Parlamento II

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Affenis, Gauss e Louis. Esses são os nomes dos três jovens que Venceslau já havia reunido. Próximo ao Porto várias docas escondem cavernas, e em uma delas é que o Azuli construiu uma espécie de base militar. Ali os jovens tem espaço para viver e treinamento em batalha, além de estudarem com a ajuda do homem que é supostamente um maltrapilho com bons amigos.

Os três jovens pertencem a gêneros diferentes de seres, Affenis é um icarídeo (Uma espécie de anjo com as asas juntas aos braços, e não as costas) e segundo Venceslau é um dos poucos ainda vivos da raça.

Gauss é um centauro adolescente que fugiu do clã, que domina o norte de Stanis. Diferente dos centauros comuns, os da ilha são rústicos e selvagens, Gauss fou criado pelo azuli desde a infância, desenvolvendo o talento de ler as estrelas e da sabedoria superior dos centauros desenvovidos das outras Terras.

Louis é um azuli assim como Venceslau, porém não tem o braço esquerdo. O jovem assim como Gauss encontrou o maltrapilho ainda na infância, por isso o trata como um pai.

Os três conversavam frente a lareira que os dava calor em meio os ventos, mesmo que fracos, da tempestade invadiam a caverna. Gauss parou de falar e avisou que logo o mestre estaria chegando, junto com mais duas pessoas. Pelas conversas já antigas dos três amigos, parecia que a equipe de Venceslau estava finalmente formada.

Não demorou para o líder entrar na caverna e acenar com a cabeça, os três responderam com acenos e aguardaram as visitas um ao lado do outro.

O susto foi compartilhado, Emilly soltou um grito abafado quando viu o centauro e Bianca puxou uma faca, como se estivesse preparada para uma batalha até a morte. Gauss sabia que ele era o causador do constrangimento, então se colocou a frente, pigarreou e falou (o que mostrava que ele era diferente dos centauros tradicionais de Stanis).

- Ola senhoritas. Meu nome é Gauss Trumpkin. Creio que estejam me estranhando, mas não temam, sou um amigo de Venceslau.

O azuli riu do rosto das meninas e apontou para o sofá que ficava frente a lareira.

- Podem ir até lá e descansarem. Os meninos assim como vocês foram trazidos aqui por mim, são especiais também. Eles irão se deitar e deixá-las em paz, amanhã ajeitarei um quarto para as duas.

Os homens pareceram não gostar do fato de terem que se retirar da lareira mais cedo, mas não retrucaram as ordens. Eles subiram as escadas que davam acesso aos seus dormitórios. Com pequenas passagens a caverna parecia ser muito maior seguindo em direção aos seus tuneis, Bianca desconfiou que talvez Venceslau tivesse acesso a toda a cidade.

O ritual sacerdotal havia cansado as duas de sobremaneira então não tiveram problemas em dormir ali no sofá mesmo, de alguma forma elas confiavam que o azuli era uma boa pessoa.

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O dia raiou nas docas e logo cedo as duas amigas estavam acordadas, sentadas frente a lareira sem calor, esperando que Venceslau viesse explicar toda a situação. Diferente do dia anterior o olhar de Emily era mais profundo, ela parecia estar pensando no risco que foi deixar o Centro, e toda a sua família por uma causa que o V havia escolhido.

Venceslau apareceu na sala e as cumprimentou com um caloroso bom dia, sem se importarem os outros garotos também já acordados passavam vez ou outra por perto entrando em vários túneis como se aquele lugar não tivesse nunca a escassez de afazeres. O azuli começou então a explicar o porque de elas estarem ali.

- Creio que as duas sabem que o poder de Stanis hoje esta nas mãos dos Elfos de Shilandia. A minha missão que inclui vocês é bem simples, nós temos que impedir que o mais velho deles, que está escondido por trás da junta de poder consiga terminar o seu plano de dominação.

- Você fala como se os Elfos fossem demônios. Apesar de eles serem mais ricos que a maioria do Centro eles não são tão ruins quanto você pinta. - Bianca o encarou já desconfiando do porque estava ali. Emily observava tudo séria e introspectiva, sem dizer nenhuma palavra.

- Eles não são demônios, na verdade nem o líder deles é; mas o objetivo do velho Elfo é se tornar um deus.

- Impossível azuli, eu vou embora daqui, você é louco. - Quando Bianca levantou a amiga a puxou de volta para o sofá e a encarou, Emily estava no comando, ela queria escutar o que Venceslau tinha a dizer e então toda a rebeldia dos cabelos azuis de Bianca cederam.

- Vou prosseguir. - O azuli disse. - Elfos são seres da natureza, e eles fundaram as árvores gigantes do Centro, mais especificamente este velho Elfo de quem falo as plantou. Quando digo que ele pretende se tornar um deus eu tenho argumentos. O Velho descobriu uma antiga magia em que se diz que os Elfos podem se fundir a natureza. Porém o plano dele é bem mais profundo, ele pretende se tornar Stanis, ele quer se fundir a ilha, ele quer ser um gigante físico, um verdadeiro deus.

Os olhos das duas meninas se encontraram assustados, elas sabiam que isso poderia no fundo fazer sentido, e que não seria nada divertido caminhar sabendo que o chão que você pisa é parte do organismo de um grande deus Elfo.

- Nós vamos ajudá-los a vencer ele como? - Questionou Bianca.

- Com os seus poderes sacerdotais. Eu sei que o V lhes cedeu poderes naturais e que ambas estão sentindo isso nas veias. Me ajudem a formar um esquadrão contra o velho Elfo junto de meus garotos. Me deem a honra de treinar seus poderes; e depois quem sabe podemos nos tornar grandes amigos.

Emily sabia que estava diferente desde a cerimônia no Cais. Ela tinha se tornado parte da natureza que o deus V controla, ela havia ganhado poderes do V. Agora seria a hora de testá-los, coloca-los a prova. Se levantando ela passou a frente da amiga e apertou a mão de Venceslau, estava assim formada a União contra o Velho Elfo.

Os Contos das Ilhas - O ParlamentoWhere stories live. Discover now