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laura macedo;
─── Tem comida pronta, só esquentar ─── Pedro diz ajeitando seu paletó olhando pelo espelho da sala
─── Ok. ─── Murmuro ainda deitada no sofá de olhos fechados respirando fundo assim que à porta se fecha.
Finalmente era final de semana mas não poderia ao menos sair pra praça porque o Pedro continua me deixando de castigo, como se fosse uma criança de dez anos. Era impressionante à forma que ele me tratava como um cliente que estava advogando, acho que tem anos que não nós tratamos mais como irmãos e sim como conhecidos.
O dia estava lindo e ensolarado, o calor regia o Rio de Janeiro em seu normal e seria um ótimo dia pra ir à praia e espairecer à mente de toda e qualquer bagunça interna que tenho vivido mas nem ao menos a redes sociais eu posso usar, não tinha como esse final de semana ser mais insuportável pra mim
Era meio doido pensar que em poucos anos minha vida deu uma virada inimaginável, à alguns anos atrás eu tinha minha mãe ao meu lado, meu irmão sempre protetor, minha melhor amiga e sua amiga é tudo era tão radiante pra mim e sem ao menos me avisar à vida tirou minha mãe de mim, meu irmão se afastou e virou uma pedra de gelo e no fim eu só tinha à Kira e meus traumas ao meu lado, era difícil lidar com tudo isso tão rápido e me pergunto como à Kira lidou tão bem e não sente dor ao lembrar do irmão dela, me dói todos os dias saber que minha mãe morreu sem ao menos merecer isso.
Me levantei e abri às cortinas da sala para à claridade invadir o pequeno apartamento que morávamos, se deixasse toda essa meu desânimo me consumia e eu não iria mais conseguir levantar deste sofá, prendo o cabelo e caminho em passos lentos até o quarto do Pedro, à organização era sempre à mesma e nunca tinha uma linha fora do lugar. Pedro era quem guardava todos os álbuns de fotos que tínhamos, todas às festas e comemorações e eu amava relembrar tudo e ter aquecida dentro de mim à memória da minha mãe
Ana Cláudia, era o nome dela. Minha mãe sempre trabalhou demais para pagar o melhor estudo para mim e para meus irmãos já que nosso pai saiu de casa para morar com outra mulher é desde então nunca mais tivemos contato com ele e o Pedro nem gostava de relembrar dele, minha mãe sempre teve uma alegria fora do comum, o sorriso no rosto era marca registrada e sua arte ao cozinhar também mas infelizmente eu perdi ela sem ao menos esperar por isso, um ataque cardíaco no meio da sala de casa e eu só tinha doze anos quando vi minha mãe me deixar bem na minha frente
Desde então minha vida virou monótona, sem cor e sem alegrias e o mesmo aconteceu com o Pedro que virou frio e distante, continua sendo muito difícil para nós dois. A dor de perder alguém tão importante me faz duvidar da capacidade de existir um Deus lá encima. Qual foi o motivo dele levar minha mãe pra longe de mim ? De levar o irmão da Kira pra longe ? Não entrava na minha cabeça que ele era tão bom assim.
─── Eu sinto sua falta mamãe.─── Murmuro secando às lágrimas que já estavam caindo do meu rosto.
Eu me sentia perdida e não tinha alguém por perto, logo chegaria à faculdade e eu perderia à Kira também e não sei se tô preparada para isso, constantemente tenho medo do que o futuro tem pra mim e como vou reagir à isso.
Sinto falta da minha velha vida, da velha Laura que amava viver e tinha prazer em acordar todos os dias e agora tudo virou uma obrigação. Uma chata obrigação de viver todos os dias mesmo sem alguma vontade
