— Quero que me diga o que pretende com essa reunião ridícula? Por acaso quer rescindir o contrato? Por que se for esse o caso, se tivesse lido o contrato com atenção veria quais medidas tomar.

— Não quero uma ação drástica — diz e se remexe na cadeira. — Exijo a punição do funcionário que cometeu o erro.

— Quem decide o que fazer com algum funcionário meu sou eu, e para constar: Não tomo medidas com base apenas nas palavras seja de quem for. Qualquer fato deve ser averiguado, e com precisão — acrescento.

Sua face fica avermelhada e o vejo suar.

— Eu sou o cliente, o senhor tem que por obrigação acatar minha vontade.

O homem é muito mais ridículo do que eu poderia imaginar. Eu coço a testa e solto um riso e continuo a encará-lo.

— Eu não tenho obrigação nenhuma com o senhor, e se acha que vai com sua conversa descabida conseguir alguma coisa de mim está enganado.

Ele se levanta e bate a palma das mãos na mesa, eu permaneço em minha cadeira e o encaro com calma.

— Sim, a sua empresa tem a obrigação de prestar seus serviços com propriedade e posso muito bem pedir uma indenização por prejuízos causados pela falta de comprometimento de vocês — esbraveja.

— O senhor queira se sentar e se acalmar, aqui não é sua casa e não tolero selvageria de ninguém, sendo cliente ou não — demando com voz baixa, porém com precisão.

Ele engole a seco, pega um lenço do bolso e volta a se sentar enxugando a testa.

— Perdoe-me, estou nervoso, pois posso perder um grande negócio por conta do atraso de vocês — afirma.

Olho para Renato que até o momento permaneceu quieto, a meu pedido. Pois chegamos a conversar antes dessa reunião e quando começou a explicar o que de fato ocorreu fomos interrompidos pela chegada de Dantas.

— Renato, você sabe me explicar o que aconteceu? — pergunto.

Ele acena e abre uma pasta sobre a mesa e me entrega.

— O senhor Dantas está certo em afirmar que não fizemos a entrega — informa.

Eu pego o documento e olho, ali consta o pedido do nosso produto e no final um carimbo de cancelado em vermelho, olho para a outra folha e leio. Sacudo a cabeça e me volto para Simone, a gerente do setor financeiro.

— Você tem o relatório do banco? — questiono.

— Antes de vir para essa reunião enviei tudo para o e-mail da Maria Eugênia — conta e na mesma hora minha assistente me estende a impressão do e-mail e alguns anexos. — Está tudo em ordem e não há erro, senhor Clarke — completa.

Analiso a documentação com cuidado, mesmo sabendo que minha equipe não iria cometer um erro grave, ainda mais em um caso onde o cliente quer arrumar um culpado para alguma merda que fez.

Volto a olhar para Dantas.

— O senhor leu o contrato? — Indago.

— Não sei por que isso é relevante — elucida nervoso.

Respiro fundo. Não vejo outra saída a não ser ter uma conversa com José Carlos. Meu faro diz que Dantas está enrolado, ele fez alguma coisa errada e está tentando se safar nos atacando.

— Bastante relevante, já que no contrato diz que a falta de pagamento suspende todos os serviços por nós prestados — argumento enfático e quando ele pensa em falar algo, levanto a mão e o impeço. — Eu tenho uma ótima memória senhor Dantas, lembro que em uma de nossas reuniões José Carlos revelou que você era seu braço direito, além de tomar conta de tudo em sua ausência, era o principal responsável pelas finanças, então deve saber que não houve pagamento nos dois últimos meses.

Desvenda-meWhere stories live. Discover now