Capítulo 21

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Meu tio atendeu a porta rapidamente e nem olhei para a cara dele quando entrei para o que era minha casa também, pelo menos por mais alguns meses.

Não sei quando meu pai volta de viajem e por mais que eu não queria de maneira alguma voltar com ele para a casa, eu posso ser obrigada. Era esse outro fator que eu teria que pensar sobre também.

— Onde ela está? — perguntei nervosa.

— Megan.

— Me diga onde caralhos minha mãe está. — gritei.

— Eu não sei, Megan. Ele não me contou, mas eu posso te ajudar a descobrir.

— Por que escondeu isso de mim?

— Eu não tinha o direito de contar.

— Mas que porra, — eu ri — eu pensei que minha mãe estivesse morta enquanto na verdade ela estava internada porque o imbecil do meu pai acha que pode controlar a vida das pessoas, não acho que isso tenha haver com direito.

— Eu entendo. Você está certa, também. Não tenho nenhuma justificativa, mas eu pensei que você estava indo bem e não queria ter de contar algo assim para você.

— Por que ele mentiu sobre ela ter morrido?

— Eu não sei. Só sei que ele mentiu porque escutei ele falando sobre isso com alguém e fui tirar satisfação.

— Ele é um monstro. — praguejei.

— Ele é. — meu tio concorda — Sinto muito por não ter te contado isso antes, mas você precisa saber que te ajudarei no que for preciso agora, para você encontrar ela e tirar ela de lá.

— Eu aviso se precisar da sua ajuda. Vou para o dojô amanhã.

Me tranquei em meu quarto e passei a madrugada inteira pesquisando por hospitais psiquiátricos da região. Encontrei quatro apenas, o que é bom, ela estaria em um desses então não precisaria procurar por tanto tempo, porque meu pai não internaria ela longe, certo? Se não, não faria sentindo ter saído da cidade.

Anotei o nome de todos eles nas notas de meu celular, anotei suas cidades e bairros e também horários de funcionamento. Não sabia ao certo o que fazer para descobrir se ela estava em algum desses hospitais, já que eles não passam informações para menores de idade, mas eu daria um jeito, não precisaria da ajuda do meu tio.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para meu primo, não queria eu ser a primeira a ir atrás, mas a vontade de ver minha mãe era maior que meu orgulho.

Megan: preciso de você, urgente! sei que não estamos bem mas você é o único que pode ajudar. ou me apoiar, tanto faz. descobri algo horrível, a gente pode se encontrar daqui meia hora na praça em que tomamos sorvete no dia do torneio?

Megan: obs: não é nada com Miguel, com seu pai talvez.

Era exatamente quatro horas da manhã, os treinos começariam às oito, provavelmente teria um tempo para dormir, ou não, mas tanto faz, quando eu encontrar mamãe poderei dormir tranquilamente.

Estava na praça no horário combinado - por mim -, estava escuro e eu estava sozinha, com medo de alguém aparecer e tentar alguma coisa, mas eu precisava esperar. Robby estava dez minutos atrasado e eu estava surtando, pensando que provavelmente ele nem viria, mas eu queria acreditar que sim. Robby viria por mim, certo? Apesar das nossas discussões tolas.

Estava me virando para ir embora quando vi ele se aproximar, um capuz sobre a cabeça e em passos lentos e assustados, ele acha que vamos roubar um banco?

Soulmate • Miguel Diaz Kde žijí příběhy. Začni objevovat