Capítulo onze - Tobias

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Quando Tris entrou na sala de reuniões ela estava com um capuz e, por isso, não a reconheci, mas, quando suas mãos o retiraram lentamente, eu pude ver o seu rosto lindo e vivo. No exato momento em que nossos olhos se encontraram eu estremeci e meu coração ameaçou se jogar para fora do meu peito. Senti como se algo quebrado dentro de mim estivesse se consertando. Os meus sentimentos pareciam estar batalhando dentro de mim gerando um frio na barriga e um oceano em meus olhos. Eu me levantei da minha cadeira e, por cinco segundos, tive a impressão de estar em um sonho e temi acordar dele antes de beijá-la. Então corri para os seus braços e aproveitei ao máximo a ilusão de vê-la novamente. Mas quando a beijei ela mordeu os meus lábios e a dor que senti era real, apesar de gostosa.

- Você é real? - tudo em mim pedia por um sim na sua resposta, apesar de não acreditar que isso pudesse ser real.

- Sim. Eu sou real. - ela responde chorando e sorrindo ao mesmo tempo.

- Tem certeza disso? - sinto uma extrema dificuldade em acreditar e estou tão confuso quanto estive no meu teste de aptidão.

- Sim, Tobias. Sou sua Tris. Sempre fui sua e sempre serei sua. Te amo.

Não são as palavras dela que me fazem acreditar na realidade do que está acontecendo, mas sim a força que sinto fluir desse momento. Como isso pode ser verdade? Por ventura não fui eu que espalhei as suas cinzas sobre a cidade quando descia a tirolesa do edifício Hancock?

- Como você pode estar viva? - pergunta Johanna com um ar de perplexidade.

- Eu também tive muita dificuldade em acreditar, mas estou aqui. Eu estou viva. - reponde Tris ainda abraçada a mim. - A quase uma semana eu acordei com tubos na garganta em uma cama dentro de uma sala de vidro. Dois homens tiraram os tubos e me levaram para um quarto de repouso. Eu estava na sede do Departamento Nacional de Auxílio Genético. John Collins, o líder do Departamento e antigo supervisor de David, disse que meus genes eram mutantes e que poderiam ser muito úteis para a cura dos danos genéticos e, por esse motivo, Zoe e Brian roubaram o meu corpo do crematório do Departamento de Chicago e o substituíram por um corpo de um indigente da Margem me levando para o Departamento Nacional após termos apagado a memória dos cientistas do Departamento daqui. Ele me explicou que existe uma medicina de recuperação de danos, ou regeneração, que é muito cara e complexa mas que pode trazer uma pessoa morta de volta a vida, se ela estiver em bom estado de conservação. Eles usaram essa medicina em mim porque precisavam dos meus genes para acabar mais rápido com os genes danificados.

Não sei se Tris sabe que David está na sala, mas agora teremos que apagar sua memória de novo devido a informação que ela acaba de dar sobre termos apagado a memória dos cientistas. Não ligo para isso no momento, pois estou muito ocupado tentando me convencer de que tudo isso é real. Então as cinzas que derramei não eram de Tris. Isso me deixa zangado, mas não há espaço dentro de mim para isso agora, só há espaço para a alegria. Ou melhor, não há espaço nem para alegria que estou sentindo.

- Mas como você chegou aqui? - pergunta Amah para Tris que agora está ao meu lado de mãos dadas comigo.

- Zoe e Brian disseram que não estão mais em acordo com o Departamento devido às suas intenções para com Chicago. Eles não me disseram quais eram essas intenções, mas me ajudaram a forjar a minha fuga. Encontrei Peter na cidade de Nova York, onde fica o Departamento Nacional. Ele me trouxe até aqui. - eu não havia percebido que Peter estava na sala até Tris falar dele. Eu olho para ele e com um sorriso o agradeço.

Um silêncio se faz presente na sala devido ao que Tris falou sobre as intenções do Departamento a respeito de Chicago. Não podemos fazer nada. O que será de nós? Johanna expressa tristeza olhando para o chão, mas sorri discretamente ao falar com Tris: - Bem vinda de volta, Beatrice. Temos muito a fazer e você será muito útil. Afinal, graças a você, Chicago é uma cidade nova, mesmo que por um tempo indeterminado.

A reunião é encerrada e permito que as pessoas falem com Tris. Meu rosto ainda está molhado das lágrimas, mas não sinto vergonha alguma disso. Abraço Christina que também demonstra essa alegria incontrolável. Peter se despede de nós e, especialmente, de Tris, dizendo que precisa chegar logo em Milwaukee.

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Levo Tris para o meu apartamento. Quando chegamos ao prédio onde eu vivo nos encontramos com Marcus. Tris perguntou o que ele fazia aqui e eu expliquei tudo o que aconteceu. Ela ficou admirada a principio. Mas depois pareceu estar orgulhosa de mim como Christina sugeriu que ficaria quando eu decidi perdoar Marcus. Meu pai também ficou perplexo ao vê-la, mas entendeu tudo quando ela explicou. Deve ser cansativo ter que explicar isso tantas vezes e ela ainda terá que explicar isso aos nossos amigos que não sabem que ela está de volta por que ela pediu para não espalhar. Ela teme que hajam pessoas infiltradas do Departamento e do Governo em Chicago e por isso vai se manter escondida comigo por um tempo. Mas nós encontraremos nossos amigos mais tarde na antiga sede da Audácia que agora abriga a força policial. Mas ainda existem lugares não ocupados lá e é em um deles que vamos nos encontrar. Estou com a sensação de flutuar sobre as nuvens, mas algo me mantém de pé e acordado. É a realidade. Ela está viva. Ela é minha e eu sou dela.

Me sinto completo novamente. Não sou mais um fragmento, estou no controle.

AscendenteOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz