Prologo

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Estou aguentando tudo isso por nós
Eu estou fazendo tudo isso por amor
Estou fazendo tudo isso
Eu estou fazendo tudo isso por amor ALL FOR US * labrinth

Daisy:

Abri os olhos instantaneamente.

Minha cabeça começou a rodar.
Notei que estava deitada sob a luz do luar contemplando o céu aberto.

O que estou fazendo aqui?!

Era noite e eu estava em uma floresta, ao contar pelas árvores e pinheiros enormes e imponentes, sem nenhum sinal de casas ou ruas.
Eu tremi da cabeça aos pés, não sabia se pelo frio da noite ou pelo medo de me encontrar ali, sem memória de como aquilo aconteceu. A última coisa que me lembrava foi entrar no carro do meu tio. Eu estava fugindo, finalmente.
Minha mente estava lenta, e eu me sentia como se estivesse drogada, o que tornava meu medo ainda maior. Eu odiava esse sentimento, de estar sem controle sobre meu próprio corpo. Eu odiava.

—Sinto muito garota. Não é como se eu não fizesse coisas piores antes. Muito piores.
Você não se importa da gente ter parado um pouco para eu atender uma ligação né? Eu acho que não.

Me levantei o máximo que pude da posição deitada em que me encontrava para uma sentada rigidamente em direção a voz masculina, com os olhos arregalados.

Eu não tinha percebido que não estava sozinha. Droga!

Minha cabeça parecia estar trabalhando a mil por minuto e eu sabia onde isso iria chegar se eu não me acalmasse e logo. As primeiras coisas que percebi eram : eu estava numa floresta, estava com uma fita em minha boca que me impedia de falar ou gritar por ajuda -o que não iria nem pensar no significado disso ainda ou iria perder o resto da sanidade da minha mente- e havia um homem comigo.

Senti um calafrio.

Tentei reconhecer o homem na minha frente, mas não consegui. Procurei na minha memória qualquer semelhança, se ele poderia ser um dos amigos nojentos do meu tio, mas não.

Eu nunca o tinha visto em toda minha vida, eu tinha certeza. Naquele momento, não sabia se aquilo era pior ou não.

— Tive que atender essa ligação. Eu sou um homem com uma família agora, você entende? Mas ele... ele vai foder tudo.

Ele continuou a falar, como se estivesse fazendo um discurso ensaiado.
Minha boca secou e eu tremi com a maneira que ele disse aquilo. Podia sentir o perigo naquele homem.
Ele parecia estar na casa dos quarenta anos, eu diria.
Alto, magro e com os cabelos escuros sobre os olhos, vestido de preto e couro, ele parecia como um daqueles astros do rock de uma banda.
Procurei por armas nele, algo que me machucasse caso eu corresse. Não encontrei nenhuma a vista. Nada me garantia que ele não escondia alguma por baixo das roupas escuras
ou se o tamanho dele fosse qualquer indicação, eu diria que ele é forte o bastante para me conter sem precisar delas.
Com a minha experiência, sei que seria ainda pior correr. Podia deixar ele zangado.

Era tudo tão confuso. O que estava fazendo ali?
Minhas mãos não estavam amarradas, notei, e eu as levei para meu estômago em uma tentativa de diminuir o enjoo que estava começando a se formar ali. Eu me apertei com força, internamente procurando uma maneira de fugir daquela situação. Qualquer coisa... qualquer coisa para distrair minha mente e coração do que estava por vir.

Eu estava segura. Estava de volta em uma praia deserta, com apenas minha mãe e eu. Quase podia sentir o cheiro da maresia.
Céu azul e conchinhas.
Minha mente vagueou para longe, e eu suspirei aliviada. O terror a minha frente não existia, apenas o sol e o cheiro doce de protetor solar que a minha mãe passava sobre meus braços.
Novamente, eu estava longe. Logo logo, isso tudo iria passar. O que fosse acontecer comigo, eu não estaria mais ali. Estaria longe. Muito longe.

—Eu espero que você dê mais sorte que as outras — a voz masculina se intrometeu em meu lugar feliz, e eu estava pronta para silencia-la.

O que, outras? Isso levantou um alerta vermelho em minha atenção, e eu pisquei repetidamente para clarear minha visão e quebrar minha ilusão, procurando prestar atenção no que ele estava dizendo. A praia desaparece e eu voltei para a realidade. Não estava com minha mãe, e não havia sol brilhante. Em vez disso, estava novamente  com o desconhecido.

Ele sorriu, parecendo satisfeito. Não sabia por que mas ver ele sorrindo me trouxe ainda mais medo do que quando ele estava sério. O sorriso dele não parecia... certo. Era maligno e assustador.

— Sim,eu posso ver em seus olhos que você é diferente das outras. Yeah, você tem a centelha de sobrevivência que as outras não tinham.
Você é a última chance,garota. Faça ele gostar de você. Ensine a ele a ser como você ou ele vai te matar.

Ofeguei como se todo o ar dos meus pulmões tivessem desaparecido, sobre a fita que prendia minha boca.
Matar? Quem iria me matar?
Ele disse para eu ensinar... alguém a ser como eu?As palavras não faziam nenhum sentido, nem a maneira como ele as disse, como se estivesse me aconselhando para me ajudar, uma vez que a situação era totalmente o reverso, e ele era o perigo para mim. Ou será que não era?

Eu só queria gritar para que ele me soltasse e que fosse para o inferno, mas a fita em minha boca me impediu de sair com algum som audível além de grasnidos abafados patéticos.

Eu gemi, apertando os olhos fechados. Eu só queria que isso desaparecesse. Eu havia conseguido! Eu havia me livrado do meu tio! Eu estava finalmente livre, apenas para ser levada por outro homem.
Por que eu não poderia ser livre?

Com os olhos fechados, tudo podia desaparecer...

— Uma dica: eu não gritaria se fosse você. Ele não gosta disso.

Abri os olhos, e o encarei com raiva de suas falas enigmáticas. Eu não entendia nada disso e minha cabeça doía a ponto de explodir.

Quem?! Quem merda é "ele"?  Eu queria gritar.

— Meu filho, garota.— Ele respondeu, como se lesse meus pensamentos.

Arregalei os olhos.

Ele se aproximou com passos lentos, e eu tentei me arrastar sobre a grama, numa tentativa fraca de me afastar dele. Era uma reação automática, eu sabia que não tinha nenhuma chance. Quando os braços dele envolveram meu pescoço em um aperto esmagador, eu debati minhas pernas e braços com toda a força do meu corpo, desesperadamente.
A pressão na minha cabeça era simplesmente demais. Eu não podia aguentar isso. Essa dor na cabeça era algo que eu nunca imaginei existir, era inexplicável.
Em um pico de adrenalina, eu segurei os braços dele envoltos de mim, batendo e arranhando com as unhas.
Ele não soltou, ele nem mesmo se moveu.
Pontos pretos dançaram em minha visão, e eu senti lágrimas quentes borrando a vista.
Meu pulmão queimava como se estivesse em brasa viva, não havia mais ar para puxar, não havia nada.

Não, não, não, não, não podia ser assim que eu iria acabar. Depois de tudo que eu passei, não poderia ser assim.

Antes de apagar, ele sussurrou em meu ouvido.

— Está na hora de você conhecê-lo.


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Continuo? 👁👄👁

O filho de Jeff the killerWhere stories live. Discover now