— Cara, tu até andou de ambulância.

— Deve ter sido legal, se eu lembrasse, mas você não respondeu.

— Eu não sou muito de me machucar, sabe? Sou sempre cauteloso com esse tipo de coisa

MeiaUm escuta nossa conversa e dá um soco no ombro do Peruano e apoia seu braço sobre a cabeça dele

Esses dois se merecem.

— Suuuuper cauteloso. Nem tentou descer uma descida de bicicleta sem as mãos, passando por uma lombada, batendo no meio fio e sendo arremessado pra frente. Imagina – André falava com seu tom de ironia aparente *

— Suspeitosamente específico. – Eu disse enquanto outra enfermeira tirava o soro do meu braço, comemorando baixinho – Beleza!

— Vocês já podem ir, se começar a sentir uma tontura, é só ir na farmácia e comprar esses remédios aqui. E não se preocupem, eu traduzi abaixo a letra. – Ela me entrega uma folha que deve ser a receita, não sei direito pois não enxergava bem.

Recebemos uma piscadela seguida de uma risada baixa.

Eu finalmente voltaria para casa.

. . .

Chegamos na minha casa por volta de umas 21:00 da noite. Por mais que tenha sido um acidente, me senti um pouco culpado por ter feito o Tawan e o André se preocuparem comigo.

Depois de umas duas horas, eles dois anunciaram que precisam ir, e como agradecimento eu paguei o Uber deles de volta pra casa. Olhando pela minha janela se eles já haviam ido, me lembrei que André havia me mandado não levantar da cama.

Bom, eu não posso ficar deitado para sempre.

Me levantei e desci as escadas indo até a gaveta onde eu havia deixado o pequeno desenho que fiz do Saiko, sim, eu novamente queria me lembrar da parte estranha do sonho.

Voltei ao meu quarto, me deitei e fiquei encarando aquilo como se fosse uma foto. Claro que era só um esboço mal começado, mas pensar mais nele me fez voltar a lembrar dos meus verdadeiros sentimentos por ele.

— Não existe Gabrielly... - Murmurei pra mim mesmo enquanto colocava o desenho na escrivaninha. — NÃO EXISTE GABRIELLY!!

Peguei a primeira coisa que vi na minha frente e arremessei com tudo contra a parede. Oh...merda, era meu telefone.

O peguei do chão verificando se não havia nenhuma rachadura ou trincado na tela. Coincidentemente não tinha, e coloquei minha playlist do Spotify para tocar no fim das contas

— Por que eu não podia ter deixado as coisas mais fáceis? Admitia pra ele, e só a ele, que eu não tinha uma irmã gêmea, que Gabrielly não existia, que eu o amava desde criança, que eu nunca quis ser apenas seu melhor amigo, que...eu...

Eu travei, eu nem sabia mais do que nem de quem eu estava reclamando. No fim, eu fui apenas o egoísta que mentiu pra ele todo esse tempo, e não quis falar a verdade por medo de ele não gostar de saber que tinha um cara afim dele. O mundo é difícil, mas eu estava tornando o meu mundo mais difícil ainda. All of me continuava tocando, fazendo com que minha culpa aumentasse.

Relutantemente, olhei para o meu celular, e fiquei imaginando se eu mandava uma mensagem para ele.

Mas do que adiantaria? Explicar que os dois foram babacas mas que eu continuei sendo o mais mentiroso ainda? Por favor, parece que eu tô me vitimizando...

No fim das contas, lá estava eu, com o celular em mãos, tremendo pelo medo de enviar o dramático texto que explicava minha triste situação atual. Vou poupar vocês de lerem essa vergonha

Porém, antes que eu pudesse mandar qualquer coisa, recebo uma mensagem do próprio Rodrigo.

"Estou no portão"

Continua...

Ycaro off

(N/A: O acidente de bicicleta do Tawan é uma referência ao que aconteceu comigo mesmo. Tenho as cicatrizes nos dois joelhos, cotovelo direito, bexiga e costela até hoje. Aliás, acabei de cortar minha mão à umas horas atrás com uma faca de pão :)

Gente, eu sei que os meninos se afastaram um tempinho do Tawan por conta de um problema...mas por ser ficção, eu não vou tirar o Tawan da história, ok? Porque é para o entretenimento de vocês, não tem nada haver com a real história deles.
Melhoras número 3 :(

Obrigado por ler, se gostarem, votem. Xau •3•

01:55AM, 1253 palavras

Flores pra você •Saikaro•Where stories live. Discover now