Capítulo 5 - Estratégia militar

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Gritos ecoavam dentre os pátios da Base Naval no porto de Apra em Guam. O contra-almirante Thomas Wolf acabara de se reunir por vídeo conferência com o tenente-general das forças armadas americanas, senhor Erik Morgan. Por ordens expressas do general do exército George Nelson, o oficial deveria fortalecer uma aliança de urgência entre o departamento da Marinha em Guam e a 31° Unidade Expedicionária Marítima e Fuzileiros Navais vindo de Okinawa, no Japão.

Quem olhava para Thomas não identificava em seu superior se estava apreensivo com as informações que lhe eram passadas recentemente ou se estava eufórico por finalmente voltar às ações de guerra. Foi para isso que ele havia se alistado quando bem jovem, ainda na Califórnia, EUA.

Passou por muitas privações para alcançar à patente que havia chegado, mas não se arrependeu de nada, pois esteve presente à frente de muitas batalhas em diversas ocasiões, e essa adrenalina era que lhe fazia se sentir vivo. O até então major Wolf fora transferido para Guam há quatorze anos, com a promessa de se tornar almirante da marinha em pouco tempo, elevando sua patente hierárquica muito rapidamente.

O oficial levou sua esposa e seu jovem filho de seis anos, sendo este alfabetizado nas duas línguas, inglês e chamorro, idiomas oficiais falados na ilha. Desde que chegou às Ilhas Marianas, iniciou a missão de paz estabelecida pela ONU, utilizando navios e até mesmo o lendário submarino USS Frank Cable para resgates de náufragos, acidentes aéreos e catástrofes naturais próximas a Guam, como tufões, tsunamis, etc.

Thomas já não sentia mais seu sangue ferver há uns bons pares de anos. Teve alguns pequenos contratempos, como aquele acidente com um ladrão que rondava as ilhas da região roubando artigos e pedras raras das lendárias cavernas de Guam, Rota e Saipan. Isso aconteceu há aproximadamente cinco anos, quando já havia sido promovido a contra-almirante de uma estrela.

Fora algo que nunca tirou de sua cabeça, pois, em uma perseguição, o bandido acabou se afogando nas águas das Marianas sem nunca terem encontrado nenhum rastro de seu corpo e dos artefatos roubados, pelo menos era o que havia reportado aos seus superiores. As buscas se estenderam por alguns meses, gerando um alto custo e, por sua vez, frustrando a promoção de patente de Thomas.

Desde então, tudo voltou ao marasmo de sempre, com as mesmas missões determinadas pela Organização das Nações Unidas, sem qualquer emoção dominando seu corpo. Sentia sua alma definhando aos poucos, com apenas cinquenta e sete anos de idade. Precisava sentir-se vivo novamente e não havia hora melhor para atender àquela ligação do oficial Morgan com as ordens do general Nelson.

O tenente-general Morgan havia sido muito claro e convincente na conferência, lembrou ele: "Contra-almirante Wolf, o excelentíssimo senhor general do exército lhe ordenou que não poupasse esforços para vasculhar a área e encontrar a causa da explosão, mesmo que tenha que descer com o submarino USS Obstinatus para mergulhar por aquelas bandas. O mundo necessita dessa proteção e seremos nós quem salvaremos mais uma vez a humanidade. Não deixaremos nenhum terrorista atacar. Se precisar, atacaremos antes".

— Major Preston! — gritou o quase almirante ansioso para lhe dar ordens. — Reúna todo o comando na sala de treinamento agora. Tenho uma missão que envolverá a todos da base naval.

Thomas Wolf voltou para sua sala, exigiu que ligassem para a unidade dos fuzileiros navais em Okinawa, no Japão, para traçarem uma estratégia da força-tarefa para o cumprimento da missão. Passados trinta minutos desde a exigência da reunião com todo o comando e o término da ligação, o almirante chegou à sala de treinamento, onde todos estavam à sua espera.

— Senhores, o que eu tenho para lhes falar é algo muito importante, e não as baboseiras de ajuda humanitária que a ONU sempre nos manda fazer nesses últimos anos. A missão que tenho a apresentar vai exigir dos mais bem treinados marinheiros da ilha, além daqueles que não temem a morte como eu. O general do exército americano, assim como todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos ordenaram descer às profundezas das águas geladas e escuras da Fossa das Marianas, pois foi registrado uma explosão de grande magnitude e precisaremos identificar sua causa. Submergiremos dentro do USS Obstinatus até a profundidade que conseguirmos alcançar. Mas estejamos preparados, pois há indícios de que outras nações estejam rondando a região e que possivelmente isso foi um ato terrorista. Os fuzileiros navais também foram acionados e partiremos em uma expedição militar em três dias.

Ele fez uma pausa e olhou para os rostos dos outros militares que o cercavam.

— O capitão Ford, comandante do navio Emory S. Land, fica incumbido de selecionar seus homens de confiança para ancorar, junto à Força-Tarefa 75. A embarcação servirá de apoio para a missão, responsável pelo fornecimento de suprimentos, alimentação, água, eletricidade, assistências médicas e quaisquer peças de reposição ou equipamentos para os submarinos.

"O capitão Sanchez seguirá com o barco patrulha WPB-1337, vigiando as águas ao redor de Guam e a comunidade das Ilhas Marianas do Norte.

"O capitão Roberts comandará o barco patrulha WLB-215, que navegará junto do Emory S. Land para auxiliar na proteção e segurança da missão, realizando buscas e salvamento, além de apoio à proteção do meio ambiente marinho.

"Major Preston comandará o Esquadrão Submarino 15, responsável pelo comando, estratégia e monitoramento da missão diretamente da base naval de Guam.

"Capitão Pontes e sua equipe estarão a bordo do submarino USS Obstinatus juntamente dos fuzileiros navais que estão vindo à ilha, para fazer todo o patrulhamento abaixo do nível do mar até uma profundidade de 8.000 metros. Já eu irei a bordo do batiscafo Aequor, qualquer outro tipo de embarcação não conseguiria vencer as pressões exercidas pelas águas profundas do mar.".

Este era um mini submarino fabricado para submergir em grandes profundidades, desenvolvido pelo próprio contra-almirante e engenheiros há aproximadamente três anos, após o fatídico episódio do ladrão que afundou no mar e desapareceu sem deixar vestígios.

— Alguém tem alguma dúvida? — questionou o primeiro-almirante, sabendo que ninguém ousaria levantar a mão. — Sendo assim, vamos salvar o planeta!

Todos se levantaram, aplaudindo e ovacionando as palavras do empolgante líder e, aos poucos, esvaziando o auditório da base naval.

Assim que não sobrou mais ninguém na sala, Thomas caminhou em direção ao mapa onde havia feito um risco na região conhecida como Challenger Deep, na fossa das Marianas, e deu um sorriso ameaçador.

— Dessa vez eu te encontrarei, seu maldito! — disse para si mesmo. — Tenho certeza que isso tudo é culpa sua e daquele submarino idiota que te salvou. Dessa vez, você não sairá ileso, custe o que custar.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora