Reviravoltas

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O dia estava amanhecendo. Olhei em meu relógio e nele marcavam 6:58 da manhã.
O céu acinzantado era coberto por nuvens nebulosas prestes a chorar. Comigo não era diferente.
Eu me sentia como aquelas nuvens, extremamente cheias para descarregar tudo. A tristeza, o ódio... eu estava sentindo nojo, não só de Chester, meu próprio pai, mas de mim mesma por deixar que isso acontece-se. Eu não era digna de estar na grifinória e muito menos em outra casa. Eu não era digna de viver no mundo bruxo.
Perdi todas as minhas esperanças naquela noite de que tudo na minha vida seria fácil e do meu jeito. Todo o futuro que eu havia planejado para mim mesma, desabou como um prédio em um terremoto, bem rápido.
A culpa não era só voltada para mim ou para Chester, tenho certeza absoluta que Malfoy também tem um dedinho de culpa. Se ele não estivesse presente em minha vida, eu não teria mais um problema para resolver. Malfoy era um problema, um chiclete em meu sapato, um parasita.
Tudo o que eu sentia era um vazio, parece que o encontro com Chester me deixou morta por dentro.
Kathrina.
O nome ecoou na minha cabeça. O nome de minha falecida mãe. Agora eu sabia mais do que ninguém que todos estavam errados com relação à mim.
Eu não era como minha mãe, pelo menos não mais.
Chester destrancou o lado que eu mais temia.
Eu não vou deixar que ele vença. Não posso deixar.

Estava enlouquecendo. Toda essa história estava me deixando maluca. Ajoelhada no chão e com os dedos entre meus fios de cabelo. Minha cabeça girava.
Ouço a porta ser aberta de um jeito bruto. Braços fortes me envolvem em um abraço forte, de conforto.

- Está tudo bem, querida. - a voz de meu avô estava abafada.

Parecia que a minha audição estava se perdendo. Eu não escutava nada além de sons abafados.

- S/n? Filha, está tudo bem? O que houve? - a voz abafada de Lupin parecia mais preocupada que o normal.

Fecho meus olhos com força desejando que tudo isso acabe logo. Os abro de novo quando minha audição já estava melhor. Não percebi que chorava, meu rosto estava completamente molhado junto com a blusa de meu avô.
Eu não sabia mais o que estava acontecendo. Por que eles estavam tão preocupados?

- Vovô...? O que houve? - pergunto sussurrando.

- Ouvimos você gritar e viemos ver o que estava acontecendo. Você está bem?

- Na verdade não, estou um pouco tonta e... me sinto fraca demais.

- Acha que devemos levá-la ao médico, Charlie?

- Não. - digo com a voz firme. - Nada de médicos. Só... me deixem descansar um pouco.

Eu não gostava de ir ao hospital, aquele lugar me dava calafrios. Não pelos médicos em si, mas pelas coisas que tem, tudo muito branco parecendo um quarto de hospício, os utensílios cortantes para cirurgias... o medo de nunca sair de lá, sair de lá com vida. Enfim, inúmeras coisas.

- Claro, querida.- minha avó concorda.

A mão de minha avó se encontrava sobre seu peito que subia e descia devagar. Ela também estava tentando se acalmar. A mulher de roupão e pantufas da cor de um magenta terrível se aproximou.

- Acho que você devia tomar um banho. Vem a vovó vai te dar um banho.

Ela estende a mão e eu a pego. Me ajudam a levantar, minha avó me segura com a mão esquerda em minha cintura e a outra segurando minha mão me direcionando até o banheiro. Meu avô abre a porta, entramos e ele fecha. Me apoio no balcão da pia.
A mulher vai até a banheira no fundo do banheiro e liga uma das torneiras. A água quente percorre até a banheira, em menos de 5 minutos a banheira se encheu. O vapor da água subia já começando a embaçar o espelho.
Com um sorriso doce ela vem até mim me ajudando a me despir.
Suas mãos ásperas entram em contato com a minha pele nua quando ela me direciona até a banheira me ajudando a entrar.
A água quente relaxou meus músculos.
Minha avó pegou uma vasilha do lado da banheira, pegou um pouco de água e molhou meus cabelos.
Minha cabeça ficou vazia, sem pensamentos. Apenas aproveitando os dedinhos delicados da senhora de meia idade acariciar meus cabelos. Com shampoo e condicionador, a mulher lavou meus cabelos delicadamente.
O rosto de Malfoy veio a minha cabeça. A raiva voltou a me consumir. Tentei esquecer, mas só piorou. As lembranças do que Malfoy havia imaginado outro dia vieram a minha cabeça. Seu corpo sobre o meu em sua cama. Meu corpo começou a esquentar mais do que o normal.
A mulher enxáguou meus cabelos e se levantou da cadeirinha que estava sentada.

Mad World; Draco Malfoy +18Where stories live. Discover now