1- como tudo começou

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-Droga, poderia ter sido o começo de uma ótima história.

O gato esse que decidi que iria chamá-lo de Wilson (era um nome chique que gostava) não iria me fazer desistir tão cedo. Comecei a andar na direção que vi Wilson passar pela última vez, não era possível que tinha ido tão longe. Vi sua silhueta ao longe e me coloquei a correr pelas ruas praticamente vazias, ele estava em cima de um muro residencial subindo uma ladeira, meu espírito de sedentária não iria aguentar mas não tinha o que fazer, já estava nessa de cabeça. Chegamos em uma espécie de bairro mais chique onde o gato passava provocando os cachorros das casas. Talvez ele não fosse a reencarnação de um espírito tão bom assim.

O perdi quando Wilson entrou na que provavelmente era sua casa, olhei ao redor e comecei a pensar.

-Onde é que eu tô? -me questionei baixo.

Consegui ver uma loja de artefatos antigos, ela era feita de tijolos e tinha um toldo vermelho entre as duas janelas laterais. A porta de uma madeira mais escura e com uma janela na frente a deixava muito charmosa, e os vasos de planta envolta também. Aproveitei que estava aberta e adentrei.

-Bom dia -respondeu uma senhora saindo de trás do balcão onde estava junto com um garoto que não consegui ver muito bem já que estava agachado. Seus óculos redondos e o avental branco por cima do vestido a fazia parecer que tinha saído de um filme.

-Bom dia, senhora Amélia -respondi lendo seu crachá.

A loja que parecia ser charmosa quando olhada pelo lado de fora, era ainda mais espetacular por dentro. Havia um sofá que parecia ter saído de um castelo. Uma casa de bonecas que poderia servir como uma casa para fadas. E um imenso quadro, colorido e que nos olhos das pessoas haviam pedras que refletiam cores intensas. Eu estava totalmente perdida naqueles olhos.

-Gostou da obra? -perguntou Amélia ao meu lado.

-É simplesmente esplêndida -respondi sorrindo.

-Eu que fiz -disse e eu provavelmente fiz uma expressão de surpresa já que a mesma soltou um riso baixo -Quando voltei do meu curso de artes em Paris!

-Que incrível! eu também faço curso de artes na faculdade, pretendo me especializar na Itália!

-É uma ótima escolha querida, a Itália possui cursos magníficos. Caso pretenda ir mesmo, possuo alguns conhecidos que podem te ajudar.

-Seria incrível, muito obrigada Amélia -disse e senti que estava esquecendo algo -Ah! sou (s/n).

-É um lindo nome, pode me chamar de Meli -respondeu enquanto apertávamos nossas mãos -meus amigos próximos me chamam assim e tenho certeza que seremos ótimas amigas.

-Com certeza seremos!

Fomos tiradas desse momento que na minha opinião estava extremamente fofo, quando meu celular começou a tocar. Esqueci do jantar.

-Onde você está?! -exclamou meu irmão.

-Eu me perdi! Vim parar em uma loja de artefatos incríveis e me distraí, esqueci do jantar -respondi envergonhada por Amélia estar me observando divertida.

-Mamãe disse que você não está muito longe, disse que quando se está na frente da loja, deve virar à esquerda e descer a rua. Aí é só procurar o número.

-Estou indo então -respondi e desliguei -Desculpe senhora Amélia mas tenho que ir! Sua loja é espetacular, espero conseguir vir mais vezes.

-Por favor querida venha sim! A loja sempre estará aberta para te receber -respondeu e nos despedimos.

Virei a esquerda e comecei a descer a rua, a descoberta de hoje havia me deixado inspirada. Consegui encontrar o número da casa dos meus pais e todos já estavam la.

-Finalmente -exclamou meu pai vindo me abraçar -achei que não iria chegar nunca.

-Essas suas aventuras ainda irão nos dar muita dor de cabeça (s/n) -disse minha mãe vindo me cumprimentar.

-Eu to bem gente, a aventura de hoje com certeza foi uma das melhores -exclamei fazendo um "toca aí" com meus dois irmãos e suas acompanhantes, era triste ser a única solteira -a loja da senhora Amélia é incrível!

-Nunca consegui entrar lá -disse minha mãe -sempre que passei estava fechada.

-Então eu sou uma garota de muita sorte -respondi os fazendo rir -tanta sorte que encontrei o vovô Yuki na biblioteca em que frequento -disse em um tom mais baixo mas mesmo assim atrai a atenção de todos.

-Não deveria falar com ele (s/n).

-E por que não pai? por que uma briga teve que o afastar de todos nós?

-Ele errou, disse coisas horríveis como se não nos importássemos com ele -respondeu cabisbaixo enquanto se estava na mesa -nós erramos também em dizer que a biblioteca era algo idiota em que ninguém iria querer assumir. Mas se continuar falando com ele, provavelmente dará esperanças que um dia cuidará da biblioteca.

O silêncio estava instalado, todos tinham suas profissões e realmente seria difícil manter uma biblioteca. Mas parecia ser importante para Yuki e provavelmente essa falta de interesse dos próprios filhos o magoou ainda mais. O fato dele não querer que alguém que não fosse da família cuidasse de seu bem maior complicava muito as coisas, mas tinha certeza de que isso não devia o tirar de perto da sua família.

O resto do jantar se ocorreu bem, conseguimos mudar de assuntos e a comida ótima de minha mãe ajudava. Peguei um ônibus e consegui chegar em casa em um bom horário, talvez se tivesse ido de carro teria me rendido bons minutos mais cedo, mas de metrô era mais divertido e certo de se encontrar histórias.

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continuo?
obrigada a todos que leram até aqui! se quiserem comentar ou favoritar me fará muito feliz!

O fio que nos ligava - LeitoraXTsukishimaWhere stories live. Discover now