Capítulo 27

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Patrick me encara com suas lindas sobrancelhas franzidas. Me obrigo a focar em seu rosto, não no quão confortável ele parecia estar em sua calça de moletom preta e o casaco igualmente escuro. O maldito óculos tornava olha-lo uma tarefa difícil. 

- Uau, você fez mesmo um contrato. - Seu tom cético.

- Claro que fiz. 

- Você não acha um pouco demais ? Pensei que fosse brincadeira. - O papel em sua mão parecia leve, mas de certa forma um objeto de complexo entendimento. 

- Trabalho na área administrativa, tudo o que faço requer categorias, contratos, listas. E oficializar nunca é demais. Preciso apenas que você leia, veja se está de acordo e assine. - Reconheço minha voz de escritório fluindo de maneira viva e sagaz.  Como Patrick não saia de minha mente, decide usar meu tempo extra no serviço para digitar o contrato, foi prático e rápido. No entanto, está durando uma vida para ele assinar. 

- Acho que isso é demais Lucca, não precisamos disso. - Suspiro, me jogando na sua cama. - Você sabe que os limites desse acordo não podem ser definidos por um contrato, além do mais, eu decide que quero você chupando meu pau. 

Impulsiono meu corpo sentando-me tão rápido que meus olhos vertiginaram por alguns segundos. 

- Como você é indecente. - Ele levanta seus ombros. O contrato indo de encontro a sua mesa. 

- Quando terá outra oportunidade de ter um homem como eu na sua vida ? -  O sorriso confiante me deu um soco no estômago.

- Nem sei como te responder, essa egocentricidade é algo com a qual não sei lidar. 

- Negar também não pode.  - Queria poder inverter sua lógica, mas quanto mais o olhava, mais persuasivo seus encantos soavam. 

- Ok. - Me levanto, enfio minhas mãos no bolso do meu casaco e abro o meu sorriso "ser gentil com o próximo sem mostrar que não quer estar sorrindo".  -   Boa noite Patrick. 

Não perco a confusão em seus olhos. Assim que deixo seu quarto corro escadas abaixo, pego minha xícara de chá - sim, estávamos na metade do ano, extremamente frio, chá era a salvação - mas quando estou prestes a subir Olivia surge com sua estranha máscara verde na face. 

- Porra que susto! Parece uma assombração. - Seus olhos reviram.

- Pelo menos agora você sabe o que eu tenho de lidar todo dia de manhã quando eu olho para essa sua cara.  

Ela era maldosa!

Decidido não responder suas grosserias. Assim que chego no meu quarto, me acomodo na cama com a xícara entre minhas pernas dobradas. O que eu estou fazendo faz parte do plano. Em algum momento eu disse que daria espaço para Patrick e toda a baboseira de respeitar limites, mas pensei melhor e nah, não quero isso. Ele já teve tempo suficiente. 

Além do mais, ele acabou de admitir que queria também, estamos de boa. Já joguei todo o meu estranho charme em cima dele, agora era hora de aguardar. Não estou me fazendo de difícil, essa palavra nem existe no meu dicionário, porém, talvez Patrick esteja. Esse não era o tipo de jogo que eu gosto numa troca sincera, mas se ele curte isso, não vejo porque não abrir uma exceção. 

Minha mãe vivia a dar conselhos para a minha irmã sobre ela se valorizar, não mostrar demais, ser direta e certeira no que queria. Não eram para mim, mas eu os aceitei mesmo assim. E aqui estou eu os colocando em prática. 

Não sei quantas horas depois, uma batida me distrai da série que assistia. 

- Entra. - Sorrio com o jeito tímido de Patrick ao entrar no meu quarto. O homem era um fingido. 

- O que você está fazendo ? - A deslocada timidez some tão rápido quanto apareceu, um ar prepotente a substituindo. 

- Vendo série ? - Me lançando um olhar impaciente se encosta na porta fechada. 

- Qual o seu jogo ? - Me mantenho quieto. - Você é aleatório Lucca, não dá para saber qual a sua. Eu devia dar em cima de você ? 

- Não sei, deveria ? - Queria rir de sua impaciência notável, mas me mantenho sério. 

- Poderia ser uma brincadeira sobre o contrato. 

- Você acha que eu escreveria um contrato de brincadeira ? Você sabe o quanto leva para criar um contrato válido e de acordo com as normas gramaticais ? 

- Quem em sã consciência faz um contrato para ficar com outra pessoa ? 

- Eu! Ainda mais quando a outra pessoa se faz de difícil. - Murmuro.

- Eu não me fiz de difícil. 

- Por que então está dizendo isso no modo defensivo ? 

- Eu não estou no modo defensivo. - Diz ele totalmente no modo defensivo.

- Você pode beijar qualquer pessoa e literalmente fazer um menáge, mas não ficar comigo? E o papinho de que não quer se machucar ? Patrick eu sou homem e isso é dica passada. 

- O que você... -  Patrick passa suas mãos pelo cabelo sedoso. Sua expressão confusa.  - Você é insuportável. 

- Notícias velhas, quero as novidades. - Eu estava implicando com ele, Patrick não era do tipo estressado, no entanto, sua paciência tinha limites supérfluos. Tenho muita habilidade em trocas de farpas, Olivia era meu treino diário, ninguém me vencia nisso, a não ser a própria Olivia. 

Patrick era definitivamente uma pantera ou a encarnação humana de uma - se isso fosse possível -, em poucos segundos nossas bocas estão unidas, sua língua entre meus lábios, territorializando cada parte da minha boca. Não que eu esteja reclamando. Meu corpo reage naturalmente a seus toques que eu não tive por longas duas longas semanas. Toco por onde meus dedos conseguiam passar, apalpando esse corpo fodidamente pesado em cima do meu. 

O ar me faltava, mas Patrick parecia uma boa causa para abdicar da respiração. Sua mão apertando a minha mandíbula nos afasta, com tal liberação sugamos todo o ar disponível no ambiente. Fecho meus olhos aproveitando o carinho de seu nariz contra o meu, seus lábios acariciam meu queixo e bochecha. Foda-se as pessoas que diziam que gostar de homem era errado, pois se for... eu iria pra ao inferno e teria que tomar chá com o diabo. 

- Você me beija como se quisesse que eu te fodesse. - Meu corpo apreciou sua fala, pois o arrepio foi sentido até os dedos do meu pé. 

- Que bom que deixei claro. - Procuro seu lábio inferior, saboreando-o. - E você me beija como se quisesse me foder. 

- Estamos em sintonia. - Um sorriso bonito quebra toda a pose cem por cento sexual, a variando para uma expressão divertida.  - Só para sua informação, eu não daria uma desculpa ridícula como "não quero me machucar" para fugir das pessoas. 

- Eu sei, você só está muito caído por mim. É o efeito Lucca, uma vez que me provam, é muito complicado esquecer. - Me gabo como o grande idiota que sou. 

Os olhos escuros, apesar de aparentarem felizes, carregavam outra cópula de sentimentos. Reconheço alguns deles em mim: o desejo, o apresso, a necessidade, mas não conseguia entender de onde vinha o temor. 

- Talvez você tenha razão e eu caí no efeito Lucca. - Estremeço quando suas mãos entram por debaixo de meu casaco, o frio de seus dedos se aquecem com a troca de calor entre nossas peles. Sua boca retorna a minha de maneira mais suave, curto os seus lábios nos meus completamente enfeitiçado. Talvez eu tenha caído no efeito Patrick e não fazia a mínima ideia de como sair disso. 

E, para ser sincero, nem sei se queria. 



Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Where stories live. Discover now