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Não sei.

Não sei quem sou eu.

Talvez eu saiba ou talvez eu simplesmente não queira saber.

Dizem por aí que sou um poeta. Mas será eu mesmo um poeta? Ou sou um poeta criado por outro poeta?

Fato que nunca saberei. Talvez.

Como posso iniciar minha história, meu conto sobre mim, sobre eu, meu eu. Como eu surgi de onde me ergui?!

Uma coisa sobre mim eu sei, não gosto de pausas. Muitas das vezes sou direto e reto. Sigo uma linha reta sem pedágios. Mas as vezes as palavras se encontram em encruzilhadas. Outras vezes pedregulhos pequenos que não significam nada, mas quando vem pedregulhos gigantes é como uma tempestade de pedra sobre uma rocha.

Eu nasci da tormenta. A Tormenta de rosas. Não lembro de ter infância, não mais.

Cavei um buraco.

Eu saio do buraco.

Rastejei sem penejar.

Penejando minha mente.

Com sangue vermelho em minhas mãos.

Com sangue negro em meu coração.

A tempestade da rosa negra.

Assim eu cheguei nesse mundo, sem mais e sem menos, apenas trevas em meu corpo. Trevas eu via ao meu redor. Poderia ser um sonho quem sabe? Não sei. Mas ali não havia nada além de terra, pedra e rocha seca.

Meu nascimento nesse mundo de nada eu entendia, mesmo porque não havia nada para entender, pelo menos não ao meu redor. Do que adianta eu sozinho nesse mundo tão vasto, vazio e solitário? Sou um espectro vagando em terras áridas.

Por anos vaguei e sempre só, enquanto minha mente formulava novos pensamentos, que mais eram perguntas para zero de respostas. Quase todas as noites eu dormia de baixo de grandiosas tempestades, repleto de fúrias e trovões. Fúrias essas que voavam entre explosões dos trovões. Que a cada brilho era possível ver elas voando por entre a tempestade e me observando.

Ainda acho que estavam rindo de mim. Rindo enquanto eu ali estava no meio do nada, tomando chuva, com frio só e perdido, tentando entender algo de que nada entendia.

Ainda as vezes.

Para e penso.

Noites adentro.

Entre tempestades e luxurias.

Que me aposso.

Noite e dia.

Sem medo de me levarem embora.

A cada novo dia.

Meu corpo um certo dia ficou em chamas. Senti aquela ardência que por acaso seria 'novamente'.

Já sentira antes, mas ainda não me recordo de onde ou quando. Eu não senti nenhuma dor em meu nascimento mas sentira agora ao me ver pegando fogo.

Aquele estrondo que escuto. Olho para cima e uma luz incrivelmente brilhante surge entre as nuvens que vão se dispersando vagarosamente. Assim surge o primeiro apocalipse. Que eu diria como um convite pessoal, para um apocalipse particular.

Exclusivamente só para mim.

Assim vagarosamente a rocha cortou o céu ao meio.

Uma listra enorme deixou flutuando.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 11, 2021 ⏰

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Poeta da Rosa NegraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora