CAPÍTULO IV - Amália

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- Menina Lia, seu Gonzaga falou pro Samuel vir te ver, ele tá lá na sala amuado.

- Avise que estou indo e não mexa nos doces. - Bati na mão dele.

- Tá uma belezura isso aí. Não vejo a hora de chegar o jantar. - Bati outra vez na mão dele que saiu rindo e falou ao ruivinho que já já, eu estaria na sala pra falar com ele. 

Tomei meu tempo bebendo água e aproveitei a calmaria para levar até o ruivo, um dos bolinhos e suco de laranja natural colhido daqui mesmo. Soltei meus cabelos e olhei minha aparência, dessa vez não tem farinha de trigo no cabelo. Fui até a sala e ele estava lindo sob a luz do sol que entra pela janela, os cabelos ainda mais vermelhos pela luz natural, as sardas aparentes no pescoço pedindo uma boa lambida. Desde que meu namorado sumiu repentinamente, nunca mais senti esse fogo por homem algum, até esse belo anjo descer do carro todo tímido e aparentemente nervoso, uma combinação que até então não fazia a minha cabeça, mexeu com a minha líbido na mesma hora, um formigamento natural tomou conta do meu corpo e senti suor escorrer nas costas com a sensação de nervoso que a aproximação dele causou. E o aroma que ele tem? Uma coisa bem máscula, nada de perfume importado, e não é algo como essas colônias baratas vendidas em qualquer esquina. Ele cheira a homem do campo, sabonete, loção pós barba e mato. É como se ele fosse uma extensão da terra, natural e delicioso. O rosto de menino perdido, também ajuda e muito com a vontade de pôr no colo e levar pra cama. 

- Oi, Samuel!

- Olá, Lia. Seu Gonzaga disse que teria me ter por uns instantes de conversa. - Quero por mais que instantes e meter é uma boa ideia. Amália, apenas pare e mantenha o foco.

- Não por instantes, quero dizer. Senta, vamos conversar e por favor tente relaxar, não mordo. - Só se você pedir, merda! Preciso mesmo parar de pensar nele sem tanta roupa. - Prova esse bolo e me diz o que acha, fiz suco de laranja também sei que você prefere natural, mas coloquei pra gelar antes de você chegar porque o dia está quente.

- Me chamou pra provar o doce?

- Também. - Se quiser mais que o doce, estou disposta. Foco Amália. - Na verdade Samuel é que o doutor Gonzaga falou sobre seu problema em relação à moradia. Não pense que é fofoca apesar de ser de algum modo. Quando vim morar aqui, achei a casa grande o bastante para uma única pessoa e até tentei convencer a Marilda de ocupar alguns dos quartos com os filhos e o sobrinho, que você deve conhecer. Você já sabe quem sou de verdade? - Ele provou o bolo e gemeu em satisfação e aquilo foi direto pro meio das minhas pernas, oh merda!

- A dona do lugar. Única herdeira. Mas não é uma mimada, gosta de meter a mão na terra e cozinha como uma fada. O que isso tem a ver com meu problema?

- Quero que venha morar comigo. A casa é grande o bastante e no final do dia vai ser bom ter alguém por perto. - melhor ser direta. - Aceita e vai poder provar sempre e em primeira mão, de tudo o que eu fizer.

- Golpe baixo. Mas não posso aceitar. Tenho o Tornado…

- Aqui tem estábulos.

-  Vai parecer que temos alguma coisa além da relação patrão empregado e…

- Foda-se a maldade dos outros. Quero te ajudar. Já percebi o quanto você é sozinho e bom, eu também sou. Seria como amigos. Você tem conversado mais que meia dúzia de palavras com os outros, menos comigo. Não me veja apenas como a patroa, não quero esse tipo de relação. - Espero que ele entenda onde quero chegar.

-  Provisório. - Fiz dancinha sexy e de vitória por dentro só de imaginar que sem querer posso ver esse homem só de cueca pela casa.

