Capítulo 7

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Foi um encostar de lábios. Sentia o tecido, como esperado, macio dos dele. Patrick não me afasta, mas por longos segundos não se move, parecia chocado. Nos afastamos por meros e insignificantes centímetros, nos quais mantive meus olhos fechados, aguardando. Algumas batidas de corações depois, sinto sua mão em minha nuca me puxando para ele. Sua boca agora reagindo a minha. O ritmo era dolorosamente lento, nossas línguas se encontram e interagem sem pressa. Eu não poderia negar que estava intrigado com o beijo a ponto de soltar um suspiro que também poderia ser entendido como um gemido baixo quando ele se dedica a sugar o meu lábio inferior. 

O que serviu para que Patrick dominasse de vez a minha boca. Essa era a primeira vez que beijava outra pessoa em três anos além de Katy. Katy! Ainda com esse nome em mente, que sabia bem a quem pertencia, não conseguia e nem queria me afastar. Seguro na cintura de Patrick aproximando nossos corpos, o sentindo por inteiro. Seu piercing foi a última coisa que lembrei enquanto experimentava dele. Katy tinha razão, o beijo dele era fodidamente gostoso. 

Estava tudo bem eu beija-lo, afinal, Katy beijou duas garotas ao mesmo tempo. Não faria diferença eu beijar um cara. Não se enquadraria como traição, assim como o dela. E por Deus que não fosse, porque a última coisa que poderia pensar agora era se a forma como minha mão deslizou pelo peitoral dele era errado ou não. 

No separamos por pura necessidade biológica de respirar, o que  parecia superestimado quando se tinha a boca de Patrick na sua. Ele enfia seus dedos no emaranhado do meu cabelo e se aproxima beijando meu pescoço. Eu só queria experimentar seu beijo, não avançar para algo mais. Só que eu estava incapaz de agir conforme achei que deveria. Dou-lhe espaço e o sinto mordiscar minha pele. 

Patrick era quente. Todo meu corpo parecia arder em fogo. Será que eu estava com febre ?

Quando ele se afasta, seu rosto diante do meu, pude ver os lábios já volumosos inchados e um tanto avermelhados. Era natural me sentir excitado olhando para a boca pós beijo. Era de um prazer inexplicável saber que eu fui o responsável pelo inchaço de seus lábios e pelo olhar de lubricidade. E era assim que Patrick me olhava agora. 

O som do meu celular fura a bolha sexual ao meu redor me trazendo de volta a realidade. Me atenho a retirar minhas mãos dele e pegar o meu celular. Impeço-me de pedi-lo para não fazer o mesmo, mas sinto a perda quando ele também afasta suas mãos de mim;  volto a sentir o vento gelado que provavelmente ficou suspenso enquanto nos beijávamos. 

Havia três mensagens de voz de Katy. 

- Luccaa, cadê você ? Eu acho que eu quero desmaiar ou vomitar. Você me prometeu estar aqui, cadê você amor ? Não me abonadona aqui Lucca! - Sua voz saiu completamente embaralhada, as sílabas escorregando nas outras, se não tivesse acostumado com sua pronunciação errada quando estava bêbada provavelmente não seria capaz de entender tudo. 

- Eu tô naaquela área de jogos. Um quadro feio vermelho comunista continua a me encarar. Acho que ele não gosta de mim. Lucca o quadro não gosta de mim amor! Eu não fiz nada para ele! Nada! - Sorrio da besteira embriagada que ela dizia. 

- Eu tenho que ir. - Olho para Patrick, seus olhos acompanhando meus movimentos. - Katy precisa de ajuda. 

Não sei porque estava me justificando. Não precisava, mas sentia como se devesse. 

- É, eu escutei. Vai lá. - De novo aquele tom vazio e sem expressividade. 

- A gente se vê em casa. - Sorrio para ele, não dou tempo para ver se ele corresponderia. Katy estava bêbada em algum canto perto de um quadro vermelho comunista que ela julgava não gostar dela, precisa leva-la para casa. 

Coloco em segundo plano o beijo com Patrick. Isso não importava. Foi apenas uma ação provocada pela curiosidade que foi sanada de forma contingente. 

Conclusão final: Patrick Taylor era um puta beijador. 

°°°

-Não me olhe assim. - Katy diz segurando a caneca frente a sua boca. Quando a encontrei conversava com o quadro vermelho, diga-se de passagem, horrível. Desorientada pela bebida tive que arrasta-la até o carro, a viagem foi preenchida por um longo monólogo dela acerca da poluição dos mares e rios.

Agora, tomada banho e com um copo de café nas mãos, parecia mais sã. Nada como a garota bêbada que beijou desconhecidas numa festa qualquer. 

- Você sabe que eu odeio lavar o cabelo a noite. - Resmunga, se aproximando de mim deita sua cabeça em meu ombro. 

- Não gosto quando você bebe assim. - Torcia para que ela esteja sóbria o suficiente para entender o que eu estava dizendo. 

- Eu sei. Desculpa. Reconheço que passei do ponto. - Queria dizer mais, assim como Patrick me recomendou. No entanto, eu ainda era um grande covarde. 

- Tudo bem. Vá descansar. - Retiro a caneca de suas mãos, a depositando na mesa de cabeceira. 

- Vem, dorme comigo. - A ajudo a se ajeitar na cama. 

- Só vou tomar um banho antes. - Katy acena, os olhos verdes se fechando lentamente. Ela segura a minha mão a puxando para próximo de seu rosto.

- Eu te amo Lucca. Você é com certeza o melhor que tenho. - Diz e então deposita um beijo suave no dorso de minha mão.  Aos poucos a assisto entrar para a dimensão do sono, o aperto de sua mão na minha diminuindo. 

Quando começamos a namorar eu era um garoto bobo, jovem e apaixonado. Não acreditava que uma mulher como Katy poderia se apaixonar por mim também. Hoje, três anos depois, ainda me encontro no mesmo estágio. Eu  sempre quis ter aqueles relacionamentos dos filmes, sei que parece batido, mas era como era. Queria algo como eu sempre via no relacionamento de meus pais, eles eram felizes um com o outro, eles se amavam e criaram a mim e minha irmã com todo carinho e compreensão do mundo. 

Até que um dia eles não se amavam mais. Meu pai saiu de casa, minha mãe o superou. E foi quase como se minha infância e metade da adolescência tivesse sido um surto pessoal meu. Ainda acreditava que aquele amor entre eles foi real. E eu queria viver o looping daquele sentimento que eu via nos olhos dos dois. Queria isso com Katy. Criar uma família, ser bom para ela. Ser suficiente. 

Minha mãe sempre dizia que o dia de amanhã não é nosso até que Deus aperte nossa mão. E eu orava para que esse ser supremo que passei toda a minha infância escutando nas tardes de domingo segure a nossa mão para que esse relacionamento dê certo. Mas havia certo incomodo em meu peito e eu não sabia o que fazer com isso. 

- Eu também te amo Katy. 

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Where stories live. Discover now