R: E aí? Deu tudo certo? - perguntou, esperançosa.

Bianca só conseguiu chorar. As lágrimas escorriam rapidamente e a mulher não emitia som algum, completamente em dor. Se viu desesperada, sem saber o que fazer. A mineira ficou entristecida, e muito preocupada com o estado de Bianca ali desmoronada em sua frente. Entretanto, esperou que a mulher se recompusesse para conversarem.

B: Eu teria tudo para ser compatível com a minha filha, Rafa... - começou, do nada, assustando a mineira. - O tipo sanguíneo e todos os vários exames que fizeram comigo. O médico até disse que parecia que ela só tinha mãe, genética e fenótipo.   

Rafaella sorriu.

B: Mas aí... - fez uma pausa. - Eu sofri aquele acidente no começo do ano... - fez menção para continuar chorando, e a mineira pegou em suas duas mãos, a encorajando a falar. - E eu não sei se você lembra, ou sequer sabe, mas eu passei por uma neurocirurgia.

R: Eu sei... - disse, lembrando bem da situação.

B: No pós-operatório, eles precisaram me dar alguns medicamentos para previnir sequelas, como convulsões. E um desses remédios provocou uma pequena lesão hepática, pelo o que eu entendi.

R: Ô Bia... - abraçou a mulher fragilizada.

B: Eu queria muito poder doar, Rafa... doar para nossa menina, mas eu não posso! Eu disse que não me importava com os riscos para a minha saúde, mas a ética médica não permite. - enxugou as próprias lágrimas. - Ele disse que a merda desse medicamento aumentou umas enzimas aí e causou essa lesão, mas eu nunca tive nada, Rafaella! Ainda que seja algo leve e que não me traga maiores complicações para mim no futuro, não posso ficar sem uma parte do meu fígado.

R: A gente vai encontrar outro doador, Bia. Pelo o que eu li e perguntei pra Thelma e pra Marcela, essa avaliação é bem rigorosa mesmo.

B: Eu sei... - disse, ainda tentando parar de chorar. - Eu sou uma inútil! Nem salvar a Laura eu vou poder... era melhor que nossos filhos fossem todos gerados por você! Você conseguiria doar!

R: Deixa de falar bobagem, Bianca. - falou séria. - Se fossem as duas geradas por mim, a Laura não seria a Laura e eu não teria uma cópia sua para morrer de amor toda vida que olha para mim. Os olhos dela, e todo o resto, são iguais aos seus. - disse, olhando admirada para a carioca.

Bianca olhou bem para os verdes merejados da mais velha, que tinha a expressão muito transparente para a interpretação da carioca. Por um instante, sentiu muita vontade de poder beijá-la, mas se conteve muito para não o fazer.

B: Minha mãe tá vindo com a Íris para o hospital... - disse, tentando não pensar mais no que estava pensando. - As duas têm o mesmo tipo sanguíneo, meu pai e meu irmão não têm, então... são duas chances a menos.

No final do dia seguinte, foi descoberto que nenhuma das duas poderia doar. Mônica era diabética e Íris apresentou na tomografia uma má-formação anatômica no fígado. Bianca e Rafaella estavam novamente sozinhas no quarto com a filha adormecida, aos prantos.

Não sabiam o que fazer, só iriam conversar com o médico no dia seguinte pela manhã para verem o que fazer, até que Bianca recebeu uma notificação do WhatsApp. Era Clara enviando uma foto de Malu.

 Era Clara enviando uma foto de Malu

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