Passei por algumas pessoas e percebi que a música que estava começando a tocar era americana, a multidão de pessoas me deixava confusa.

Anna logo me puxa pela multidão e chegamos no bar que não tem muita gente, ela tira o casaco o deixando na cadeira ao meu lado.

-Você fica aqui enquanto eu vejo por aí?- ela pergunta.

-Sim.- assinto tirando o casaco e prendendo na cadeira em que sento.

-Ok. Beijo.- ela sorri.

Mordo o lábio ficando sozinha e colocando os cabelos para trás enquanto o barmen começa a se aproximar de mim. Nunca pedi uma bebida.

Meus pais me deixam beber vinho e cerveja em casa e as vezes quando eu saio, mas eu nunca pedi bebida de boate, nem sei se deveria confiar em beber alguma coisa.

Levanto o olhar e ele está me observando, os olhos dele são castanhos e brilham junto com as luzes da boate, tento sorrir para ele falar alguma coisa.

-Você é nova aqui.- ele fala sério.

-Mais ou menos.- balanço os ombros.

-Você não age como uma pessoa que já tenha vindo em uma boate.- ele dá um sorriso sombrio.

-Como eu agiria?- levanto as sobrancelhas.

-Já estaria falando com um dos caras que está secando você.- ele aponta discretamente.

Olho para o lado e vejo uns quatro caras olhando para mim, assim que faço isso eles logo desviam o olhar. O barmen coloca algo na minha frente e viro o rosto de novo.

Vejo o copo cilíndrico longo com uma bebida azul clara e um canudo neon, levanto o olhar para ele e parece estar se escondendo em sombras.

-Não vou beber.- balanço a cabeça.

-É por conta da casa.- ele fala calmo.

-Mesmo assim, não vou beber.- sorrio.

-Então por que está aqui?- ele cruza os braços.

-Porque....

-Com licença.- um cara fica ao meu lado.- Tudo bem? Posso pegar uma bebida?- ele tem sotaque inglês.

-Não, eu...

O inglês senta ao meu lado e olha para o barmen, que ainda está com os braços cruzados e parece bem mais calmo. Percebo um movimento mínimo da sua cabeça.

-Ei, idiota, não tá ouvindo?- o inglês sorri.- Eu quero um uísque.

-Eu acho melhor...- começo a pegar meu casaco.

-Não, querida, não quer tomar algo para relaxar?- ele toca meu braço.

Dois caras fortes aparecem e começam a arrastar ele para fora, arregalo os olhos quando vejo que um deles tem uma, preciso sair daqui. Primeiro tenho que achar Anna.

-Eu...- começo a pegar meu casaco.- Tenho que ir.

-Não vai nem me falar seu nome?- ele pergunta em uma calma estranha.

-Kate.- pego as coisas de Anna.

Não ouço o que ele fala depois já que estou na multidão, respiro fundo vendo Anna dançando com um cara muito mais velho. Vou até ela rapidamente.

-Anna.- seguro o pulso dela.- Vamos embora.

-Agora?- ela franze as sobrancelhas.

-Sim, agora.- olho para o cara.- Vamos.

Puxo ela com força enquanto saímos daquele bar, se um dos seguranças tinha arma podia ser perigoso ficar por ali, ainda mais se houvesse uma briga.

-Que merda é essa, Kate?- ela fala enquanto pego as chaves.

-Olha, a gente nunca mais vai fazer isso.- dou a volta no carro.

-O que aconteceu?- Anna bufa.

-Aconteceu que a gente fez merda e precisa voltar para casa.- dou a partida no carro.

-O que você viu?- ela parece curiosa.

-Nada demais.- começo a dirigir.

♧︎︎︎

Kate Reed

Saio do banheiro ajeitando minha camisola e deito ao lado de Anna, que já está no décimo quinto sono. Estou tão cansada que logo vou estar igual a ela.

Encaro o teto creme do quarto dela e mordo o lábio passando os dedos pelo colar que ganhei quando tinha onze, é um colar de ouro com um pássaro de asas abertas.

Nunca mais tirei esse colar e as vezes me acalmo quando acaricio ele, não consigo parar de pensar naquele barmen do bar, em como ele me olhava...

Nunca tinha saído com um cara, o primeiro cara que quis me convidar para sair foi assustado por meu pai e pela chave de fenda que ele estava segurando.

Ou seja, eu nunca tinha namorado e muito menos deixado um cara me tocar, tudo graças ao meu pai, que sempre ficava em cima de mim sobre isso.

Agora só o que me restava era fingir que nada disso tinha acontecido e que tinha passado a noite inteira na casa de Anna, senão meus pais me matariam de verdade.

Ela Não É MinhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora