Capítulo 9

5.8K 765 130
                                    


Saía da cozinha com um copo de café quando Patrick chega. 

Ele me deseja boa noite com um sorriso fraco e sem muita atenção segue escadas a cima. Olivia fazia yoga na sala, quando pergunto a ela se reparou algo diferente nele sua resposta é apenas me mandar vazar. Eu tinha motivos para apontar que ele poderia não estar bem hoje, afinal, geralmente sempre que chagava a primeira coisa que fazia era nos iluminar com seu sorriso acolhedor, seja qual fosse o tempo. 

Não era usual aquele tratamento seco. Me disponho a subir para o meu quarto. Tinha que finalizar algumas planilhas para as apresentações da semana. Porém, no meio das minhas contas de gastos, Patrick volta a minha mente. Pisco para dissipar a face dele e tento focar novamente. 

Teorizei que eu estava em looping sobre a noite do terraço porque eu nunca na vida beijei um cara. Pronto. O fato de gostar do beijo me fascinou e possivelmente aguçou minha curiosidade. Não era um idiota completo, confesso que me senti excitado. Era tudo muito natural. 

É isso. 

Batuco meus dedos contra a mesa encarando o numero 79 piscando na tela. E se ele precisasse de alguma coisa ? E se estivesse doente ? Bem que eu não seria a melhor pessoa para ajudar nesse caso, mas eu poderia chamar Olivia se essa fosse a razão. Me adiantando com esse pressuposto em mente vou até a porta de Patrick. Por um momento me esqueço como vim parar aqui tão rápido. E já bato meus dedos contra sua porta num barulho brando. 

- Oi. - Digo assim que ele abre a porta. Patrick não se demora em ficar me olhando, deixando a porta aberta se dirige para cama, o observo se jogar nela cobrindo seus olhos com o braço direito.

Entendendo esse gesto como um pedido para entrar, fecho a porta trás de mim. 

- O seu quarto é bem organizado. - Ele tinha até mesmo uma instante com livros enfileirados perfeitamente. 

- Produzo melhor na ordenação. - Sua voz ressoa polida no quarto mais polido ainda. Combinava com ele. 

Me aproximo e me sento a seu lado. 

- Você está bem ? Precisa de alguma coisa? - Encaro a tatuagem à mostra em seu braço. Parecia uns escritos em coreano ? Chinês ? Eu não sabia diferenciar os caracteres. 

- Só estou cansado. - Descobrindo seu rosto me permite vê-lo por completo. 

O cabelo pendia para trás, deixando sua face visível para mim. Ele tinha umas belas sobrancelhas. Quase reviro meus olhos, não havia uma singela parcela que eu pudesse apontar e dizer que não ornava com a beleza dele.

Só para ter certeza me viro para seus pés no final da cama. Os dedos completamente normais, unhas bem cortadas. Nada desregular. Então era mentira quando diziam que uma pessoa muito bonita de rosto tinha pé feio, ou então, Patrick subverteu essa ordem.

- O que foi ?  - O jeito que sua voz deu uma leve tremida com o sorriso que iniciou em sua face atingiu em cheio meu peito. 

- Nada. Só passei para ver se você estava bem. Só... - Deveria me levantar agora, mas me pego na armadilha de continuar o encarando. 

- Preocupado comigo ? - Levanto meus ombros. Tento forjar uma normalidade em meu ato. Eu nunca pisei no quarto dele antes. E estava aqui por um motivo bobo, tal qual a minha resistência em ir.  - Você me deixa confuso. 

- O que ? - Patrick toca a minha mão. Suspiro como a porra de uma virgem.  - Você descende de qual lugar ? 

Mudo de assunto para desacelerar a queimação em meu estômago. 

- China. Meu pai é chinês. Nasci aqui mas com todo o fenótipo dele.  - Aceno. 

Seus dedos acariciam o dorso de minha mão. 

- Legal. - Ele sorri, sua cabeça se inclina para o lado e nessa posição ele conseguiu se tornar fofo. 

Engulo em seco enquanto trocamos o que para mim parecia ser o mais longo contado visual já estabelecido. Esse seria o momento perfeito para me afastar e voltar a fazer meus deveres. Esse seria um ótimo momento para provar para mim mesmo que eu podia resistir aos meus desejos. Eu já não mais era um adolescente que estava pronto para arriscar tudo com o pensamento de que só se vive uma vez. 

Não. Eu sou um adulto. Formado. Empregado. Ainda jovem, ainda incerto da vida, mas com toda certeza com mais discernimento de minhas ações e as possíveis consequências delas. 

Então, por que mesmo sob tantos argumentos válidos do lado racional de minha mente eu me sinto aproximando da boca de Patrick ? Como poderia negar aqueles lábios que estavam tão pertos dos meus ? Sinto sua respiração contra a minha boca, sua mão subindo para minha nuca, toco desavergonhadamente seu peitoral sentindo cada musculo sob meus dedos. Devo estar perdido na luxuria pois tinha certeza que li uma permissão nos olhos dele.

Sua boca cobre a minha rigorosamente, nada parecido com o nosso beijo na sacada. Sua língua exige a minha enquanto suas mãos me puxam para ele, e eu cedo porque a última coisa que poderia pensar era em me afastar. Em poucos segundos do nosso contato eu já me encontrava gemendo. Era mais forte que eu. Havia algo com a agressividade em seu toque que me deixava excitado. 

Não sei, não me pergunte como ele estava em cima de mim. Eu só conseguia captar que sentia toda a extensão de seu peito contra o meu. Agarro suas costas conhecendo cada músculo que ele deve ter levado anos para manter. Seu corpo no meu pesava e eu estava fodidamente amando essa sensação. Desço mais minhas mãos enquanto ele se ocupava em devorar meu pescoço. Procuro o ar no quarto enquanto decodificava o corpo dele que em quase nada era diferente do meu, mas mesmo assim meus dedos o pincelava como se tudo ali fosse novidade. 

Mordo meu lábio inferior me impedindo de gemer mais alto. Posso não estar atento a vergonha nesse momento, pois meu corpo estava distraído com outras sensações, mas eu sei que teria um acesso de vergonha mais tarde quando lembrasse. E não teria como eu não lembrar. 

Aperto a sua bunda, e como se ele atendesse a um pedido que nem eu mesmo sabia que queria, Patrick começa a se mover contra mim. 

Porra

- Me beija. - Murmuro, sentindo falta de seus lábios nos meus. 

Ele me atende e volta a me beijar. Dessa vez um pouco mais lento e torturante. Seus quadris se movem dolorosamente contra o meu, o pressiono mais contra mim achando impossível esse ser o limite de nosso contato. Patrick afasta sua boca da minha. Reparo quando ele apoia seus braços ao lado de minha cabeça, seu rosto com uma expressão sexy, seus lábios inchados;  algo inflama em meu peito. Enrosco meus braços ao redor de seu torso encarando os olhos escuros.

Conseguia sentir seu membro duro contra o meu, nunca me arrependi tanto de usar cueca na vida. Eu me sentia preso. Queria mais. 

- Acho melhor você voltar para o seu quarto. - Basicamente era como se alguém acabasse de quebrar propositalmente um vidro numa sala de meditação. O som estridente me tirando do envolvimento que nos cercava. Patrick se levanta. Era visível o volume em suas calça. 

Ele limpa a garganta numa tosse desconfortável. 

Me levanto também, mesmo com toda a rejeição de meu corpo em faze-lo. 

- Ok. Eu vou indo. - Ele acena. Passando suas mãos pelo cabelo, seus olhos receosos em mim. - Boa noite.

- Boa noite Lucca. - Ponho na conta da minha excitação o arrepio que me acanhou quando ele disse meu nome naquela voz rouca.

Assim que fecho a porta do meu quarto me inclino sobre ela, encostando minha testa na madeira gelada. Eu não acredito que vou dormir de pau duro por causa de Patrick Taylor. 


Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Where stories live. Discover now