Não Shoko, é claro, ela estava quase tão próxima quanto, mas mantinha uma posição muito menos íntima.

A brasileira não tinha senso de espaço pessoal, em geral ela simplesmente não gostava de contato físico com alguém que não fosse seu amigo de infância, mas aquela não era uma cena nova à sua visão. A proximidade dos dois evoluiu muito. O que, mesmo assim, não acalmava o mostro do ciúmes dentro dele.

Eles não eram particularmente carinhosos em público um com outro, nunca foram, o portador dos seis olhos que era uma bolha de carência e necessidade de atenção. Um carrapato em suas existências que quase não deixava que tivessem um momento sozinhos juntos desde que começaram a se aceitarem melhor.

Ele só percebeu que havia soltado Kento em sua distração quando o viu movendo seu melhor amigo para longe dele. Que pena que não estava mais interessado em incomoda-lo.

Seus passos o levaram aos seus interesses sexuais automaticamente. Sua vontade estava relacionada a separa-los para se espremer naquele espaço entre eles, porém sua abordagem foi impedida antes mesmo de começar.

Geto ganhou uma pelúcia enorme e a ofereceu gentilmente, tão gentilmente, à técnica em energia reversa ao mesmo tempo em que Uyara a incentivou a aceitar com uma expressão gêmea em seu rosto. Shoko estava os encarando como se eles fossem inacreditáveis, não em um bom sentido, mas queria o brinquedo e o reivindicou mesmo assim.

Nem por um momento ela reconheceu a postura relaxada demais que os dois possuíam e os olhares cúmplices de luxúria sobre seu corpo. Ou talvez já estivesse acostumada com esse comportamento quando se tratava da dupla e não fosse capaz de leva-los a sério.

Satoru não sabia o qual dos pontos o cegava mais.

Mas o pior eram as outras pessoas que também haviam parado para observa-los, que encaravam suas propriedades como se eles fossem matérias suculentas a disposição de quem ousasse se aproximar para pegar. Ninguém além dele tinha o direito de olha-los assim. De repente sua vontade de marcar território não estava nada relacionada à intimidade dos seus amigos e sim aos vermes intrometidos que os cobiçavam como bestas no cio.

Ele não pensou muito bem, apenas foi adiante e quando percebeu o que estava fazendo já havia empurrado aquele panda, que o lembrava desagradavelmente do filho do Yaga-sensei, para fora da mão do controlador de maldições e agarrando seu rosto para si.

Talvez fosse melhor deixar o planejamento de ações com Kioku, que era definitivamente menos impulsiva com coisas importantes. Ele havia imaginado fazer isso sentado na grama próxima ao lago, com as estrelas desfocadas no céu e uma música calma de fundo. Próximo a meia noite e com uma promessa saborosa do que poderia vir depois.

No entanto, ele roubou o primeiro beijo do seu igual na área de jogos, com a outra parte que deveria estar envolvida lhe encarando mortalmente, menos de quinze minutos depois de terem chegado e ao som de Ieire se afastando de seus colegas problemáticos.

Ele registrou que Suguru tinha lábios finos e deliciosamente macios, mas não prolongou o contato para permitir que o outro raciocinasse o que estava acontecendo. Se separou com a mesma brusquidão que veio e se curvou para repetir a ação com a fonte de violência mais baixa.

O que faltava de carne na boca do japonês era compensado na da garota. Uma pressão grossa, tão suave quanto a outra, mas que ele se forçou a também se afastar antes mesmo de permitir um começo verdadeiro.

Houve um segundo para contemplar aqueles olhos negros vibrantes e as bochechas vermelhas, bem como a expressão estagnada do outro: corado de surpresa e interesse. Mas isso não durou.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu