Capítulo 13 - Jogos de Azar

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    Ficaria da altura de Sorel. Não era um pensamento que lhe agradava.

– O príncipe foi o preço de Kara por nossas cabeças, ela tem o trono. – Mas os realistas de Awen não precisam saber disso. As palavras da feérica não abalaram a mulher. Será que ela não entende? Kara escolheu Elawan como Mestre da Guerra por muitos motivos. 

– Foi ideia sua que ele me chantageasse com a história de Cardiff; mas a bem da verdade, não ordenei a morte dos seus filhos. – Ele estava sendo sincero. Tanto quanto podia. – Me creditar o Banquete Cinza só aumenta o medo que têm, no reino e além. Não quer me opinião, mas feéricos controlando onis? Exagero até para minhas habilidades. 

    Sorel enterrou a mão no cabelo dele, puxando sua cabeça para trás.

– Já sabia?

      E não me contou.

       Daquele ângulo, a visão dele era gutural. Um protesto veio do fundo de sua garganta, os lábios cheios se contorcendo em protesto. A feérica liberou seus dedos com um movimento brusco.

– Escrevi a Moria esta tarde, indicando como proceder. Pretendia ignorar o quanto fosse possível, talvez o julgamento se desse antes do previsto. A duplicada que cantará nossa música aos senhores ainda está na cela.

      Lidney gargalhou. Um som terroso e amargo. 

    Ela se ergueu como um animal arisco, arrancando o prendedor sem delicadeza e investindo contra Sorel. A feérica não teve o tempo de um piscar. Elawan se colocou entre elas empurrando a branah para trás. As mãos do lorde se fecharam contra o punho da mulher, um aperto de aço.

– Não pode me destruir, Lidney. Podia ignorar as ameaças contra mim. – A voz era um rouco rosnar. – Mas veio até minha casa e atacou os meus, apenas por isso – ronronou em seu ouvido, o prendedor pressionando o pescoço da mortal. – Vou caçar seus filhos, pegar o que roubaram de mim e juro, entregá-los a Cernudos com bastante agonia. – O Lorde do Fogo Encarnado não hesitou. Um estalo e a fuste de metal se enterrou no pescoço da humana. Tomar o ar era inútil. – Ainda assim sua morte será mais branda que a dele.

      Eu sei...

       Uma lágrima salgada brindou o último pensamento de Lady Lidney Khant, nascida em Elath, filha da casa Woody.

Sorel ofegava. Olhos castanhos tão arregalados quanto podia.

      A batida na porta interrompeu a ira de Elawan. A branah desprendeu os olhos do corpo da humana. São tão frágeis. E ainda assim ela havia tentado matá-la. Por que, sua maldita? O Banquete Cinza foi um acidente, não era para ter acabado daquele modo. Elawan não teve culpa daquele monstro não ter controle. O que você queria?

– Tenno – Sorel avisou ao lorde. Ele ainda torcia os lábios, como se para conter a si mesmo. – Os cães mataram o wyvern dele.

      Antes da terceira batida trovejar na madeira, Elawan saiu com um sorriso solidário para apaziguar os ânimos do aliado.

– Explicarei o que sei junto aos outros lordes para fazê-lo de uma só vez. Adianto que lorde Khant está por trás disto. Ele estava aliando interesses a Vineheim ao que parece, mas receio não ter provas no momento. Lamento, amigo, Kervan ter chegado tão longe.

     Ele teria uma pantomima completa quando chegassem à câmara de audiências, onde os lordes o estavam esperando, beberiam vinho e uma épica rapsódia composta por Elawan. Sorel esperou que se afastassem para então apagar a vela. Mais uma vez lamentou Gal'win não estar ali, para se livrar do corpo.

Entre Damas e EspadasWhere stories live. Discover now