Tamaki...

E é claro, não conseguiu por em palavras seus sentimentos por ela.

Doía mais ainda o fato dele ter o pensamento recorrente de que era realmente correspondido. Por mais pessimista que fosse ele não conseguia ver outra razão plausível pela qual ela o beijaria primeiro. Lilith não era o tipo de garota que brincaria com os sentimentos de outras pessoas.

- Tamaki! – ele escutou a voz de Nejire alta demais soar perto de seu ouvido fazendo-o dar um salto na cadeira. – A aula já acabou.

O rapaz levou alguns segundos para administrar a informação, de modo que levou seus olhos para as carteiras desocupadas ao seu redor constatando a informação repassada pela amiga. Tamaki suspirou e pôs-se a arrumar seus pertences.

- Nós vamos almoçar aqui antes de ir para casa. – sua amiga informou. – Talvez depois nós possamos...

- Eu prefiro ir para casa. – cortou-a, mas sem a intenção de soar rude.

Sua amiga não tentou intervir, afinal, depois de tudo Tamaki conseguiu explicar entre soluços, trancos e barrancos tudo o que estava sentindo. Ele não chegou a nomear os seus sentimentos com clareza, mas sua reação a notícia somada a explicação desconexa deixou claro a Nejire como ele se sentia em relação a garota.

E Mirio já sabia.

Em outra situação certamente Mirio e Nejire tentariam insistir de alguma forma, mas eles sabiam que naquele momento Tamaki só precisava de um pouco de espaço para absorver tudo o que havia acontecido. Ele se sentiu grato pela compreensão muda dos amigos, apesar de tudo ele sempre os teria e isso era bom.

- Tudo bem. – ela disse, pondo-se de pé. – Então, vamos?

Mirio também estava na sala, mas mantinha-se em silêncio. Era inédito para o trio, já que os hiatos não existiam devido a faladeira incessante de Nejire e a animação sem igual de Mirio. Aquela situação era estranha e inédita.

Eles se dirigiram para fora da sala e seguiram pelos corredores até o ponto onde os seus caminhos divergiram. Tamaki deixou o prédio da U.A. e seguiu pelo gramado que dava até o portão principal da escola, encarava seus pés enquanto caminhava e sentia o sol aquecer sua pele durante o percurso, isso até ser interrompido bruscamente.

- Meu Deus, desculpe! – uma voz feminina e um pouco ofegante soou pelo ar e Tamaki finalmente percebeu o que havia acontecido.

Uma mulher de cabelos curtos havia trombado com ele, parecia estar com muita pressa e nem se quer parecia se dar conta de que o jaleco estava mal posicionado em seus braços e arrastava um pouco no chão.

- T-tudo bem. D-desculpe, eu e-estava distraído. – pediu sentindo as bochechas queimarem.

Tamaki se curvou brevemente para se desculpar e acabou lendo o nome da provável médica da U.A., ele não sabia que havia novos funcionários na escola. Talvez fosse uma contratação recente.

A mulher não se demorou ali, disse mais alguma coisa que ele não compreendeu e voltou a correr em direção ao prédio, já Tamaki voltou para seu caminho original tentando prestar mais atenção dessa vez.

Isso até seus pés travarem no chão ao recordar do nome gravado no jaleco na mulher que havia trombado. Nanako Saito.

Havia achado familiar, mas não percebeu de primeira que não se tratava de uma funcionária nova da U.A., mas sim da tutora de Lilith, qual a garota geralmente chamava de Nana.

Ele não havia tido coragem de mandar uma mensagem para Lilith, e mesmo se tivesse sabia que as chances de ela responder eram poucas e mesmo se ela pudesse responder Tamaki não queria encher a cabeça da garota que provavelmente já tinha problemas demais.

ALEXITIMIA - Tamaki AmajikiWhere stories live. Discover now