- Ótimo. Amanhã posso te ajudar com a sua mudança. Gonzaga me contou que o proprietário vendeu o lugar mesmo com você pedindo a preferência. Cheguei a fazer uma oferta antes de conhecer o inquilino, no caso você, o cara te sacaneou feio. Outra coisa, semana que vem, um designer deve chegar e vou precisar que você mostre para ele toda a propriedade. Entendo de administrar, mas a questão da terra e tudo mais tenho aprendido um pouco com você, não sinto vergonha em dizer que venho pesquisando para não fazer tantas perguntas idiotas. - Ele sorri e acho que acabei de ver as portas do paraíso.

- Faço com gosto. Se não se importar, queria ir em casa e começar a arrumar as coisas. Não tem muito o que arrumar, mas tenho prazo pra sair e tenho até domingo.

- Nesse caso, posso ir com você e podemos pedir a ajuda do Dagoberto e mais dois homens para trazer o que der, assim você já dorme aqui. Deixe o Tornado em uma das baias, temos a tarde para cuidar da sua mudança. Pode ser?

- Sim. O quanto antes melhor, fico triste por tudo o que trabalhei no lugar ficar para outra pessoa.

- Você é livre para fazer o que quiser aqui, espaço não falta e seus horários ajudam bastante. Em três meses você conseguiu o que o antigo agrônomo não fez em mais de cinco anos. Sou muito grata por isso e o Gonzaga muito mais.

- Obrigado pelo apoio e voto de confiança, isso tem sido bom. - Sorrimos um para o outro, ele terminou de comer o bolinho e beber o suco, depois que levei as coisas para a cozinha, saímos para cuidar da mudança.  

Foi uma tarde interessante, ficar perto do Samuel e ver de perto suas pequenas manias, o homem é todo tímido e percebi os olhares do Dagoberto sobre nós quando falei que ele ficaria hospedado em casa, parecia que estava ferindo a masculinidade dele, achei estranho, porque quando ofereci a casa para a tia dele e o convite se estendia ao Dagoberto também, ele preferiu ficar com a tia. Vai entender essa reação agora? Não tenho ideia do que se passa na cabeça desse homem e sinceramente, prefiro não pensar muito sobre isso.
De fato, boa parte das coisas estavam arrumadas, Samuel é muito organizado, e sendo um solteiro isso é como um milagre, tudo estava em seu devido lugar. Se for comparar meus irmãos com esse delicia de homem, Paulo Henrique e André Luiz de Bragança Matarazzo, continuam sendo dois bêbados falidos, viciados em sexo com prostitutas e apenas isso. Uma “mulher da vida”, como minha digníssima mãe chama, tem muito mais a oferecer em conteúdo e qualidade que esses dois juntos. No entanto, prefiro apenas focar nas manchinhas que ele tem por todo o rosto e pescoço e sonhar com o dia que verei as do corpo inteiro. Será que ele é ruivo lá naquele lugar também?
Em casa, fiz questão de deixar o Samuel em um dos quartos próximos ao meu, preciso jogar com a sorte e quem sabe assim com o tempo ele me deixa ver o que tanto esconde sob as roupas.

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Todas as pessoas que lutam para realizar seus sonhos, devem ser consideradas campeões quando alcançam o seu pódio pessoal.

Vó Cecília, negra, anteriormente cozinheira, conheceu seu valor bem antes de subir ao pódio da vida realizando seu sonho em ter o que deixar como legado para a única pessoa que nunca viu apenas a sua cor. Amália é o grande prêmio de uma avó que estudou e cresceu na vida e se orgulha de poder contar que viveu um amor familiar com sua única neta.

Tenha orgulho de suas conquistas, seja campeão da sua vida!

22/06/21
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AMOR À TRÊS (DISPONÍVEL ATÉ 31/10) Degustação Where stories live. Discover now