu escada abaixo para ver o que estava acontecendo. A cena que encontrou era realmente assustadora, sua lady estava trêmula, vermelha e despejava suas humilhações pela boca, enquanto sua mãe batia no peito e ameaça calar sua boca com tapas.

- entregue esse menino chorão pra mãe dele e vamos em bora agora mesmo.

Sem ousar contrariar a mãe, Lunna entregou o menino e correu pra o seu quarto para recolher os poucos pertences que tinha, logo, ela e Cristina partiram sob os gritos desaforados da senhora da casa. Como que para vingar a garota que suportou o seu choro por tanto tempo, tom usou justo aquele momento para se aliviar nos braços da mãe, que parou de gritar desaforos, para gritar de horror, completamente encharcada.

Fugindo De Um Visconde (Completo)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum