Capítulo Único.

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Andromeda observava atentamente enquanto os dedos ágeis de seu primo deslizavam pelas teclas do piano branco. Seus ouvidos afiados, a atenção focada aos sons que preenchiam a sala, em como a melodia parecia dançar entre as paredes de cor vívida.

Tinha ensinado suas músicas favoritas para ele quando criança, mas as notas ainda estavam frescas na memória do mais novo.

O sorriso maternal preenchendo seus lábios ao que ele terminou, e contente consigo mesmo, virou-se para ela, ainda sentado no banquinho. Era diferente a forma como Sirius a via, como a mãe que infelizmente não era presente em sua vida.

Não da forma como ele precisava.

— Você foi excelente, Estrela - Andromeda disse com carinho, os olhos cor de avelã brilhando ao encontrarem os azuis dele — Muito, muito bem! Titio ficará orgulhoso, assim como eu.

O garoto, que naquele dia completava dezesseis anos, levantou-se em um rompante para abraçar a prima. Apertado. Lágrimas grossas escorreram por seu rosto pálido quando enterrou-se contra o pescoço da mais velha.

O peso daquele dia ainda pairando nas costas do jovem Black, a cada ano a dor de comemorar seu aniversário era maior. Para Sirius, não havia motivos para comemorar, de fato. E Walburga fazia questão de recordá-lo disso.

Ao contrário de Andromeda, antes uma Black, agora desgarrada e em busca de sua própria história, quase uma Tonks.

Para ela, havia sim motivos de comemoração, e gostava de deixar claro para o garoto ainda abraçado a si.

— Sempre será o meu menininho, Sirius. Não importa o quanto cresça - soou divertida — Já está maior que eu, mas ainda é o meu pequeno garotinho. E eu amo você.

— Também amo você, Andie - a voz chorosa retumbou em seus ouvidos, rouca pela tristeza, pela dor da rejeição.

Um beijo casto foi depositado no topo da cabeça de Sirius, e então em sua testa. Um sinal de respeito, de amor e devoção. Estariam juntos contra tudo e todos, principalmente se fosse contra sua família.

Andromeda não deixaria que aquelas pessoas tão ruins, despedaçassem Sirius como haviam feito com ela. Como haviam tentado. Falhou com sua irmã mais nova e não deixaria se repetir.

— Lucretia e titio Alphard prepararam um bolo pra você, sabia? Foram comprar presentes e buscar seus amigos do colégio. Ted virá também, quer conhecer você e pedir minha mão.

Sirius riu baixinho, cobrindo a boca com o dorso da mão livre. A outra estava entrelaçada a de sua prima, sentindo a confiança e a paz de estar em um lugar onde era querido.

— Verei se ele merece você. - empertigou-se, a vendo inclinar a cabeça — Estou brincando, percebo o quanto Edward te ama. E você merece uma família... Uma de verdade.

A mão livre de Andromeda foi com calma até a bochecha do primo, acariciando a pele fria.

— Eu tenho uma família de verdade, Sirius. Tenho você - ela sorriu pequeno — E você, antes de qualquer um, é o que preciso. Teddy será parte da nossa família, assim como a pessoa que você escolher para si.

— Estaremos sempre juntos, Andromeda?

A dúvida pairava na mente do adolescente, como se em algum momento, todos fossem virar as costas para ele. Abandoná-lo.

— Para sempre juntos, Sirius. Sem medos, apenas... nós dois e quem mais for capaz de nos amar como somos, sem amarras ou ideais torpes.

Flashbacks pareceram deixar seus olhares turvos, havia sido uma longa caminhada lado a lado, até aquele momento.

Um grito alto e estridente soou, fazendo ambos piscarem atordoados. A voz de Lucretia, filha mais nova de Alphard, tomou forma quando as gargalhadas de James, Peter, Dorcas, Remus, Lily, Marlene, Alice e Frank soaram. Assim como Regulus, que com uma pequena ajuda dos Marotos, havia conseguido fugir.

— Acho que seu bolo está pronto, querido.

EstrelaWhere stories live. Discover now