A Regra

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As férias de verão, como sempre, passaram a correr. Estava a chegar setembro e eu e Luís vivíamos na ansiedade de saber se conseguíamos ingressar nas faculdades que pretendíamos.

Estavamos desfrutar do sol e da piscina quando Pedro, irmão mais velho de Luís, apareceu.

- Então rapazes, não se faz nada? - Comentou no seu tom de brincadeira. Era uma versão mais alta e menos musculada do irmão, tendo uma tez um pouco mais escura devido às férias na Madeira.

- Recuso-me a preparar o quer que seja para a faculdade sem saber onde entrei... - Refutou Luís sem abrir os olhos.

- Não foste tu que te candidataste só aos mesmos cursos? Então... só falta saber onde ficarás. Com sorte, aqui o teu namorado Gonçalo ainda fica na mesma cidade que tu!

Tinha sido muito estranha toda a aceitação por parte da família do meu namorado, parecia que todos já ansiavam que Luís apresentasse alguém lá em casa, e ficaram muito felizes comigo.

- Meninos! Fiz-vos  limonadasl!! - Gritou a mãe de Luís - Gonçalo, não te metas aí ao sol sem o protetor... Cor de lagosta não cai bem a ninguém! Talvez invejes a minha cor, mas não vai ser assim que a irás conseguir.

Fomos até à sombra para beber a refrescante bebida.

-Mãe, estava aqui a pensar... Os miúdos poderiam gostar de ir connosco ao acampamento. Fazia-lhes bem conhecer pessoas e sítios novos.

-Ora que bela ideia! Assim não ficavam estes dias em ansiedade para saberem as entradas da faculdade!! Gonçalo, eu falo com os teus pais se for necessário!

Madalena era tudo o que a minha mãe não era, ajudou-me muito neste verão, tornando-se uma excelente amiga. Mas não foi necessária a sua ajuda para convencer os meus pais, acreditavam que um bom campismo era sempre agradavel.

*

Chegamos ao campismo, éramos um grupo de oito pessoas, eu e o Luís somos os mais novos.

Montamos as tendas e preparamos todas as coisas necessárias para passarmos por lá uma semana. À noite eles grelharam carne e comemos todos numa manta enorme, Luís tinha a sua comida especial vegan.

-Agora seria aquela parte que contava-nos histórias de terror à volta da fogueira, tipo "American Horror Story".- Comento.

-Primeiro, seria impossível meter uma fogueira aqui na manta...Segundo, essas histórias são muito parvas. - Retalha Luís.

-Não fazia o teu irmão um medricas.- Comenta sorrindo a amiga de Pedro.

-Julgo que a culpa seja minha, está traumatizado com os filmes e séries que eu via. - Ria-se Pedro. - Mas, Gonçalo se queres eu conto...

Várias histórias foram contadas ao longo da noite, algumas começavam a ficar particularmente engraçadas devido ao efeito do álcool. Quando o sono apertou foram todos para as suas tendas.

Estava a entrar na tenda quando percebi que seria a minha primeira noite com Luís, uma onda de pânico percorreu-me, estaria o meu namorado a achar que iríamos para campos mais íntimos? Eu nunca estive com ninguém, nem abordara esse tema com Luís, mas dado todo o seu à vontade e forma de viver, e claro o físico, ele deveria de ser bastante mais experiente. Durante o verão limitamo-nos a beijos simples ou àqueles mais elaborados. Ele achava graça à minha falta de habilidade para beijar, mas nunca o impedia de fazer avanços e roubar-me beijos até em locais públicos.

-Que se passa Gonçalo? Parece que viste a Bloody Mary. - Bocejou e começou a entrar no seu saco-cama.

-Pensava que tinha visto aqui uma aranha. - Desculpei-me.

-Então vê se não dormes de boca aberta. - Riu-se da sua própria piada. Depois aproxima-se de mim e dá-me um beijo de boa noite. Enrosca-se no saco de cama e adormece instantaneamente. Naquele momento achava que iríamos ter algo mais, a magia foi-se um pouco, mas agradecia o facto de ter sido assim, não me sentia preparado.

Nos dias seguintes fizemos uma série de atividades radicais, canoagem, rapel e escalada. Estava a ser uma semana bastante intensa, e Luís não me pressionava para nada quando estávamos na nossa privacidade, mas a cada dia sentia-me mais confortável com o seu calor na tenda e adormecer com a sua respiração trazia-me sensação de proteção.

No penúltimo dia realizamos um peddypaper organizado pelo parque de campismo, fomos divididos em equipas de dois e seguimos os nossos caminhos. Eu e Luís revelámo-nos uma equipa bastante eficaz e trilhamos o nosso caminho sem quaisquer problemas. Encontramos uma gruta bastante fresquinha e decidimos passar lá o nosso almoço, sandes de carne grelhada do dia anterior para mim, e uma salada de coisas lá dos vegan para Luís. Depois de comermos deu-nos uma moleza e ficamos esticados a apreciar a gruta.

-A natureza é incrivel. - Comentava Luís. Depois chegou-se mais perto de mim e beijou-me intensamente.

Estava a ficar sem fôlego quando ele parou e olhou-me profundamente.

Senti a sua vontade no seu olhar ardente,  ele queria mais e percebi que iríamos avançar naquele momento para outros campeonatos. A mão dele percorreu a minha cara e raspou na minha espécie de barba de dias. Beijou-me o pescoço levemente, eletricidade percorreu o meu corpo desde as pontas dos pés aos cabelos. A mão dele deslizou para o meu abdômen, tirou-me a camisola e percorreu todo o meu tronco com beijos. Eu naquele momento já me sentia rijo, toda a minha pulsação fugia-me, não sabia como me controlar, ele mexia com os meus sentidos como ninguém, fazia-me flutuar...

Um estalinho de alerta deu-se na minha cabeça quando percebi que ele estava a tirar-me o cinto, paralizado com a onda de prazer nem fui capaz de o impedir de avançar. Queria mais, mas ao mesmo tempo não queria, estava confuso. A minha cabeça estava a girar, foi quando senti os seus lábios húmidos mas quentes a envolverem o meu pénis. Os movimentos que ele fazia ditavam a sua experiência, uma onda de ciúme percorreu-me por imaginá-lo com outro rapaz, mas o prazer proporcionado era maior. A minha respiração alterou-se, nunca havia sentido algo parecido, ele explorava cada detalhe e demorava-se nos seus movimentos. Mas foi quando ele aumentou o seu ritmo que uma explosão se deu e eu senti que havia atingido a órbita da terra. Não sabia se devia de me sentir envergonhado por não ter conseguido aguentar mais tempo, ou se era suposto ser rápido.

Ele aproximou-se de mim, ainda a limpar os cantos da boca, beijou-me novamente. Ofegante comentou:

-Espero que tenhas gostado. Eu tinha esta regra na minha cabeça de só avançar quando me sugerisses para avançar... mas não consegui conter...

Eu ainda não conseguia raciocinar, queria sentir cada pedaço do seu corpo, de talhar cada músculo tonificado de o sentir da mesma forma que ele me sentiu.

-A partir de agora podemos ser mais espontâneos. O que me dizes dessa regra? - Comentei, sem saber como uma pessoa como eu seria mais espontânea.

Luís beijou-me novamente e eu perdi-me nos braços dele, tirei-lhe a camisola e apreciei cada detalhe no seu corpo. Apenas uma frase surgia na minha cabeça "Era a única regra".

Aventuras-te a Escrever?Where stories live. Discover now