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Meu pai parece perplexo com o que acabara de ouvir

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Meu pai parece perplexo com o que acabara de ouvir. Sei que ele é minha aposta mais segura, já que minha mãe não daria ouvidos à minha causa. 

— Deixa eu ver se entendi… — reformula ele, ainda intrigado. — Você quer deixar a escola…

Engulo em seco. 

— Não necessariamente. Só quero deixar de frequentar a escola e passar a ter aulas em casa. 

— Certo… — ele limpa a garganta, mantendo-se calmo. Isso é um bom sinal. — Por quê? 

Engulo em seco novamente. A desculpa já foi toda trabalhada na minha cabeça há meses. 

— Eu não gosto da escola. — Não é mentira. — E também não gosto de conviver em público com muitas pessoas. — Outra verdade. — Sou anti-social, então viver naquele ambiente é uma tortura sem fim. Por que me submeter a isso? Por favor, pai — acrescento uma súplica, tentando amolecer o seu coração. 

O meu pai suspira e massageia as têmporas. Eu quase posso ver as engrenagens rodando dentro da sua cabeça enquanto ele pensa como lidar com sua filha mais velha. 

— Olha, Briana… — faz uma pausa e me olha com seriedade. — Sei que a escola pode parecer um porre às vezes. Conviver com pessoas, com personalidades diferentes todos os dias não é fácil. Entendo isso. Mas… ter aulas em casa? — Encolho diante do seu tom que faz parecer a ideia toda absurda. — Isso é extremamente drástico, querida. Não posso concordar com isso, e tampouco sua mãe. 

— Mas, pai… — tento. 

— Não podemos passar a nossa vida isolados, Bree — um lampejo de lamento passa por seus olhos. — Sei que tem dificuldade de fazer amizades, de se adequar, mas você não pode continuar afastando as pessoas ao seu redor. Você precisa tentar. 

Não quero tentar. 

Baixo o olhar, sentindo-me impotente. 

— Você vai continuar indo pra escola, Bree — ele faz uma pausa que parece carregada de intensidade. — A menos que haja um motivo muito sério que te faça querer ficar em casa. — Outra pausa. — Há algo que queira me contar? 

Arrisco um olhar para ele, e sua apreensão me desarma por completo. As palavras entaladas na minha garganta me causam uma sensação ruim e me atinge como se eu tivesse levado um soco no meio do estômago. 

— Não — forço um sorriso. — O senhor tem razão. A ideia toda é meio estúpida. 

Ele me observa por mais alguns momentos, desconfiado, como se quisesse descobrir a verdade por trás das minhas palavras. Por fim, papai estica o braço e puxa minha mão que até então estava repousada em meu colo. 

— Você pode me contar qualquer coisa — diz ele com uma voz suave. — E sobre essa sua aversão às pessoas… acho que podemos resolver esse problema com ajuda médica. O que me diz? 

Se você fosse minha • COMPLETO Where stories live. Discover now