— Meu avô comprou pra mim quando fomos a uma feira artesanal a beira mar. Eu estava esperando por ele enquanto comia uma casquinha e ele apareceu com um pequeno embrulho atrás das costas. Ele disse que era um amuleto da sorte para um garoto especial e de coração bom. Foi a primeira vez na vida que me senti incluso, muito mais do que um qualquer na família.- contou nostálgico, as íris azuladas se tornando quase cristalinas ao se lembrar de alguns fatos de sua vida.— Minha mãe guardou pra mim quando me mudei porque a correntinha havia arrebentado quando... Enfim. Nora se lembrou de me devolver, disse que ia trazer sorte.

— Com o que?- perguntou curioso, sua pele tocando os símbolos desenhados na prata tentando enxergar ali todos os sentimentos bons que Louis sentiu ao usá-lo pela primeira vez.

— Principalmente com você.- confessa sentindo um comichão se alastrando rapidamente por seu peito nu, ousando subir para seu pescoço.

— Isso em seus olhos...- começa apontando com o indicador.— É vergonha, hm?- implicou se aproximando com um sorriso rasgando o rosto, nem tentando esconder sua felicidade. Louis desviou o olhar, ganhando em resposta um beijo suave em sua testa.— As vezes você é tão...

— Bobo?- arriscou inseguro.

— Eu ia dizer apaixonante, mas isso serve bem mais.- estalou os dedos repetidas vezes indicando a quantidade exuberante em clara provocação. O menor em seus braços grunhiu antes de se afastar para espirrar, aguçando os instintos protetores de Harry.— Você é lindo corando, mas 'to realmente preocupado com a sua saúde, então guarde esse assunto para mais tarde, vamos tomar banho.

— Vai me deixar massagear seus cabelos?- pediu com um biquinho adorável, implorando aos céus para que esteja se parecendo com algo fofo e convincente.

Harry soprou um "gatinho bajulador" antes de concordar hesitante e Louis o puxar para dentro do banheiro rapidamente, temendo que Styles volte atrás com a decisão.

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Louis cantarolava um blues, a letra sobre passar um tempo a sós com uma pessoa especial soando tão bem ao sair dos lábios bonitos que Harry, em seu estado de puro relaxamento aproveitando a massagem nos cabelos, não sabe dizer se em algum momento escaparam de sua boca todos os elogios sinceros que rondavam a sua mente. O menor, no entanto, guardou todos eles como se fosse sagrado, tirando proveito de estar atrás de Harry para sorrir largo, se recusando a fazer comentários a respeito, temendo que ele reprima seu inconsciente caso suas suspeitas sejam confirmadas. Todas as vezes que a voz se elevava algumas oitavas e reverberava pelos azulejos brancos do banheiro, causando um doce eco sem falhas ou tremulações, Styles exclamava em satisfação, deitando mais a cabeça nas mãos de Louis e tornando a repetir que por todas as poucas vezes que esteve no céu, podia afirmar que esse deveria ser o mais novo canto dos anjos– consequentemente recebendo em troca dedos suaves massageando de forma ainda mais prazerosa seu couro cabeludo.

— Ok, - Louis começou assim que a canção chegou ao fim, permitindo que Harry fosse para de baixo da água para tirar o condicionador dos cachos cor de chocolate.— se você não quer ser chamado de Alvin...- um sorriso travesso pintou seus lábios ao escutar o outro bufar, tendo clara consciência de que ele revirou os olhos em tédio e falsa irritação.— então eu deveria te chamar de Asmodeus?

Sentindo-se vitorioso, Louis assistiu como se fosse a sua cena preferida de Grease os músculos das costas de Harry se tencionando tão rápido quanto o seu verdadeiro nome havia sido pronunciado. As pintinhas passaram a ficar sobre os holofotes, e os pelos da nuca se eriçaram para acompanhar o processo. Para conter a risada convencida, ele se virou e alcançou o pacote com o sabonete que o hotel oferece afim de ensaboar seu corpo e fingir estar distraído, quase indiferente.

a little death {lwt+hes}Where stories live. Discover now