- Fazer isso não é fácil para mim Katy. - Sussurro em seus lábios. 

- Eu sei amor, por isso te agradeço por tentar por mim. E até mesmo achou alguém para isso. Por que ele ? - Toco seus fios tentando afasta-los de sua face. 

- Ele é legal e como você disse, gato. - E não se sente atraído por você. 

Fiquei pensando em qual seria o tipo de mulher que interessa a Patrick. Talvez mais altas, mais corpudas, com seios cheios ? Não entrava em minha mente como ele não poderia se atrair por Katy. Ela era perfeita. Será que ele estava mentindo ? Não poderia ser. Ele disse para Olivia que ele ficaria com ela, o que levou a um alvoroço de gritos e berros entre Olivia e Tony. Eles apostaram, Tony jurava que Patrick nunca iria admitir tal coisa, já Olive disse que ela era o tipo internacional, todo mundo gostava. 

Será que ele disse aquilo apenas porque eu estava na sala e não queria me ofender ? Ele não parecia ser esse tipo de cara. 

- Eu te amo. Obrigada. - Katy volta a me beijar, me tirando dos meus pensamentos. Acho bom Patrick Taylor apreciar aquele monumento de mulher porque eu estou me rasgando por dentro por ter que compartilha-la com ele. 

°°°


- Bom dia. - Digo me sentando na frente de Patrick. Ele sorri suavemente para mim, ainda comendo seu pão. - Então, você está livre nesse domingo ?

Katy disse que eu deveria ser o responsável pelos detalhes já que fui o único a dar o primeiro passo e arrumei o encontro. Também acho que ela quer me deixar nas rédeas para diminuir minha ansiedade, entretanto, não ajudou. Porque agora eu tenho que conversar sobre me encontrar com meu parceiro de apartamento para fodermos minha namorada. 

Balanço minha cabeça tentando dissipar meus pensamentos. Eu já tinha decidido encarar isso como algo natural. Pessoas transam. Ménage existia. Séria normal. Normal. Ouvi dizer que quanto mais repetimos maior convicção sentiríamos. 

- Sim. Só vou precisar acertar meu fim de contrato antes. 

- Você foi demitido ? - Sabia que ele trabalha como designer. Nunca vi nada seu, mas Tony o elogiava bastante. 

- Meio que sim. Meu contrato chegou ao fim e meu chefe não quer me contratar. Ele me acha bom demais para a empresa dele, de qualquer modo eu já tenho outro, então tudo certo. - Até mesmo a cara da manhã dele era bonita. 

Eu acordava parecendo um orangotango, e eles eram mais fofos que eu. Era cabelo para tudo que é lado, além do fato de meu humor de manhã não ser um dos melhores. Mas Patrick parecia estar pronto para um comercial de margarina. 

O maldito. 

- Que merda, então você tinha dois empregos ? 

- Sim, preciso do dinheiro. Tony não é o único procurando por renda extra. - Ele levanta os ombros, seu sorriso fácil como se o que acabasse de dizer fossem as menores das amenidades. 

Eu não sabia muito sobre Patrick e nunca me importei em saber. Devo manter assim, pois no domingo eu vou ter ele tocando minha namorada. Quanto menos intimidade com ele ter, melhor. 

- Que horas ? E aonde será ? 

- Às nove tá bom para você ?  - Ele acena.  - Vai ser no apartamento dela, te mando o endereço. 

Eu queria um hotel, mas Katy disse que como ele era alguém próximo não havia necessidade de ser num lugar apático como um hotel. Eu não entendi sua lógica, mas me mantive quieto. Depois disso, eu juro que nunca mais quero ter essa experiência de novo. 

- Você está bem com isso ? Mesmo ? Toda vez que me olha parece que quer me matar ou me foder, eu realmente nunca sei. - Sorrio. Ele era um cara engraçado. 

- Eu estou tranquilo. E eu já te disse que sou muito para você, pare de sonhar. - Patrick abre aquele sorriso molhador de calcinhas para mim. Filho da puta bonito. 

- Pare de me olhar assim e eu não sonho tão alto.  - Reviro meus olhos para sua flertada ridícula. 

