50| "O meu coração arde por ti"

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- Importo-me. - não vou sair de perto dela por duas razões: primeiro ela pode acordar a qualquer momento, segundo são dois enfermeiros homens e eu não a vou deixar sozinha com eles. - Não há nada que não tenha visto da minha esposa.

Os dois enfermeiros bufam e reviram os olhos.

- Hoje estamos responsáveis pela sua esposa, agradecemos que nos deixe fazer o nosso trabalho. - o mais novo pede.

- Não vos estou a impedir. - respondo seco. - Não vou sair e não saber o que vão fazer à minha esposa. Façam o que têm que fazer.

- Temos que fazer os curativos e a higiene.

- Podem tratar dos curativos. - respondo. Ninguém lhe vai tocar dessa forma tão íntima que não seja eu. Já tive que suportar de ser um médico a observá-la. Isso já é o bastante para mim.

Os dois enfermeiros suspiram alto e então começam a fazer os curativos da Victoria. As feridas nas costas dela não estão com bom aspeto. Se eu pudesse trocar de lugar com ela, já o teria feito.

Claro que Victoria tinha que acordar nessa altura.

- Liam? - a minha esposa chama.

Aproximo-me dela e beijo a palma da sua mão direita.

- Olá, minha linda. - digo-lhe.

Os enfermeiros saem finalmente, revirando os olhos e resmungando.

- Como te sentes? - pergunto afagando o rosto de Victoria.

- Sinto-me melhor. Quando posso ir para casa? - ela tenta sentar-se.

- Não sei ainda, querida. Vamos esperar que melhores. - beijo a sua testa. - Tens fome?

- Não, estou enjoada.

Suspiro. Agora ainda vai ser mais teimosa do que dantes.

Victoria tem alta ao final de duas semanas. As suas feridas parecem estar finalmente a sarar. Ajudo-a a vestir-se. Um vestido verde esmerada, mas muito simples, com botões na parte da frente com comprimento até aos joelhos. É inevitável não olhar para o seu corpo e não apreciar. Os seus seios estão visivelmente maiores e mais inchados e a sua barriga está a ganhar uma forma arredondada. Não se nota por cima do vestido, mas deixa-me imensamente feliz saber que a minha esposa carrega um filho meu.

Antes de lhe darem alta fizeram vários exames e análises e aparentemente está tudo a correr como deve ser. Victoria já não tem sangramento, mas ainda precisamos ser cautelosos e tudo o que depender de mim, ela não vai fazer mais nada do que descansar.

Victoria está a encarar o meu peito há uns 5 minutos, enquanto a visto. Quando acabo, levanto o seu queixo com o indicador e faço - a olhar-me nos olhos.

- O que estás a pensar, amor? - pergunto preocupado. - Estás com dor? Não te sentes bem?

Ela abana a cabeça.

- Então é o quê, querida? - empurro os seus cabelos para trás. - Sabes que só quero que estejas bem.

Ela baixa a cabeça e encara o chão.

- Não quero que deixes de me desejar por aquilo que o Barry fez comigo. Ele tocou-me, Liam... - ela encolhe-se. Eu sei que ela já tem algumas lembranças, mas não me contou nada.

Fico furioso por dentro, não com ela, mas com aquele animal que lhe fez mal e a ainda a deixou insegura.

Respiro fundo para manter a calma e volto a levantar o queixo da minha loira.

- Victoria, não há ninguém neste mundo que eu deseje que não tu, de todas as formas. O meu coração arde por ti e todo o meu corpo pede pelo teu. Jamais, mas jamais duvides do meu amor e do meu desejo por ti. - ela fica visivelmente corada. Eu amo quando ela fica sem jeito. - Só Deus sabe o esforço que eu faço para me controlar quando te vejo, e agora ainda mais, porque estás uma grávida linda.

Ela balança um pé e depois o outro. Ela está envergonhada.

- Mesmo? - Victoria sussurra.

- Mesmo. Mal posso esperar para te provar isso. - puxo-a para mim. Ela encosta a cabeça no meu peito enquanto eu massajo as suas ancas. Beijo a sua cabeça.

Quando chegamos a casa, temos lá a minha mãe e a minha sogra e Christopher com a Alexis e Daniel. Não demasiadas pessoas porque Victoria acabou de sair do hospital e não quero demasiada agitação.

Gillian tem ido visitar a filha todos os dias ao hospital e a minha mãe também. Não levei Daniel ao hospital porque achei que não era ambiente para ele, mas fizemos vídeochamada com a Victoria algumas vezes.

- Vicky! - Daniel grita mal entramos em casa e corre na nossa direção. Obviamente que não foi para me abraçar. A atenção dele agora é totalmente para a minha esposa.

Ela abaixa-se para pegar Daniel ao colo, mas desiste quando tusso levemente. Nada de pesos, nada de esforços. Então abraça de forma apertada o meu filho.

- Tive tantas saudades tuas, Vicky. Tenho tantas coisas para te mostrar. - ele diz completamente extasiado, dando pulinhos.

- Eu também tive muitas saudades tuas, querido. Mais daqui a pouco mostras-me isso tudo, sim? - Daniel concorda.

Depois todos abraçam a minha esposa e vamos andando até à cozinha. Ela precisa de comer alguma coisa e estamos mesmo a meio da tarde, um excelente momento para ela colocar qualquer coisa no estômago. Tem sido difícil porque ela não quer comer nada nos últimos dias, sempre enjoada.

- Que tal um chá e uma tarte de amêndoa? - Gillian vai para trás da bancada com a minha mãe. Gosto do facto de ambas se estarem a dar tão bem e da minha sogra já se sentir em casa dentro da minha casa.

- Parece-me ótimo. - Alexis ri levemente passando a mão pela sua barriga já grandinha. - Alguém está com fome. - Chrisphoer estende a mão para a ajudar a sentar-se num dos bancos à frente da bancada.

Eu sou muito mais prático e simplesmente pego a minha esposa pela cintura e coloco-a sentada também num dos bancos. Ela fica imediatamente vermelha.

- Eu podia ter-me sentado sozinha, Liam. - ela resmunga.

- Eu sei, mas não quero que tenhas a oportunidade de fugir. - ela parece confusa. - Vamos alimentar esse bebé. - digo-lhe.

A minha mãe corta várias fatias da tarte e dispõe em pratos. Gillian deposita chá para todos em chávenas.

- Eu só quero o chá, mãe, mas obrigada. - Victoria diz, recusando a fatia de bolo dela.

- Querida, tens que fazer um esforço. Os comprimidos que o médico te receitou já reduziram os enjoos, agora tens que fazer um esforço. Uma fatia de bolo não faz mal nenhum. - a minha mãe responde, encorajando.

De repente, vem-me à mente que talvez não sejam somente os enjoos. Victoria está com medo que eu a deixe de querer pelo seu peso também, além da outra parte que falámos no hospital.

- Que tal uma fatia mais pequena e um iogurte natural ou alguma fruta? - sugiro. Ela vai ter que comer, quer queira, quer não.

- Acho que é uma excelente ideia, querida. - a minha sogra concorda, abrindo o frigorífico para tirar um iogurte e começar a cortar alguns pedaços de fruta para juntar. Acho que ela também já percebeu. É tudo uma questão de tempo.

- Já decidiram o nome do bebé? - Victoria questiona à Alexis, enquanto come o seu iogurte. É num instante, ela estava com fome.

- Ainda não. - Alexis responde. - Ainda não acredito que os nossos filhos vão crescer juntos e vão poder brincar.

Victoria fica desconfortável.

- Eu ainda me estou a habituar à ideia, porque isto foi assim uma grande surpresa e estou à espera que Deus se aperceba que se enganou e que aconteça alguma coisa. - Victoria murmura.

- O que Deus dá, não tira, Victoria. - a minha mãe responde. - Vai correr tudo bem, só tens que ter cuidado porque sabes que é uma gravidez de risco. - que bom que a minha mãe é enfermeira.

Amor & ObsessãoWhere stories live. Discover now