Capítulo 11 | I'm Trying to Reach You

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Mas crianças são crianças e a ideia da aventura sempre falava mais alto, principalmente quando havia algo de interesse.

Definitivamente não foi difícil encontrar quem estava procurando, já que a mulher se destacava entre as demais jovens que se ocupavam ali. O corpo esbelto, as madeixas ruivas—mesmo que mechas brancas manchassem o delicado tom de cobre—as sardas que lhe recobriam o rosto.

Uma das mais antigas funcionárias daquela casa, a qual todos respeitavam e relembravam.

Bethany Gale, a cozinheira chefe.

Charles um dia havia dito que ela trabalhava para a família quando o pai dele—o avô de Amelia—ainda era vivo. Todavia, a mulher não era assim tão velha, beirando os sessenta anos—sendo mais nova do que a própria Eliza. Não era muito difícil supor que ela estivesse ali desde muito jovem.

Bethany? —indagou Amelia, embora sua voz mal fosse audível no caos que a cozinha se encontrava—Sou eu, Amelia. Podemos conversar?

Mesmo que fosse difícil escutar o que a Stratford dizia, o rosto da mulher mais velha logo virou-se na direção do dela. No momento em que seus olhos castanhos fitaram os verdes da jovem, Bethany sorriu amavelmente. A Gale tinha um enorme carinho pela sua senhora, independentemente do fato de que a moça fosse amiga de sua filha.

—Amelia, querida! —exclamou Bethany, batendo as mãos sujas no avental—Que surpresa agradável! Nunca pensei que virias até aqui.

—Nunca havia pensado sobre isso, também. —murmurou ela, tentando esconder sua vergonha—Mas eu preciso conversar contigo. À sós, preferencialmente. —ela completou, frisando bem as palavras de sua última frase.

A mulher mais velha apenas assentiu e fez sinal para que Amelia a seguisse. A jovem não hesitou e começou a andar atrás de Bethany—ela não duvidava que a cozinheira conhecia um local onde a conversa delas não poderia ser ouvida.

Não foi nem um pouco surpreendente quando as duas se direcionaram até um corredor estreito, entre uma escada e uma parede. Lá haviam armários embutidos, suas portas quase desaparecendo no papel de parede escuro.

—O que ocorreu, querida? Se algo de ruim aconteceu contigo, conte-me. —o tom de preocupação na voz de Bethany era genuíno, aumentando ainda mais o constrangimento de Amelia.

Ela não queria admitir que estava ali por um motivo tão egoísta. Havia interrompido a rotina da mulher apenas para que pudesse procurar alguém que talvez nem queria vê-la. Mesmo assim, ela teve de continuar.

Não havia andado tanto para desistir.

—Por favor, não te preocupes. É algo simples, creio eu... Até egoísta, eu diria. —disse a Stratford, desviando o olhar.

Já lhe bastava o quão horrível se sentia, abusando da preocupação de uma mulher tão gentil.

A mais velha apenas ficou em silêncio, esperando as próximas palavras da Stratford. Amelia respirou fundo, tentando ignorar os sentimentos de repulsa que a dominavam. Ela só precisava pronunciar algumas frases, e toda aquela situação desapareceria, por mais difícil que parecesse. Aquele não era o momento para que fosse dominada por suas emoções.

—Bem, creio que saibas onde os membros da família Irving estejam hospedados. Se esse for o caso, eu queria que me informasses qual é o quarto do Maximillian, o filho mais novo. —começou, tentando soar o mais objetiva possível.

Agora faltava a mentira a ser contada.

— Eu preciso lhe entregar alguns... Err, documentos. Então, se não for um pedido muito complicado, poderias dar-me esta informação? —finalizou Amelia, abrindo um sorriso gentil, inocente, como se não houvesse despejado um monte de mentiras bem na frente da mulher.

Fios de CobreWhere stories live. Discover now