Prólogo

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O ar ainda cheirava a carne queimada, um odor horrível, assim como a visão da cidade destruída que um dia havia sido King’s Landing, a capital dos Sete Reinos. O anão que bamboleava rapidamente sobre as curtas pernas tortas e atrofiadas - e que era conhecido por todo reino por muitos nomes diferentes: Duende, Meio Homem, Regicida, Traidor, a Mão do Rei, mas ele preferia o nome que lhe foi escolhido quando veio ao mundo, Tyrion Lannister, apenas Tyrion e já se dava por satisfeito -  avaliou os destroços dos edifícios e os feridos que passavam por ele enquanto se dirigia até o cais. Era uma mistura de cinzas e corpos queimados, tudo terrível de se presenciar. Entretanto, a cidade poderia ser reconstruída, e por mais que soubesse que as pessoas carregariam as marcas daquele dia pelo restos de suas vidas, de algum modo a vida continuaria, mas Tyrion Lannister jamais deixaria de se perguntar o que de fato havia acontecido ali.

Ele deu uma rápida olhada por sobre o ombro, e suspirou ao ver primeiro os três homens de sua escolta e ao fundo as ruínas da Fortaleza Vermelha, com o grande estandarte Targaryen ainda dançando contra o vento. Não sabia o que o irritava mais, a guarda que havia recebido desde que se tornara mão do novo rei, dois dias antes, era composta de nortenhos que não pareciam mais felizes em o proteger do que Tyrion de ser protegido por eles, e mais uma vez ele disse a si mesmo que assim que as coisas se acalmassem, arranjaria seus próprios homens, que tivessem as espadas e lealdades juramentadas aos leões de Casterly Rock, e não aos lobos de Winterfell. 

Agora quanto ao estandarte do dragão… Ele estremeceu de forma sútil. Aquilo era uma lembrança constante de Daenerys Targaryen e dos fatores desconhecidos que a levaram à queda. O anão sabia que não deveria admitir em voz alta, mas quanto mais pensava sobre o que acontecera, menos sentido encontrava no que conhecia por fatos. Não conseguia se lembrar com clareza como ela havia chegado a loucura identificada por ele e Varys, e menos ainda de quais foram os motivos ou o exato momento em que ambos chegaram a essa conclusão.

Afastou os pensamentos ao identificar Sansa Stark pela cabeleira ruiva, ela estava há uma boa distância dele, de frente ao navio que levaria o irmão a Atalaialeste do Mar na manhã seguinte, e observava o mar e o céu de fim de tarde com uma expressão pensativa. Ela era agora a Rainha do Norte, e a guarda que a acompanhava era digna de seu título, oito bons homens comprometidos a dar suas vidas pela dela se necessário, oito boas espadas nortenhas. Não importava para onde olhasse, havia nortenhos em todos os lugares.

Levou um tempo até que a alcançasse, sentia uma exaustão diferente de qualquer coisa que já havia experimentado na vida, e que o deixava incontestavelmente mais lento, mas quando finalmente se aproximou os homens se agitaram para impedir sua passagem. Aquilo o irritou ainda mais.

Sor Lothos Branfield, o capitão da guarda da nova Rainha do Norte foi o único ao qual ele reconheceu entre eles. Tyrion gostava de ser Lothos, e sorriu para ele quando se aproximou.

Como vai, sor ?

Muito bem, meu lorde. - Lothos Branfield já não era nenhum garoto, mas quando tinha uma espada em mãos era como se fosse, embora fios grisalhos já começassem a despontar de sua bela cabeleira negra. Sansa tinha feito uma boa escolha. - O que faz por aqui 

- Vim me certificar de que está tudo certo com os preparativos para a partida de Jon. - Ele virou a enorme cabeça desproporcional a seu corpo na direção de Sansa e fixou seus olhos desiguais nos dela. - Podemos trocar algumas palavras, Sua Graça ?

Houve uma leve hesitação da parte dela, antes de assentir para Sor Lothor permitindo a aproximação de Tyrion e se afastar um pouco de seus homens, mas mantendo-se perto o bastante para o caso de qualquer um dos Imaculados ou Dothrakis que andavam por ali tentassem alguma coisa. Ambos sabiam que tentariam se tivessem a oportunidade. A repercussão do conselho que deu a coroa a ela e ao irmão não foi bem recebida pelo exército de Daenerys, e considerando que a maior parte dos Dothrakis haviam se juntado a Yara Greyjoy a preocupação era compreensível. A nova senhora das Ilhas de Ferro e Dragonstone ainda era dolorosamente fiel à rainha morta.

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