- É assim que você faz ? Dá certo ? - Patrick estava para me responder quando Tony entra na cozinha, barulhento como sempre. 

- Bom dia seus escrotos da porra. Adivinhem quem vai dar uma festa ? - Tony era o tipo de cara que chamava atenção por ser espalhafatoso. Os cabelos verdes, a pele escura, o rosto simétrico e as roupas sempre estilizadas formavam o todo de quem ele representava. Eu amava o cara. Era um dos meus melhores amigos e eu fui um dos primeiros a vir morar aqui. Atrás dos sorrisos alegres e olhos despreocupados havia muito peso e trabalho. 

- Que festa ? - Pergunto vendo a nojeira que ele fazia de café da amanha. Misturava os pães franceses com katchup, alguns pedaços de frango da janta passada e mais ketchup. Um copo de café ao lado. 

- Dia do Taylor. - Tony aponta o catchup para Patrick, que o encara de volta com suas sobrancelhas franzidas.  - O tema será Patrick Taylor e quem acertar o numero mágico terá uma chance de ganhar um selinho. Óbvio que cada ingresso valera um preço e para tentar a sorte da adivinhação também. O que acham ?

- Você está tentando ganhar dinheiro em cima de Patrick ? - Tony sorri, a obviedade de seus olhos me fez rir. Aquele cara era louco. 

- Sem meu consentimento ? - Patrick continua. 

- Cara, por favor.  Preciso de mais grana e falta pouco. Se você fizer isso por mim eu te dou três meses isento de aluguel. 

- Ok.  - Franzo a testa para facilidade com que Patrick disse sim e principalmente pelo grito de Tony a meu lado. - Eu tenho que ir, a gente se vê.  - Observo-o sair da cozinha depois de dar um abraço em Tony, que beijou sua testa. 

Patrick me lança um sorriso antes de sair. 

- Que cara legal, eu amo ele. - Tony volta a se sentar e começa a comer aquele embaralho de comida. 

- Esse dinheiro é para seu irmão ? - Observo a expressão até então divertida se tornar um cenho franzido. 

Tony vinha de um núcleo família complicado. Sua mãe vivia para jogar e seu irmão mais novo adora uma confusão. E ele sempre estava lá para limpar a barra deles. Afinal, eles eram tudo o que ele tinha. Após a morte de seu avó, que deixou tudo o que tinha, que era basicamente a casa onde morávamos, apenas para ele, Tony em algum momento teve de ser forte para expulsar sua mãe e seu irmão da casa, eles não ajudavam em nada e as contas apenas aumentavam. Por isso ele rendia o lugar. 

Mesmo longe de sua família, Tony ainda se desdobrava para ajuda-los. Trabalhava demais, se esforçava demais para, na maioria das vezes, livrar a barra de seu irmão mais novo. Era visível que eles exploravam sua boa vontade, mas ele não podia virar-se contra eles. 

- Sim, o babaca foi parar mais uma vez na cadeia. Dessa vez, por ser pego roubando o carro do chefe. Sorte dele que continuam a dar opção de fiança. Via chegar o dia em que ele terá que apodrecer lá. - A amargura em seu tom me deixou triste. 

Tony era muito bom para esse mundo, eu nunca entendi como ele conseguia sorrir tanto apesar das facadas nas costas de sua família, e ainda assim, ajudar incansavelmente seguindo como a boa pessoa que ele é. Sua áurea era contagiante. Ele merecia muito mais. 

- Quem eu quero enganar,  se esse for o caso eu vou arrumar um bom advogado para ele. - Enfiando o último pedaço de sua gororoba na boca, apoia suas mãos na cabeça. - Cara, eu estou exausto. Quando Jesus disse sobre os dias de gloria, ele deu uma data ?

- Acho que não. Mas posso perguntar a minha mãe, eu não sou religioso, ela deve saber. - Tony ri e eu o acompanho. Apoio minha mão em seu ombro. - Sei lá cara, acho que deve existir um Ser bom por ai que vai te retribuir. 

- Se esse Ser funcionar na lógica cristã eu vou pro inferno e vivo o inferno na terra. 

E quem diria eu ? Que vou levar um outro cara para foder com minha garota ? Se for assim, eu já estou condenado a tempos. 

- Eu também.  


Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora