II - A MÁSCARA DE SEGREDOS

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            Talento. Embora a dificuldade em pensar naquela palavra fizesse Penélope bufar era a única que poderia descrever o homem a sua frente. O pianista usava uma capa preta com capuz que impedia as pessoas de verem seu cabelo, usava luvas de couro e a máscara era dourada, cobrindo a face por completo. Ninguém se importava, o foco estava direcionado na música. Era nova, sabiam. Todas as músicas que ele tocava eram repassadas de pessoa em pessoa, quando havia alguma nova no repertório logo era reconhecida e comentada. Aquela era tão bela quanto as outras ou até mais, alguns convidados o elogiava e se sentiam abençoados por estarem ouvindo aquela melodia em primeira mão.

            Brianna, Charlotte e Meredith cortaram a multidão e chegaram até onde Penélope estava. As irmãs da moça comemoraram por estarem tão perto do pianista, ainda mais Charlotte que não escondia a empolgação. Estava estampado em seu rosto o quanto o apreciava. Meredith deu um passo a frente, quis ir até ele para interromper aquilo imediatamente que soube de quem se tratava, mas foi impedida quando alguém segurou seu braço. Era Penélope.

            A própria aniversariante se surpreendera com o gesto, não esperava que fosse fazer aquilo. Tinha que admitir, a doce melodia havia encantado-a de uma forma que ela não esperava e a medida que a música avançava Penélope começava a se sentir cada vez mais tentada a descobrir quem era aquele homem e a razão pela qual ele escolhera aparecer justo em seu aniversário. Quando ele acabou muitas palmas foram ouvidas, além de mais elogios. O pianista levantou de seu banco, fez uma reverência em agradecimento e caminhou até nada mais nada menos do que Penélope. Todos observavam com curiosidade a cena, ela agora estava perto demais para ver o brilho amendoado dos olhos dele. Ele colocou a mão dentro de sua capa e retirou uma rosa vermelha com pétalas tão vivas que Penélope duvidou que houvesse colhido antes de chegar ali, era provável que escolhera uma do jardim da casa.

             — Isso é para mim? – perguntou e o homem estendeu a rosa em concordância – Eu não gosto de flores.

            Era mentira. Além de gostar de flores as rosas eram as suas favoritas, todavia Penélope queria continuar mostrando resistência. Ela pôde sentir o olhar de ódio de Charlotte em cima dela junto com o sentimento de inveja que havia se espalhado no ar. Brianna deu um belisco em seu braço, indicando que ela deveria aceitar a rosa. Penélope revirou os olhos e pegou a flor, dando um sorriso sem graça.

            — Obrigada.

            O homem maneou a cabeça como se dissesse de nada e estendeu o braço para ela, os cochichos aumentaram então o duque de Kensington surgiu em meio a multidão na companhia da esposa.

             — O que diabos está acontecendo aqui? – exigiu, raivoso.

            Meredith tentou mentir dizendo já estar controlando a situação, um sorriso mais verdadeiro que o outro surgiu nos lábios avermelhados de Penélope. Se eu dançar com ele não vou precisar dançar com Henry, pensou e envolveu seu braço no do pianista. Os dois seguiram para dentro do salão com os olhares dos convidados em cima deles. O duque estava ficando vermelho de raiva. A noiva de seu filho dançando com um desconhecido? Um ultraje que ele não permitiria. Ele seguiu atrás dos dois e parou bem em frente a eles.

            — O que pensa que está fazendo? – indagou.

            — Indo dançar, oras – Penélope respondeu e ambos desviaram do homem baixinho.

            Meredith podia jurar que desmaiaria ali mesmo, nos braços das filhas mais novas pelo vexame que o pianista estava causando.

           — Henry! – chamou o duque – Onde está Henry a uma hora dessas!? Como ele pode deixar isso acontecer!? Quando esse garoto aparecer eu vou...eu vou...

Uma Sinfonia Para Dois [CONTO COMPLETO]Where stories live. Discover now