Capítulo 9 - Quase jantar Caterida

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      Uma confusão se propagava.

      Carter foi lançada ao chão pelos empurrões.

       Lohkar tomou o ar como se nele pudesse beber a paciência

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       Lohkar tomou o ar como se nele pudesse beber a paciência.

– Às favas com o querer deles – proferiu o capitão. – Nossos visitantes trouxeram duas dúzias de cavaleiros, cada. Quero meus guardas nas ruas, mantendo a segurança da população! O dever de vocês é para com o seu lorde e suas terras. Se insistirem em atender as vontades de Mestre Argo então podem se pôr a serviço dele.

      Os guardas se dispersaram, amuados, para fazer o que lhes fora ordenado.

      Por Niníve, isso está um caos. As ruas estavam apinhadas de foliões e a festa corria sem dar atenção aos guinchos do wyvern ferido ou seu irmão zangado. Bile ainda lhe subia a garganta quando lembrava dos olhos do réptil penetrando os seus. A prata batida havia se tornado baça como o luar. A morte se apoderando daquele sangue frio. Sangue de guerreiro. Pedaços generosos do animal haviam sido retirados com abocanhadas, não em lugares aleatórios. As escamas do wyvern variavam na escala de cinza, mas foram manchadas pelo sangue negro que escorrera de sua garganta, rasgada com eficiência. O animal ciciou mais uma vez antes do seu irmão alado recair sobre ele, com Inari montada em seu dorso. Lohkar vira sua senhora estremecer diante da visão da amazona, mas ele não se atrevia a imaginar o que se passava na mente de Sorel. Mas, de algum modo, sentiu o que se passava com os wyverns quando estes se encontraram.

      A criatura menor, a de Inari, se mostrou incapaz de desvirar o ferido que, de barriga para cima, se contorcia inquieto. Eles agitaram as línguas bifurcadas, tremendo como se conversassem em uma linguagem reptiliana. E Lohkar compreendeu, sem entender de verdade, ele não vai sobreviver. Estava demasiado ferido e, de sua garganta, minava sangue negro.

     A luz tênue das estrelas ganhava um tom espectral e as fogueiras tingiam a cidade de ouro e escarlate. Estava na rua do Trasgo quando a figura de Tenno saltou sobre ele. O comandante alado tinha a testa brilhando de suor, havia corrido para chegar ali. Oscilava entre o pálido e o vermelho enquanto deslizava o olhar entre a besta nos céus e o capitão.

– Irmãzinha – Sua voz estava embargada. – O que Inari fez com a Irmãzinha?

     A confusão se dissipou na face do lanceiro com um culpado suspiro.

– Aquela bastarda a sacrificou antes que eu chegasse? – Tenno o segurou nos ombros, conhecendo a resposta. 

      Só agora a tensão deixava seu corpo, mas não a lembrança de Inari recaindo sobre eles, montada na serpe. Não trouxera comitiva como os outros, não portava armas. Lady Inari, irmã da Senhora da Marca de Évora e comandante das Tropas Aladas de Awen era bela a maneira exótica do povo do Deserto. Seus cabelos cor de areia estavam presos no que parecia ser uma tentativa de trança que se enrolava em suas curvas como uma cobra dourada até pender na cintura. Era alta como uma feérica, mas não era, de fato, uma.

Entre Damas e EspadasWhere stories live. Discover now